quarta-feira, 15 de abril de 2009

Reserva Indígena? Emancipação já.

Braz Melo (*)
Lendo um artigo do Advogado Wilson Matos da Silva, sobre as dificuldades da reserva indígena de Dourados, que ele como índio sofre na pele, reparei quando ele diz que ali não é reserva indígena e sim um “coloniamento de índios”.
Reserva ou ‘Coloniamento”, como previu o decreto estadual 401 que separou 3.600 hectares para esse “coloniamento”, de um total de 36.000 hectares do patrimônio de Dourados. Dez por cento de todo o patrimônio.
Eram poucos índios e com isso permitiu três etnias distintas e culturalmente diferentes se instalarem nesse local. Foi o inicio do problema.
Isso foi em 1.915. Aqui era só um patrimônio de Ponta Porã. E deu-se o nome de Francisco Horta.
O patrimônio virou distrito e em 1935 se tornou município. Cresceu em população e área territorial. E a aldeia só cresceu em população.
Hoje a história é outra. São perto de 12.000 pessoas nos mesmos 3.600 hectares. E claro com dificuldades diversas em relação há quase cem anos atrás. É a aldeia com maior população do Brasil.
Quando conheci a Reserva, era proibido até entrar sem permissão das autoridades.
Digo isso, pois deixei diversas obras, inclusive com recursos próprios ali, como o CEU da Reserva, o posto de saúde, a sala de cirurgias do hospital da Missão, abastecimento d água em convênio com a Funasa e outras obras e serviços.
Lembro que quando inauguramos o CEU, escolhemos profissionais índios para trabalharem como professores e funcionários. Até o diretor era índio. Foi uma das primeiras escolas a lecionar bilíngüe, português e guarani.
No posto de saúde até os enfermeiros eram índios. Como não tinha médico índio convidamos uma nissei, Dra. Alice Kozorovisck, pela aparência e pela sua boa vontade para ser a médica do posto de saúde. Eles a adoravam.
No primeiro dia de aula no CEU, quando chegou o ônibus que buscava os alunos, onde esperávamos 40 alunos vieram uns 200. Índio vai onde os filhos vão. Por isso lá não precisa de creches. O pneu do ônibus quase estourou de tanto peso.
Fui até a reserva esta semana e verifiquei que os governos estão executando diversas obras ali. Outra escola de 10 salas de aula, um centro esportivo e outras obras importantes.
E com uma população maior do que 33 municípios de Mato Grosso do Sul, está preparada a se emancipar. Tem mais população do que Douradina, Juti, Vicentina, Laguna Carapã, Gloria de Dourados, Nova Alvorada do Sul e outros municípios de nossa região. Mais que outros lugares que com uma população bem menor e infra estrutura pior, querem e tem apoio dos deputados.
Acredito que é hora de ajudarmos a emanciparmos a Reserva Indígena de Dourados. Isso mesmo, a reserva Indígena de Dourados virar município. Guateca ou Jaguariru são nomes apropriados.
Já tem hospital, posto de saúde, escolas, profissionais com conhecimentos diversos, enfim lideres para tomar decisões.
Claro que esbarra em alguns itens não previstos na constituição, porém tenho certeza que estaremos dando um passo largo para a solução do atrito entre os índios e os fazendeiros em outros lugares.
Emancipação dos índios? Conheço muito prefeito menos emancipado psicológicamente que a maioria dos índios guatecas.
Um dos itens é a obrigatoriedade da distancia de dez quilômetros da sede anterior. E as cidades da Grande São Paulo? Santo André, São Bernardo e Diadema são interligados a capital. Assim também é no Grande Rio de Janeiro, Grande Vitoria e outras tantas. Política é para isso. Resolver as pendências.
A terra continua sendo da união, pois não pode ser vendida.
Com a palavra os políticos com mandatos, principalmente o Deputado Federal Geraldo Resende, pois nesse caso teremos problemas para resolver junto à área federal, o Deputado Estadual José Teixeira, pois é a assembléia que aprova novos municípios, o Prefeito Ari e Vereadores. É hora de fazer história.
E o município de Dourados não perde nada, pois já está no índice maior dos fundos.
E vamos ter novos vereadores, prefeito e vice da própria comunidade, que em vez de fecharem as rodovias para reclamarem, estarão revestidos de poder para ir até ao Governador e Presidente da Republica defenderem seus direitos.

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