quinta-feira, 2 de abril de 2009

LOCUTORES DOS ANOS SESSENTA

Isaac Duarte de Barros Junior *
No primeiro número deste jornal, que nasceu há muitos anos, no dia 21 de abril de 1951, ele trouxe estampada em sua primeira página, a notícia do surgimento inaugural para breve, da futura ZYX-23 a primeira emissora de radiodifusão douradense. A rádio clube de Dourados na freqüência das ondas médias e o acontecimento importante anunciado pelo Dr. Weimar G. Torres, se concretizou. Sendo liberada pelo Ministério das Comunicações, o prédio para funcionar a rádio clube, foi inaugurado pelos irmãos Brunini, na esquina da Rua Paraná (Joaquim Teixeira Alves) com a Rua Maranhão (Nelson de Araújo), em um prédio alugado da CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados) hoje demolido. O locutor que inaugurou os microfones como primeiro speaker radiofônico, foi o jovem Sócrates Câmara, o qual, muitos anos depois seria eleito prefeito da cidade de Fátima do Sul.
Não transcorreu muito tempo, outro douradense nato, o locutor Sultan Rasslan, passou a fazer parte integrante da equipe gerenciada pelo radialista Edmundo Linatto Ribeiro. Este, sendo um rapaz solteiro bem afeiçoado e tendo vindo de outra região, acabou se casando com uma douradense, ela era filha do corretor Alcides Bilherbeque. O moço Sultan, excelente profissional, tornou-se mais tarde vereador e deputado estadual constituinte por Mato Grosso do Sul, atualmente aposentou-se da carreira política. Dois funcionários de excelente dicção, apresentadores do jornal falado da Rádio Clube, também marcaram época na radiofonia. Eles foram os radialistas Germano Dancigüer e Massao Tadano, o primeiro foi embora para a Bahia com a família e o segundo mudou de residência para o norte do estado e tornou-se deputado, eleito por duas vezes para Câmara Federal.
Por esse local de notícias e entretenimento douradense, passou também um moço de nome João Franco, considerado naquele tempo, uma das mais belas vozes do interior da alta sorocabana, e foi um dos inúmeros locutores contratados pela rádio clube de Dourados, através do então proprietário, jornalista Jorge Antonio Salomão. Gaúcho de nascimento, combativo no temperamento, o polemico Jorge Antonio Salomão se elegeu no final dos anos sessenta, prefeito de Dourados. Mas antes disso, logo após comprar essa tradicional emissora de rádio, o “turco” a transferiu para o edifício Santa Rita, na Avenida Presidente Vargas e dali para a Rua Ciro Melo, em sede própria. Com profundo conhecimento da profissão de radialista, o jornalista Jorge Antonio, na sua gestão, selecionava rigorosamente os seus funcionários. Foi agindo assim, que o velho contratou o radialista Gilberto Orlando, da cidade de Indiana no interior paulista, para ser locutor e seu diretor comercial. O “tucano” tem agora a mesma última mencionada função, em um conceituado jornal local.
Nos anos sessenta, também trabalharam como locutores na Rádio Clube de Dourados, os radialistas Cícero da Conceição, Percival S. de Assis, Roberto Pompeu, Elias de Oliveira, Leonel Machado, Marco Antonio Cunha, inclusive o Luiz Antonio M. Bussuan, ex-secretário da saúde (nos dias atuais um dos melhores cirurgiões vasculares do estado). Posteriormente, como radialistas de uma geração mais recente de locutores da rádio clube de Dourados, destacamos o jornalista Valfrido Silva e o advogado empresário Marçal Filho, que já foi deputado federal por duas vezes e é proprietário atualmente de uma emissora de rádio FM.
Outro locutor bem sucedido politicamente, da rádio clube de Dourados, é o radialista Albino Mendes, que se formou em direito, e foi vereador presidente da Câmara Municipal de Dourados. Esse locutor culminou a sua ascensão social política, se elegendo vice-prefeito da cidade de Dourados. Nessa onda nostálgica radiofônica, não podem ser esquecidos ou omitidos, os nomes das locutoras Rosemeire Frazão, que foi a primeira mulher a falar nos microfones da rádio clube, nos anos sessenta. Como também das destacadas profissionais da comunicação, as radialistas Laura Marcia e a Beth Salomão, esta última, herdeira das grandes qualidades do seu falecido pai.
Muitos locutores fantásticos passaram rapidamente pelos estúdios dessa emissora de rádio douradense, que serviu de lazer e informação, para a população de nossa vasta região. Nesse tempo, que agora estou recordando saudosamente, relacionando os nomes de locutores vivos e mortos, não havia a concorrência da televisão e nem existiam outras emissoras competindo com a Rádio Clube pela audiência, pois ela era simplesmente a única e monopolizava. As moçoilas, principalmente da zona rural, escreviam centenas de cartas apaixonadas para os locutores da rádio e o sucesso musical das paradas era ditado pelos disque-jóqueis, responsáveis pela programação, que era datilografada numa velha máquina remington, por um moço evangélico corretíssimo de nome Matheus Gnutzman.
Foi esse passado recente para alguns e distante para outros, a era do rádio douradense. E a rádio clube de Dourados, deixou marcas nas lembranças inesquecíveis de muitos. Nessa época, os radialistas eram amados por uns e odiados por outros, mas deixaram e deram a sua contribuição para os meios de comunicação. Eu sei que era e foi assim essa a melhor fase da rádio clube, nossa primeira emissora local, porque nos anos sessenta, eu estive lá como mais um desses locutores contratados...

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