quinta-feira, 2 de abril de 2009

As eleições de 1982

Braz Melo (*)

As eleições de 1982 foram uma das mais importantes dos últimos tempos, pois além de ser a ultima do regime militar, foi a maior de todas as eleições. Naquele ano teve eleição de Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Prefeito e Vereador.
Aqui em Mato Grosso do Sul ainda tinha uma importância a mais, pois iria eleger o seu primeiro Governador.
As movimentações políticas começaram bem antes. Em Dourados iniciaram dois anos antes.
Aqui na época, tinham duas correntes fortes. O prefeito José Elias Moreira, companheiro do governador Pedro Pedrossian tinha ganho a eleição de prefeito do grupo adversário em 1976. O ex- prefeito João Totó Câmara tinha apoiado o seu vice, Lauro Machado que perdeu a eleição, e era o outro grupo forte. Quando viu o que estava sendo armado, Totó resolveu sair do PDS e entrar no PMDB.
O Governador nos chamou e através do Chefe da Casa Civil, nos ofereceu a sublegenda do PDS 2. Reunimos o grupo inteiro e, depois de muito tentar remover o Totó da idéia de sair do partido e não conseguindo, resolveu-se, pela grande maioria presente, aceitar a proposta do Governador.
Tínhamos, juntos com o Totó, preparado uma chapa de candidatos a vereador bem forte, e conseguimos manter a maioria deles. Para vice-prefeito fomos atrás de alguém que tivesse um perfil popular e escolhemos o construtor Fredis Saldivar, que além de ser também do antigo grupo do Totó, era de família paraguaia, a maior colônia de nossa cidade.
Fredis era uma pessoa especial. Conversando outro dia com o Dr. Dantas sobre futebol douradense, ele me lembrou que o Operário Futebol Clube, clube de raízes populares de nossa cidade, cresceu pela influencia e com o status do Fredis. E acabou depois que ele morreu.
Durante a campanha tivemos alguns casos pitorescos, como uma reunião abaixo da Vila Rosa, onde hoje é Vila Hiran de Matos. Não tinha energia e perguntado sobre algum problema ele sapecou a resposta: “Isso é mesmo que bater em índio. Não dá em nada”. Quando conseguimos enxergar melhor pudemos ver que a maioria na reunião eram índios. Perdemos todos os votos dalí.
No fim da campanha ele estava tão animado em ganhar a eleição, que dizia para mim que ganharíamos a eleição até sem os votos dos corintianos.
Quando da escolha do candidato a Governador, Pedro indicou o José Elias e pela primeira vez, na política, tive arrependimento de não ter um chefe, ter alguém para resolver o problema para nós. Dividi o peso da responsabilidade com o diretório ligado a mim.
Pedro me chamou e, com medo de eu arrepiar daquele projeto, me convidou para ir junto com ele na convenção do partido. Fui junto e o José Elias prometeu igualdade na eleição de prefeito.
Apesar de ser adversário aqui, apoiamos o José Elias para o governo por ser de Dourados.
O nosso candidato ao senado era o Italivio Coelho. Para Deputado Federal apoiamos o Saulo Queiroz, que não morava em Mato Grosso do Sul, e que muito bem relacionado em Brasília, já tinha sido Secretário de Estado e teve de mudar para Dourados, pois só o apoiávamos nessas condições.
O Deputado Estadual nosso era o Roberto Djalma. Vereador aguerrido, intrépido (Como dizia o Professor Celso Amaral) e que tinha vivido política desde criança, acompanhando seu pai, Moacir Djalma Barros, famoso escudeiro de Totó.
José Elias perdeu por 20 mil votos no Estado para Dr. Wilson Martins. Marcelo Miranda ganhou para o Senado.
Perdemos a eleição para o Luiz Antonio.
Só os nossos Deputados ganharam. Foi o ano da mudança geral. Todos queriam votar na oposição, que acabou fazendo a grande maioria dos governadores.

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