quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Senador de Dourados

Braz Melo (*)
Quando eu vejo o interesse de muitos querendo que Dourados tenha um Senador, lembro quando, no meio da década de 1970, reuníamos na Caneca e falávamos sobre isso. Caneca era um bar e restaurante na Marcelino, onde reuniam jornalistas, engenheiros, médicos e empresários que trocavam idéias e sonhavam com coisas boas para nossa cidade e região. Entre uma caipirinha e outra sonhávamos com uma Dourados melhor. Idéias e projetos não faltavam. Nós chamávamos aquele local de Senado.
Existiram e ainda existem outros tantos em nossa cidade. Os mais antigos lembram-se da Cantina da Mama onde João Beltran, Adão Sacadura, Luiz Carlos de Matos, Ajuricaba, Alfonso e outros faziam ponto quase toda tarde.
Outro local que serviu como Senado foi no Mario Eto, mercearia ali da Nelson de Araujo. Lá se reuniam Erasmo e Edson Melo Rocha, Fredis Saldivar, Milton José de Paula, Djalma Bianchi, Joel Piccini, eu e outros que em pé ao lado dos sacos de mantimentos, tomando aperitivos, resolvíamos problemas que os governantes suavam para solucionar.
Teve também o Minas Gerais, no terceiro plano, que ninguém escapava das idéias e soluções do Vitamina, Tucho, Fernando Lammers, Egon Simm, Leonildo e outros. Depois foram fazer ponto no Rigo´s.
Hoje tem o Senado da Gaúcha que à tardinha é bem concorrido.
De manhã cedo ninguém vai trabalhar antes de passar no Taty´s Lanches. Tem as ultimas do dia anterior. Um pouco mais tarde é hora de dar uma passada no escritório do Ezequias Freire. Lá, além de botar o papo em dia, sempre se come uma melancia de brinde. Sempre estão lá o Antonio Freire, o Miguel, o Fidelis, o Frederico, o Anísio e outros.
Em 1982 José Elias foi candidato a Governador e por pouco perdia a eleição aqui. Foi uma vergonha para nós, douradenses. Até aí ninguém se preocupava com a Grande Dourados.
Em 1986 conseguimos lançar Totó como candidato a Senador e ele deu susto na classe política do estado, tendo mais de 100 mil votos. Foi indicado para o Tribunal de Contas do Estado, pois com a eleição, tínhamos criado um líder douradense que poderia incomodar os políticos da capital se continuasse na vida publica.
Os políticos de Campo Grande nunca mais deixaram nenhuma liderança aparecer por estas bandas. Quem aparecia, ou era obrigado a mudar para Campo Grande ou era atropelado politicamente.
Veja o caso do Egon Krakhecke, que saindo candidato ao Senado pelo PT na ultima eleição, teve mais voto que o candidato a Governador da mesma sigla, o Delcidio do Amaral. Não é o normal. Logo arrumaram um serviço para ele em Brasília. Prêmio ou afastamento do cenário político estadual?
Acredito ser a hora de nossa região voltar a fazer um trabalho para que Dourados volte a ter representação forte, não só legislativa, mas também executiva. Claro que vamos ter dificuldades em juntar os cacos, e não creio que teremos sucesso na primeira vez que tentarmos, porém em política o tempo passa rápido. E as cicatrizes não são nada para quem está condenado a morte.
Sempre disse que nós só cresceríamos com um Senador, como aconteceu com toda segunda cidade dos estados brasileiros. Londrina teve o José Richa como Senador e nunca mais o norte do Paraná deixou de ter representante no Senado Federal.
Campinas teve o Quercia, Rondonópolis em Mato Grosso teve Carlos Bezerra, Parnaíba no Piauí tem o Mão Santa, Campina Grande na Paraiba, os Cunha Lima. Isso é verdadeiro e normal. E todos depois viraram Governador.
Hoje penso um pouco diferente. Dourados não precisa de só um Senador. Precisamos juntamente com Ponta Porã, Naviraí, Ivinhema, Nova Andradina e toda a região é de um candidato a Governador, de um Senador e mais Deputados Federais e Estaduais. Chapa inteira. E se eles não gostarem, vamos dividir o estado novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário