segunda-feira, 29 de junho de 2009

LA CHIQUITITA...

Isaac Duarte de Barros Junior *

No interior do meu velho Mato Grosso, nas cidades de pequeno porte, como foram estas plagas douradenses no começo dos anos sessenta, já expandia-nos em todos os setores. Apesar disso, as nossas promissoras raízes desenvolvimentistas ainda dependiam exclusivamente das riquezas extraídas do campo. Através da monocultura, em propriedades mais prósperas, não faltava o trabalho honesto para um agregado sustentar seus familiares. Esse crescimento tornava-se irreversível, na medida em que aumentava o volume dos profissionais liberais se fixando na condição de residentes.
Enquanto isso acontecia, imediatamente, para confirmarem as suas intenções de que iam permanecer morando na comunidade, seus filhos eram matriculados nas nossas escolas públicas como o Grupo Escolar Joaquim Murtinho, ou nas particulares como o Erasmo Braga, dos presbiterianos, o Patronato de Menores das freiras franciscanas e na Princesa Isabel, do batista professor Lins. Nesse tempo, o então jovem deputado estadual Weimar G. Torres, não media esforços criando na Assembléia Legislativa em Cuiabá, meios para aumentar o maior número possível de escolas estaduais em Dourados. Esse procedimento do parlamentar, voltado exaustivamente para a educação, resultava por sempre haver muitas vagas escolares para os estudantes que quisessem adquirir maior cultura.
Sem variadas distrações, os donos de circos viveram o seu apogeu preferencial, como foi o caso do palhaço pastachuta. Nele, seus artistas se apresentavam esporadicamente num quarteirão devidamente alugado, onde montavam alambrados e erguiam uma imensa lona. Costumeiramente, esses nômades saltimbancos perambulavam pelas pequenas cidades, atraindo um grande público. Os freqüentadores mais abastados, geralmente assistiam aos espetáculos circenses confortavelmente acomodados em camarotes, ou nas cadeiras numeradas. Porém, a maioria da platéia presente, se acomodava nas populares arquibancadas. Nesse ínterim, os garotos vendedores de pipoca e pirulitos, aproveitavam à multidão ali reunida para venderem as suas iguarias. A freguesia ocasional, não dispensava os deliciosos sorvetes e os gelados picolés, oferecidos em carrinhos ambulantes.
O cine Santa Rita, único cinema da cidade, de propriedade do empresário Austrilio Ferreira de Souza, era a outra opção noturna permanente dos finais de semana. Esse cinema, exibia filmes em preto e branco, que vinham locados direto da cidade paulista de Botucatú, antes dos irmãos Rosa inaugurarem o cine ouro verde como seu moderno concorrente. No palco desse cine teatro, se apresentaram muitos valores musicais em festivais populares da canção no final dos anos sessenta e essas apresentações de calouros, eram transmitidas pela rádio clube.
Até as atividades anuais do Tribunal do Júri, era um outro local douradense, que atraia os nossos curiosos moradores nos anos sessenta. Esse plenário ficava geralmente lotado de homens e mulheres maiores de dezoito anos, todos querendo saber qual o resultado e o destino do réu em julgamento. Alguns ouviam atentos os debates. Outros, mais afoitos, aplaudiam os acalorados embates entre acusação e defesa, provocando a imediata irritação do Magistrado Ítalo Gioardano Netto, que tinha o estopim bem curto. Quem mais se destacou no plenário forense, nessa década impressionante de mudanças políticas e sociais, foi sem dúvida o jovem advogado criminalista Altair da Costa Dantas. Todavia, uma alternativa de lazer nas noites douradenses, muito procurada pelos moços da época, eram os mal iluminados salões de bilhar, como foi o de sinuca do Arce. Sendo que o mais freqüentado de todos eles, funcionava na esquina da Avenida Marcelino Pires, confluência com a Rua Goiás (atual João Rosa Góes).
Familiares, como os do comerciante Osvaldo Volf, se sobressaiam por serem altos e loiros, sendo curiosamente observados pelos populares por onde passavam devido as características germânicas os diferenciar dos demais moradores. Em assuntos políticos, a ordeira população urbana e rural só se envolvia na época destinada as eleições. Os nossos eleitores caboclos, escolhiam as melhores propostas dos candidatos, nunca as siglas partidárias. As casas, a maioria prédios de madeira cerrada, pintadas com tinta a óleo, davam um colorido acolhedor. E essas propriedades foram erguidas, sem que os seus proprietários derrubassem as árvores centenárias nascidas nos velhos quintais.
Mas quem deu a descrição urbana mais singela e inesquecível dessa Dourados antiga, foi o saudoso barbeiro paraguaio Chamorro. Embora vivesse em território brasileiro há muitos anos, falava sempre em portunhol com sotaque. O velho pioneiro costuma dizer: Eu vivo em una cidade, que sú pueblo es trabalhador e nel futuro quem vivir vá vêr, mi chiquitita cidade será grande, hay solo que saber esperar...
* advogado criminalista,jornalista.
e-mail : isane_isane@hotmail.com

sábado, 27 de junho de 2009

"O PT e o primeiro conflito no Colégio Eleitoral"

Tibiriça
27/06/2009 - 10:11 h

O Partido dos Trabalhadores havia decidido não participar da votação no Colégio Eleitoral em 1985, quando os ex-deputados, Aírton Soares (SP), Bete Mendes (SP) e José Eudes (RJ) foram os primeiros na história do PT a ter problemas por discordar da orientação partidária. Deixaram o partido em 1985, sob pressão por terem votado em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, que compôs a chapa com José Sarney. O senador Sarney, hoje é o homem de confiança do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que fez questão de tê-lo como presidente do Senado, preterindo até o candidato senador do seu partido do Acre, o médico Tião Viana, para manter a tal governabilidade.
Airton Soares, Bete Mendes e José Eudes, o primeiro foi para o PDT, o segundo e terceiro foram para o PMDB, não sei se tiveram sucesso, parece que a Bete Mendes casou-se com o deputado do MDB, o campograndense, ex-deputado federal, Antonio Carlos de Oliveira, do qual o presidente honorário do PDT de Dourados, Dr Ramão Perez que aniversaria nesse sábado, dia 27, meus parabéns. O DR Ramão Perez foi seu suplente em 1978, obtendo com meu voto, mais de 14.600 votos conscientes em dobradinha com o combativo Valter Pereira de Oliveira - MDB que se elegeu deputado estadual e hoje cumpre com respeitabilidade o mandato de Senador da República.
A deputada federal Luiza Erundina (PSB), na época em que era petista, participou das caravanas do candidato Lula e esteve aqui com ele e saboreou vários espetinhos no jantar do partido, em companhia dos poucos filiados e alguns simpatizantes no salão da Igreja Bom Jesus, no Flórida I, depois de ter participado de um movimento partidário em frente à praça Antonio João em Dourados, onde estava também o prefeito de Diadema.
Falando em Praça Antonio João, alguém de fora ao passar em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora Imaculada Conceição, imaginou que a praça também levava o seu nome, como em São Paulo, cuja praça da Sé leva o nome da Igreja. Ele não viu o patrono da praça que está abandonado na esquina da Avenida Marcelino Pires e Presidente Vargas, juntamente com o colono nordestino que ajudou a construir a região.
Distante da praça a cerca de 150 metros está o Museu de Dourados e quero comunicar àqueles que gostam de história que fiz a doação em 2008, qunado me acompanharam os meus amigos fiscais do do Procon, Wilson Garcete e Hélio para fazer a entrega à historiadora Euzanete, da cópia do livro Antonio João, escrito pelo General Valentin Benício da Silva, pois no museu não existia nada que historiasse sobre o Tenente Antonio João, onde existia apenas um busto. O livro relata a história da Colônia Militar dos Dourados, onde estão fotos do ano de 1929, tiradas na fazenda da minha bisavó Carlota Almeron Gomes, viúva do último Diretor da Colônia, Major de Artilharia João Luiz Gomes, falecido em 1901. É um livro que vai ajudar muito os estudantes na pesquisa da nossa historia. A filha do major, Silvia Gomes dou ao exército 30 hectares de terra em 1957, para a construção do Parque Histórico, onde está sepultada também a doadora do lado direito de quem entra no parque e existe uma sala no museu onde está sua fotografia, a sala Major João Luiz Gomes.
Continuando a história do conflito, a deputada Erundina foi prefeita de São Paulo, administrou a cidade de 1989 a 1992, entrou em atrito com a direção nacional do partido, composta pelo grupo de José Dirceu e Lula, pois foi muito criticada quando assumiu uma secretaria no começo de 1993 à revelia do partido, no governo de Itamar Franco, após a queda de Collor, que hoje também compõe a base de apoio ao governo Lula. O partido não concordando com sua atitude, suspendeu sua filiação, devido à recusa do partido em participar do governo e ela quatro anos depois como não tinha mais espaço no partido, transferiu-se para o PSB de Miguel Arraes, onde continua com a bandeira da paz.
Todo partido é formado de homens e mulheres, por isso já é chamado de parte, não tem a total razão, pois são seres humanos feito de carne e osso, sendo cada um, fruto de uma árvore. Uns ficam ricos à custa dos cofres públicos e é normal para eles. Em Dourados tivemos vários prefeitos e como símbolo da honestidade e exemplo para os demais seguirem e tomarem como espelho, vive na rua Toshinobu Katayama, antes da Igreja São Francisco, um senhor franzino, mas exemplar, um trabalhista autêntico, o contabilista aposentado Vivaldi de Oliveira, mineiro que nos trouxe muita riqueza para nós douradenses, como honestidade e é um modelo a seguir. Foi vereador, deputado estadual e prefeito de Dourados e que se aposentou trabalhando nos últimos dias como funcionário responsável da junta comercial de Dourados.
Falar em honestidade, anteriormente quem não militava no PT, antigamente era taxado de responsável por tudo de ruim que tinha acontecido neste País, mas o mal continua, apesar de nem todos os políticos serem maus, existem também os bons, independente de cor partidária.
Quando o PT chegou ao poder para governar precisou do PMDB e outros partidos como o PFL que alguns petistas chamavam de partido fora da lei, mas que em Goiás compôs o palanque da Senadora Kátia Abreu. Fato semelhante aconteceu em Laguna Carapã (lagoa torta), onde houve composição em 2000 com o PSDB, mas não podia acontecer o mesmo em São Paulo, afinal a pequenina cidade sulmatogrossense não traria nenhuma repercussão. O PT tenta voltar ao poder em nosso Estado, depois de ali permanecer por oito anos e após isso ter ganho um salário vitalício aprovado pela Assembleia Legislativa, sem os votos de Pedro Teruel e Pedro Kemp, que depois foi derrubado no STF pela maioria dos ministros.
Zeca estará em Dourados neste final de semana para tentar juntar os cacos que ficaram esparramados por todos os lugares, depois da sua saída do governo e não ter aderido à campanha em favor de Delcídio Amaral e posteriormente por não ter apoiado o candidato a prefeito de seu partido em Dourados.
Como eu, muitas pessoas tiveram um sonho em 1998, pois imaginavam um governo diferente de todos, afinal como disse no início, só os petistas se diziam os mais puros, imaculados, porém ao assumirem a administração estadual, agiram pior que os anteriores. Como não tinha um quadro preparado para assumir a tão árdua empreitada. Em Dourados trocaram o secretário da fazenda três vezes, sendo o primeiro apeado devido ao escândalo do loteamento. Entrou o segundo, mas não conseguiu sucesso, saiu desgostoso, pois queria mandar para a cadeia alguns ratos de igreja e como não teve apoio, jogou a toalha e morreu posteriormente. É, seu Alaércio Abraão, a coisa ficou mais fúnebre depois, colocaram um nipônico, que depois do término do mandato, passados mais de seis meses de sua saída da secretaria da fazenda, não é mais visto nesta cidade, de funcionário aposentado de banco virou empresário e deve ter atravessado o Rio Paraná.
E agora José Orcírio? Em 1998 você tinha como vice Moacir Kohl que foi queimado pelo próprio partido dele, derrotado na última eleição junto com o PT em Coxim, onde talvez vai se dedicar aos seus negócios. Foi Dourados que lhe deu força Zeca para chegar ao segundo turno, mas segundo dizem os mais antigos, cavalo encilhado só passa uma vez e este cavalo talvez virou pangaré e não vai achar outro semelhante, facilmente.
Naquela época eu presidia o PDT e fomos companheiros leais, por causa do vice, mas a partir da sua posse, comecei a entender como funciona a política, pois ela vive de momentos, muitas pessoas são usadas como papel higiênico e são descartadas, pois precisam trazer para si outros, independente de sua ideologia, para haver governabilidade.
Como o Brasil é um País de várias culturas, pois carregar dólares na cueca não é problema, pode ser mensaleiro, sanguessuga e assim mesmo são se preocupam em continuar insistindo em conseguir um mandato. São muitas vezes eleitos como o irmão do José Genoíno, o da cueca que se elegeu deputado federal no Ceará e o irmão em São Paulo, onde o povo também malufou, isso parece que não atrapalha a eleição, pois os três adoram o dólar. Um certo político do nosso Estado, comentou que os partidos não são só feitos de freira, mas também de bandidos, todos são iguais perante a lei, o voto no dia eleição tem o mesmo peso.
É o caso da Erundina, uma exceção, ex-freira, mas seu partido preferiu o Zé Dirceu, grande líder estudantil que conheci quando estudava no seminário Santo Antonio em Agudos, Estado de São Paulo e lá o acompanhei em 1968, lendo o Jornal O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Este teve um passado de lutas, mudou de nome e se escondeu numa plástica, para viver no Paraná clandestinamente, diferente de Leonel Brizola, Miguel Arraes que esperaram a anistia.
Hoje temos um conflito em nosso Estado, entre dois sulmatogrossenses, um de Corumbá, o eng. Delcídio Amaral e o bancário aposentado, José Orcírio Miranda dos Santos, que quer novamente governar o Estado, o murtinhense mais conhecido como Zeca. Não seria melhor tentar se eleger deputado federal, porque derrotar o italiano vai ser difícil, não vai haver segundo turno outra vez, ainda mais que ele tem uma madrinha, segunda ele comenta.
Tudo indica que o presidente Lula para fazer sua sucessora é capaz de fazer diferente de 1985, tentará obter o apoio de todos no mesmo projeto, pois sonha voltar futuramente, pois quem comeu camarão não quer voltar a comer macacheira.
Cada partido é um meio para chegar ao poder, para isso usam de todos os artifícios, são contra a taxa de lixo, taxa de iluminação e depois a substitui por outra com o outro nome como fez a administração anterior em Dourados que jogou toda a culpa no Engenheiro Braz Melo, mas destruiu nossa praça, ajudou a forjar um quilombo, deixou de terminar o centro de convenções da Prefeitura, obra paralizada no final de novembro e se formos ficar relacionando os estragos, vamos gastar muita tinta.
Está na hora de terminar esta história, pois muitas virão ainda.
Dourados-MS, 27 de junho de 2009.

José Tibiriçá Martins Ferreira, licenciado em Letras com Inglês, advogado, segundo tenente reservista, estudante o idioma guarani e pequeno produtor rural na Picadinha

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Segurança e o “Sala Livre”.

Braz Melo(*)
Em 1995 ao assumir a Secretaria de Segurança Pública no segundo governo do Dr. Wilson Martins, o Dr. Joaquim D’Assunção pediu aos seus assessores para programarem uma viagem para todos os municípios, a fim de conhecer a realidade dos mesmos na sua área.
Resolveram iniciar pela região norte do estado. O Aloísio Franco de Oliveira, seu adjunto programou iniciar por Jaraguari, Bandeirantes, Camapuã e estava tudo cronometrado até quando ligou para a Delegacia de Polícia Civil de Figueirão, que ao ser atendido perguntou pelo Delegado, o que do outro lado da linha respondeu que ali não tinha Delegado. Então mandou chamar o Escrivão, que foi informado que não tinha escrivão. Então me chama um Investigador, disse o Aloísio. Do outro lado respondeu que também não tinha Investigador. Já sem paciência, perguntou quem estava falando? Aqui é o Sala Livre, respondeu.
Foi aí que descobri que “Sala Livre” é a designação do preso com penas leves e com bom comportamento e nessa época, na falta de pessoal, eram aproveitados pela policia civil para limpeza e outros serviços internos.
Ao terminar seu périplo pelo estado, constatou que faltavam Delegados de Policia em 17 Municípios, e em quatro não tinha nenhum Policial Civil.
Isso faz quase quinze anos e nossa segurança continua falha e por mais que seja investido nesta área, continua deixando a desejar.
Hoje vivemos uma onda de violência muito grande. E os tele-jornais trazem todo dia somente noticias ruins. E a Bíblia diz em João 10:10 que o diabo veio para roubar, matar e destruir. Tem coisa mais parecida com essa citação do que os “Jornais Nacionais” da vida? Só falam em roubo, morte e destruição.
Aqui em Dourados, uma cidade de quase 200 mil habitantes tem poucos policiais ativos. E a noite, a Policia Militar tem somente cinco viaturas em perfeito estado para fazer a ronda e combater tantos bandidos. Fico imaginando um bandido que, na espreita, espera o carro da ronda passar e através do celular avisa seus comparsas onde esta se encontra. Essa é a hora deles deitarem e rolarem.
Estive na delegacia em uma segunda feira passada com um amigo que foi visitado pelo amigo do alheio pela terceira vez em menos de um mês, e fazia fila de pessoas fazendo queixas sobre assaltos e furtos feitos no fim de semana anterior. Tinha delitos de todo o tipo.
E cada dia vemos a coisa ficar mais feia. Isso tem de acabar.
Muitos dos que roubam são pessoas dependentes de drogas, mas outros são viciados em furtar.
Na Rua Joaquim Teixeira Alves, desde a Rua Firmino Vieira de Matos até a Rua Aquidauana, aproveitando da pouca iluminação nesse trecho, o que tem de travestis (acho) é coisa de doido. Falo acho, porque depois que o Ronaldo confundiu se era ou não era, só posso achar. E, infelizmente junto com isso vem a droga, causa maior dos pequenos assaltos.
Esta semana assaltaram à luz do dia uma concessionária de motos na Avenida Marcelino Pires, em frente ao Shopping Center. Houve troca de tiros e um sócio da empresa e um guarda municipal foram gravemente feridos, além de um ladrão. Ainda bem que a policia conseguiu prender os meliantes em poucas horas.
Quem sou eu para ser puritano ao extremo, porém do jeito que está, é insuportável. As “boates” de beira das estradas estão fazendo propagandas ao vivo, de dia, no horário comercial, em frente aos bancos Bradesco e Itaú, com as próprias personagens e seus vestidos curtos. Acredito que a crise chegou até lá também.
As autoridades maiores devem tomar medidas mais fortes e enérgicas para impedir estes abusos, pois do jeito que anda a coisa, já ando com saudades do tempo do “Sala Livre”.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Gaúcha foi embora

Braz Melo (*)

Esta semana pensei em escrever sobre a perda da oportunidade de nossa capital sediar uma sub-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014, mas muita gente já escreveu sobre esse prejuízo irreparável para Campo Grande e nosso estado. Confiaram tanto na Luiza Brunet, o qual o governador tentou até colocar o seu nome em uma rodovia que já tinha um nome do pioneiro Pedro Palhano e no nosso capitão do Tri, Carlos Alberto e que mesmo tendo ao nosso lado um forte candidato a uma das vagas, nossos irmãos paraguaios, a sub- sede nos deixou a ver navios. A FIFA, além dos motivos técnicos alegados, ou não, deve ter pesquisado e descoberto que o nosso governo nunca ajudou os times de Mato Grosso do Sul, e por isso as finais do atual campeonato estadual são realizadas com todos os times do interior. Na nossa vida tem de haver um preparo para tudo. Quem plantar pimentão, não vai colher morangos.
E pior que quiseram arrumar uma desculpa colocando a culpa no nome do nosso Mato Grosso do Sul. Como disse um amigo meu, é o mesmo que o gajo pegar sua mulher te traindo na sala, e como pretexto, mandar botar fogo no sofá.
Pensei também em escrever sobre o cancelamento da festa junina por parte do Senhor Prefeito, mas como ele já acabou com o carnaval da Grande FM com a desculpa de fazer o maior carnaval de toda história douradense e não fez, não poderíamos esperar muita coisa dele.
Pena que os humildes cidadãos, que não tem muito aonde ir, mais uma vez ficarão chupando o dedo. Agora é esperar pelo retorno da Maratona do Fogo, e sair correndo igual a um louco de alegria atrás dos favoritos. Isso se ele não cancelar este evento até dia 28 como desculpa que, com esse dinheiro, precisa ajudar a fazer obras no valor de 35 milhões do PAC, com ordens do Lula.
Mas resolvi escrever de uma mulher das mais trabalhadeiras que Dourados conheceu: Dona Plantina Sans, a Gaúcha, que foi embora de nossa cidade. Partiu sem se despedir, como conta a música Chalana. Gaúcha que já estávamos acostumados quando faltava qualquer coisa para nosso jantarado de domingo, ou do lanche feito fora de hora, ela estava sempre a postos a nos atender com aquele sorriso de Monalisa. Era a primeira a abrir e a última a fechar sua mercearia na Rua Toshinobu Katayama.
Lá tinha de tudo. De óleo de soja até linha de costura. Quantas vezes assisti, quando o Corinthians andava por baixo e sem os seus torcedores esperarem ganhava do Palmeiras, era lá que eles corriam para também comprar fogos de artifícios e atazanar seus adversários.
Descobri de sua partida no domingo, quando aqui em casa faltaram presunto e queijo mussarela para a lasanha. Foi quando senti sua falta e perguntei a moça que me atendeu. Nem sabia de seu nome diferente e que por coincidência adorava plantas. Para todos era a Gaúcha, apesar de ter nascida em Santa Catarina.
Ela vai deixar saudades. O rapaz que comprou sua mercearia vai ter de trabalhar bastante para chegar perto do que ela já trabalhou. Anete me falou que ela andava cansada e triste, principalmente depois que seu filho faleceu. Agora vai descansar em Santa Catarina. Merece, pelos serviços prestados a nossa cidade e reconhecidos inclusive por nossa Câmara de Vereadores.
Não sei se vai deixar alguém em Dourados para ficar no seu lugar como quem mais trabalha, porém, acredito que o Gildo Pimentel, da Peixaria Pernambuco poderá tomar seu lugar. Há vinte e seis anos tem atendido até tarde.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A CULPA É PELO NOME DE NOSSO ESTADO? SÓ FALTAVA ESSA.

Benê Cantelli

A frustração é a resposta para aqueles que, sem consagrar-se ao conhecimento da verdade, ou mesmo, sem medir as reais condições que possibilitam a alguém ser melhor que outrem, não admitem o fracasso. Ora, para aqueles que sabem reconhecer as diferenças que existem entre o melhor e o mediano, não há motivo para frustração, pois não conhecerão o fracasso e nem a desilusão.
Frustrados em suas orquestradas certezas insanas de que Campo Grande deveria, porque, simplesmente, deveria ser a escolhida para sediar, também, a Copa do Mundo de 2014, os tais, sem resignar-se ao fato e sujeitar-se às evidências de que Cuiabá tem tudo para encaixar-se nos quesitos e requisitos exigidos pela Fifa, vêm agora, como que buscando um disfarce para o malogrado resultado, trazer à baila, novamente, a história da mudança de nome de nosso Estado.
Que propósito mais ridículo. Que motivação mais perversa e, sem nenhum sentido, que se aproxima à mais ignóbil e trivial forma de encobrir o insucesso. Pior, é ler que algumas dessas pessoas afirmam ser necessário trocar o nome do Estado porque os que têm nomes iguais levam pelo menos a diferença entre norte e sul, como é o caso do Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, como se a distância entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul fossem as mesmas que os citados. No mínimo, esdrúxulos em seus “raciocínios”(?). Por outra, é conveniente ressaltar que o Rio Grande do Sul não fazia parte do Rio Grande do Norte, ainda que demonstrem nefastamente, pensar assim, quando afirmam as tais besteiras alusivas à mudança de nome de nosso Estado. Entender, também, que devamos nos esquecer do Mato Grosso, depois de mais de 200 anos usando este nome, é no mínimo sub-racional.
Em breve estaremos lendo e ouvindo alguns, aqui em nossa cidade, pedindo para trocar o nome da antiga rua Bahia, porque o nome Hayel Bon Facquer não “pegou”.
Sempre é assim: quando não se tem nada melhor para fazer, escolhe-se o pior. Quando não se tem nada melhor para pensar, inventa-se qualquer coisa para cobrir a ociosidade, e são nesses momentos, que emergem as aberrações da natureza humana.
Até parece que os inadvertidos não tomaram conhecimento do que significaria uma mudança de nome em qualquer Estado. Livros, por exemplo, que deixariam de ser reconhecidos como atualizados, por não apresentar o novo nome. Documentações pessoais, placas em rodovias, placas dos carros, boletins e históricos escolares, documentações oficiais do Estado e de todos os municípios e, tantas outras coisas mais, que demandariam fortunas incalculáveis, sabendo-se, de antemão, que não estão nessas coisas as prioridades em que deveriam estar focados os que, frivolamente, pensam em tal mudança de nome.
É melhor dizer, também, que talvez, a própria Fifa reconhecendo a pequenez daqueles que deveriam estar norteados em melhores objetivos para Campo Grande e nosso querido Mato Grosso do Sul, tenha feito uma racional e premeditada escolha por Cuiabá. Temos que aprender a pensar maior. É hora de parar de pensar pequeno. Aliás, pensam grande os que o são. Quando raciocinam, se é que o fazem, racionam de maneira pequena os que assim se comportam. Ora, vamos mostrar para o Brasil e o mundo que temos chances de nos tornarmos melhores em muitas coisas, inclusive, com políticos da envergadura de muitos cuiabanos e outros Mato-grossenses.
Com o número de queimadas, somente nestes meses de outono, e a displicente forma como estas foram debeladas, não me parece que haja muita intenção política e administrativa de preservar nosso Pantanal. Não é mudando o nome de nosso Estado que estaremos preservando uma das maiores reservas biodiversas do Brasil e do mundo, neste que é, sem dúvida, um dos santuários mais lindos da natureza.
Em sala de aula, bem antes do anúncio oficial da Fifa, demonstrei para nossos alunos os motivos que levariam a escolha da cidade de Cuiabá.
Aliás, devo parabenizar, com nota de louvor, o artigo de nosso companheiro, neste Jornal, Valfrido Silva, na segunda feira que sucedeu ao anúncio oficial da Fifa. Oportuno, mostrando conhecimento da realidade que diferencia as duas cidades, em desenvolvimento, cultura, cidadania e administração pública.
A questão não é ficar inventando subterfúgios que nos levem a esquecer que fomos relegados a um segundo plano. A questão é assumir, de vez, que nos falta muito para entender e copiar o que na verdade está fazendo de Mato Grosso e sua capital, se tornarem referências, não apenas porque partilha de uma obra prima da natureza, o Pantanal. É bom que se diga que Mato Grosso do Sul tem, aproximadamente, 65% do território pantaneiro. Dizem, no entanto, que a parte que ficou para o Mato Grosso é menor em área, mas muito mais envolvente em beleza e de melhor qualidade e estrutura no que se refere a proteção ambiental.
Por fim, não é o Pantanal nossa única obra prima. Temos muito do que nos orgulhar, com certeza. Diversos seriam os bons nomes que poderiam dar-se ao nosso Estado. Pantanal, não seria o único a satisfazer-nos.
Fico pensando com meus botões: O que estarão pensando aqueles que já tinham marcado viagens para Estados Unidos, Europa, Japão e destinado uma boa quantia para comprar apartamentos de cobertura à beira mar, fazendas, carros de luxo, etc., com o dinheiro que iriam ganhar com as obras bilionárias advindas da necessidade de atender aos pré-requisitos da Fifa. Quantos já estavam com as mãos no bolso contando sua parte na bilionária cifra. Esses estão chorando.
Nós, pelo contrário, estamos pedindo que não gastem dinheiro à toa, com troca de nome, sabendo de outras prioridades que, nem sequer, serão atendidas.
Ah! Em tempo: Façam como nosso querido amigo, Dr. Jajáh, articulista há tanto tempo neste Jornal, e médico de invejável conhecimento prático e teórico, que encerra seus trabalhos, colocando sob o topônimo de nosso Estado, a subscrição que faz recordar nosso santuário ecológico. Ei-la: Mato Grosso do Sul, o Estado do Pantanal. Quer algo melhor?
Bom dia para todos nós sul-mato-grossenses.
Melhor semana para todos os que amamos este Estado e trabalhamos para que seja cada vez melhor.
Professor
cantelli@terra.com.br

quinta-feira, 11 de junho de 2009

BURBURINHO...

Isaac Duarte de Barros Junior *

O fumo arapiraca, do nordeste brasileiro, chegava em rolos enormes ao mercado de secos e molhados do comerciante paulista Bráulio dos Reis, nos anos cinqüenta, num prédio por ele construído se assemelhando a um enorme galpão de alvenaria na antiga Rua Minas Gerais (João C. Câmara), para ser vendido logo em seguida no seu balcão de madeira. De lá, saiam diariamente, mais nácos cortados para os consumidores de palheiro e naqueadores, que os pacotes de cigarros Continental da Souza Cruz.
Nessa época acaboclada, o povoado douradense começava a ter aspecto de cidade em desenvolvimento, no meio do burburinho crescente dos estabelecimentos iniciais desse gênero. Começava a aparecer na Marcelino Pires, as primeiras sorveterias, como a Solar da Alegria, do Manuel “português” e bares agitados tipo o União, de Inácio do “café”. A segunda guerra tinha terminado há dez anos, o “pai dos pobres” Getúlio Vargas havia se suicidado, enquanto João Ponce de Arruda se preparava para ser o novo governador de Mato Grosso.
Chapéus de marca cury na cabeça, por serem muito usados sob forma de complemento da moda masculina, vendiam-se em grandes quantidades nas lojinhas típicas dos árabes, negociantes austeros do centro douradense, como foram os bem acertados jovens Aniz Rasslen e Ahmad Sater, futuro avô do cantor sertanejo Almir. As maiores autoridades do município no respeitoso conceito popular, reconhecia-se, nas pessoas do juiz de direito, do prefeito municipal, dos delegados da policia em exercício e do clérigo católico vigário da única paróquia existente. Esse destaque religioso dava-se, devido a um dispositivo legal textualmente escrito na constituição federal em vigor. Carta Magna, que tornava essa religião como a oficial do país.
O caminhoneiro Toshinobu Katayama, obeso, disposto, risonho e usando o seu japorguês inconfundível, dedicava-se a transportar no seu gigante importado, sacos de arroz com casca recém colhido, para beneficiá-lo numa máquina instalada próxima ao clube nipônico. Prédio este, anos mais tarde, construído pela colônia do sol nascente, localizando-se na esquina da rua que agora empresta o seu nome. Ali, em cinqüenta e cinco, se aglomeravam trabalhando manualmente o dia inteiro, outras dezenas de japoneses imigrantes. As famílias Doko e Fujinaka, estavam entre esses orientais. Nesse ano, o caminhoneiro Antonio Morais dos Santos, se elegeu prefeito de Dourados, encerrando o ciclo de próceres udenista que ocupariam o casarão da rua João Rosa Góes.
As lavadeiras, mulheres humildes paraguaias e tímidas, que se prontificavam comercialmente a lavar as roupas dos outros moradores na coletividade, carregavam enormes volumes na cabeça, usando os córregos para mergulharem os tecidos sujos. Geralmente, faziam os serviços com eficiência. Nesse pioneiro profissionalismo, empenhadas elas concluíam o trabalho auxiliadas pelas filhas solteiras, que alisavam tudo passando um ferro esquentado por brasas, nas roupas secas. Seus maridos, como não gostavam da agricultura e pecuária, eram pedreiros e carpinteiros.
No mês de junho, os lenheiros nas suas carroças percorrendo a cidade, aproveitavam as festas e vendiam bastante. Era comum, nessa época singular, se acenderem centenas de enormes fogueiras em frente das residências. As algazarras da mocidade, iam pela noite adentro, queimando fogos, tomando-se quentão de gengibre e se a festa junina era no dia dedicado ao santo Antonio, as moças se encarregavam de bancarem as pitonisas. As quiromantes, após as simpatias místicas, diziam que tinham poderes para revelar o nome desconhecido dos maridos. Naturalmente, para as interessadas em se casar. Mas o melhor em cinqüenta e cinco, era não precisar do poder público municipal para festejar o três santos católicos, não haver camelodromos barraqueiros, ou pessoas confundindo festejos do cristianismo, com comercialismo junino. Pensando bem, eu era feliz e não sabia...


*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@hotmail.com

EFEITO ESTUFA...

Isaac Duarte de Barros Junior *

Os abusos nocivos com o biosistema passaram a ser cobrados energicamente pela ecologia mundial, porque as nações estão saturadas de assistir tolices humanas e decidiram policiar os habitantes irresponsáveis do planeta azul. Cobrados sob forte pressão popular, protestos de ambientalistas, esses poluidores foram responsabilizados pelos muitos males causados a todos os habitantes da terra. Acontece, infelizmente, nos últimos cinqüenta anos, milhões de seres vivos passaram a ser submetidos ao efeito estufa.Essa danação climática catastrófica, foi criada pela ambição local desenfreada dos empresários excêntricos. Inegavelmente, são eles os canalhas que fazem as cirandas das estações do ano, cantarolarem trôpegas. Aquilo que antes era considerado intocável na pródiga natureza, a atual geração desorientada e desvairada, mutila em nome do imediatismo ganancioso insensato, sem tomar-se cuidados para coibir essas mutilações.
Raios cortam o firmamento, mortalmente caindo sobre as cabeças dos trabalhadores, conseqüentemente matando-os. Pois supostamente para colher grãos, idiotas armados de moto serras, desnudam matas transformando a madeira outrora sugadora dos coriscos, em lenha. Manietando essa agonizante natureza, provocam-se assoreamentos em rios, ao derrubarem as figueiras nativas de suas barrancas. Com esse gesto desumano tolo, fazem os insetos serem expulsos do seu habitat, migrando-os para as cidades, onde passam a viver na condição de pragas. Fugindo do veneno nos serrados, em procissão migram para as casas urbanas, onde certamente não existe nenhum tamanduá para devorá-los, mantendo o esperado equilíbrio do biosistema.
Esse papa-formigas, que segue instintivamente o seu desjejum desaparecido das verdes matas, acaba saindo á caça do alimento em migração cada vez mais acentuada. E assim, sendo animal nascido no sertão tropical, caçando o bicho morre atropelado numa estrada movimentada. E quando o acidente acontece, se estrebucha não existindo agilidade suficiente para evitar o seu atropelador. Baratas repulsivas, sobreviventes das eras jurássicas, que assistiram os dinossauros desaparecerem da face da terra, esperam silenciosas o momento dos homens seguirem o mesmo destino. Acomodadas nas paredes e nos lixões dos terrenos baldios, elas aguardam o último pôr do sol do homo sapiens.
Enquanto nada de novo acontece do vaticinado apocalipse, como insetos elas continuam sendo consumidas gulosamente na dieta exótica de milhões de chineses, sob o olhar reprovador dos ocidentais. Os quais, não compreendem o gosto estranho do cardápio desses consumidores de olhos rasgados e da pele amarelada. Matematicamente, conhecidos apenas, como a maioria dos habitantes deste planeta.
Os grandes felinos escorraçados a tiros do interior das selvas, fogem enquanto podem e existe espaço para se esconder. Preservando seus instintos carnívoros mais selvagens, nessa tresloucada fuga matam, querendo tão somente alguma comida escassa para sobreviver. Afinal, para se evitar a extinção completa de alguns animais, só se conseguiu alcançar o objetivo, graças aos cuidados dos veterinários de jardins zoológicos. Dessa maneira incomum, as nossas autoridades encarregadas de preservar, puderam compensar os gastos feitos, expondo esses animais para um público que simplesmente odeia mosquitos, não conhece matas e ainda qualificam os quadrúpedes selvagens, como espécimes perigosos.
Daí, a confusa necessidade das enormes jaulas com barras de ferro para se trancafiar os bichos. Incrivelmente, iguais as reservadas aos perigosos animais racionais criminosos. Nossos volumosos jacarés pantaneiros, que antes só chegavam às urbes sob a forma espectral de bolsas e sapatos, com o volume dos peixes rareando nos rios, beirando a escassez, obrigam-se pela fome instintiva, a aparecerem beliciosamente nos becos urbanos. Essas aparições, redundam em orgasmos espetaculosos para os repórteres da imprensa televisiva sensacionalista, quando noticiam a visita do animal da boca enorme, portador de dentes pré-históricos afiados.
Até as luzes dos brilhantes pirilampos nos banhados, aos poucos está se apagando e desaparecendo. Enquanto isso, rãs e sapos coaxam num coral de sons indescritíveis, como querendo pedir um anfíbio socorro diante da situação das suas prováveis extinções. Todo esse comportamento de excessos no meio ambiente e os desmandos depredatórios sem limites, inexoravelmente nos conduzem ao apocalipse planetário. Elaborando e orquestrando o descaso, a humanidade prossegue destruindo e poluindo o seu próprio habitat: o planeta terra. Supostamente, ele tem a cor azul na constelação em que vivemos e da qual outros planetas já desapareceram. Isto, sem olvidarmos, os que explodiram virando poeira cósmica, transmutados em meteoros...

advogado criminalista, jornalista
e-mail : isane_isane@hotmail.com

sábado, 6 de junho de 2009

Mudança de Nome

Carlos Fábio & Pacito e Carlos Marinho querem divulgação do nome do Estado na mídia nacional

A mudança do nome do Estado é um tema polêmico que voltou às rodas de discussão, tanto no meio político, quanto na sociedade sul-mato-grossense, devido à escolha de Cuiabá como uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. Porém, durante mais de um ano, uma música serviu como um exemplo da melhor forma de se fazer nosso estado ser conhecido. “Meu Mato Grosso do Sul”, de autoria de Carlos Marinho e Carlos Fábio, interpretada pela dupla Carlos Fábio & Pacito, despertou em toda a população um sentimento de amor e civismo que estava um tanto esquecido, reavivando no coração de cada pessoa que vive no Estado o respeito pela terra, pela sua gente, pelas suas riquezas e belezas.
“Não é mudando o nome do nosso Estado que vamos torná-lo conhecido e respeitado, mas sim levando ao Brasil e ao Mundo as suas virtudes, divulgando-o da maneira correta e mostrando o que pode oferecer”, diz Carlos Marinho, carioca de nascimento, mas sul-mato-grossense de coração, e que mora aqui há 21 anos.
Ele é acompanhado por Carlos Fábio (paranaense há 30 anos por aqui), que declara seu amor pelo estado quando diz ser “radicalmente contra essa idéia de mudança de nome, simplesmente porque não somos uma das subsedes da Copa. Há coisas muito mais importantes que sediar uma Copa do Mundo, ou será que as pessoas se esqueceram das riquezas naturais desta terra, como o Pantanal, a produção agropecuária, a sua gente”, dispara.
Para os autores da música ao invés de mudar o nome do Estado é preciso, sim, fazer a divulgação correta do nome. “Não é mudando o nome de um produto que vamos melhorar sua venda, mas sim trabalhando corretamente a mídia, divulgando com amor e persistência, incutindo nas pessoas o amor cívico”, acompanha a idéia o Pacito (intérprete que é paulista e vive aqui há 28 anos).
Uma das formas apontadas pelos compositores e cantores é um maciço trabalho de divulgação do Mato Grosso do Sul em todo o País e também junto às agências de turismo e órgãos públicos, desfazendo o grande equívoco que existe e que ainda confunde muita gente. “Somos do Mato Grosso do Sul e fazemos questão de levar esse nome a todos os lugares onde nos for permitido”, diz Carlos Fábio, citando o nome do novo CD da dupla – “O Som Sulmatogrossense”, “que demonstra o nosso amor pelo estado”, e é acompanhado por Pacito, que vai mais além: “Estamos dispostos a encarar essa tarefa, levando nossa música onde quer que seja, cantando nossas belezas, nossa terra, nossa gente, mostrando que somos muito maiores que uma simples mudança de nome”, afirma.
Por sua vez, Carlos Marinho ressalta que “estamos finalizando um projeto que visa fazer shows com a dupla Carlos Fábio & Pacito por todo o Brasil, e até fora do País, com o objetivo principal de divulgar e consolidar definitivamente o nome do Mato Grosso do Sul, num trabalho sério e que, temos a certeza, será encampado por todos os segmentos e pessoas que acreditam em nosso Estado e sabem que temos tudo para sermos reconhecidos como um dos mais ricos do Brasil, seja qual for o segmento de atuação. Para isso contamos com a parceria de empresários, políticos, órgãos governamentais e principalmente da sociedade e de cada um que realmente ama o Mato Grosso do Sul que, mais que um nome, é a alma de todos nós”, finaliza.



BOX
Conheça a letra da música

MEU MATO GROSSO DO SUL
(Letra e Música: Carlos Marinho & Carlos Fábio)

Andando pelos quatro cantos desse nosso estado
Eu pude descobrir
O quanto a natureza é sábia e o que oferece
Pra gente sentir

Tem rios, matas, fauna e flora que nos surpreendem
A cada renascer
Do dia quando o sol levanta
Como que chamando a gente pra viver

Se ouço Helena Meireles, Zé Correia ou Zacarias Mourão
Lembro de um baile na fazenda
Sob um pé de cedro, como isso é bom

Mas se você quiser saber o quanto há de beleza
Em nosso Pantanal
Se deixe levar na poesia de Manoel de Barros
Tudo é tão real

Meu Mato Grosso do Sul
Meu canto é todo pra você
Meu canto é pra cada cidade
Pra cada poeta
Cada amanhecer.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Feijoada do Alfredo

Braz Melo (*)
Sábado passado foi realizado a 7ª Feijoada de Outono, desta vez no espaço Cerrado Brasil. Durante esses anos cada evento foi realizado em um local, mas acredito que o escolhido deste ano é o mais adequado, pois além de grande é muito acolhedor. É o lugar ideal para esse e outros tipos de festas.
Estava muito bem decorado e foi uma festa democrática, já que o convite era a camisa e por isso todos estavam muito parecidos. A camisa branca com tons de azul parecia como nuvens amigas, diferentes das “cumulus nimbus”, aquelas que derrubam aviões até de grande porte. Só diferenciava as camisetas dos coordenadores, que tinham a cor de groselha, o que me deu saudade da minha infância, onde adorava picolé deste xarope.
Comida teve para todos. Apesar de fazer feijoada para mil e quinhentas pessoas não ser fácil, o Buffet Laudir Festa caprichou. Teve gente que foi comer às seis da tarde e mesmo com o adiantar das horas, a feijoada estava impecável, como se fosse feita na hora. Quente e deliciosa.
As caipirinhas estavam demais. O pessoal do SENAC atendia com muita alegria e presteza, apesar de só ter um balcão para servir. Na próxima deve ter pelo menos três, para atender as pessoas que gostam deste aperitivo. Como sugestão, para o ano que vem deve servir também coquetel sem álcool, pois tem gente que prefere. Mas a fila estava muito grande.
Veio gente de todo lugar. Encontrei amigos de Caarapó, Ponta Porã, Maracaju e Campo Grande.
A idéia de sorteio para viagem a Itália foi fenomenal. Além da expectativa de ser sorteado, ainda teve a alegria de poder ajudar o CEIA com alimentos não perecíveis. Foi mais de uma tonelada arrecadada.
Eu mesmo pensei em treinar o italiano, na esperança de ser sorteado, mas como de italiano só sei algumas musicas, assobiei Peppino di Capri e Rita Pavone. Fiquei somente no assobio.
A parte musical foi muito boa. Além da música eletrônica do DJ Adriano, teve a apresentação da cantora Ana Carla de Gloria de Dourados. Depois o conjunto Ballu Bacana animou quem gosta de musicas axé e para terminar com chave de ouro a Banda Contra-Mão deu um show, iniciando com musicas estilo indianas (que está na moda por causa da novela da Globo, Caminho das Índias) e com muito samba e pagode. Sem defeito. Quando saí, ainda tinha muita gente dançando.
Dourados falta festa deste nível. Falei com o Alfredo para fazer a festa do douradense ilustre ausente, onde no fim de cada ano, quem sabe no dia da cidade, 20 de dezembro, possamos reunir os douradenses ausentes. Temos muitos conterrâneos ilustres que muitos daqui não conhecem e que merecem nossas homenagens. O médico sanitarista Paulo Roberto Teixeira é referência mundial em tratamento e prevenção da Aids, o Dr. Daud Nasser, renomado cirurgião de redução de estômago em Maringá, Keirrison, jogador do Palmeiras, Lucas, jogador do Liverpool da Inglaterra e da seleção brasileira. O Ministro do Tribunal Superior do Trabalho Guilherme Caputo Bastos iniciou sua carreira aqui. Também convidaria a Michelle Maggi, ex-miss Brasil e tantas outras autoridades como desembargadores, juízes e outras personalidades que aqui nasceram ou que por aqui passaram. Seria mais uma festa especial.
Mas em resumo, foi um sucesso a 7ª feijoada de outono do Boa Vida, a feijoada do Alfredo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

HISTÓRIA, NINGUÉM MUDA...

Isaac Duarte de Barros Junior *

Voltando a remexer no baú das memórias, onde deixei guardados alguns escritos velhos amarelados pelo tempo, procurei nesse gesto pesquisador, reconstituir e juntar pedaços da verdadeira história local. Recuperando acontecimentos mofos do passado douradense, espanei e retirei toda a naftalina das possíveis dúvidas, vasculhando fatos do conhecimento coletivo daquela época distante. Alguns deles, eu mesmo conservei inseridos em folhas rasgadas, arrancadas de um caderno destinado a rascunhos. Outros, eu joguei num canto da arca, conseqüentemente no ostracismo natural. Para estabelecer compromissos unicamente com a verdade, recorri a relatórios e sínteses anotadas das conversas mantidas com pioneiros. Tratei de fazer tudo isso, antes que alguns aventureiros adotados como douradenses, conseguissem enterrar na vala das inverdades, os verdadeiros acontecimentos envolvendo nomes de pessoas e feitos antigos. Busquei rememorar nesse esforço esclarecedor a fase do nosso crescimento, quando não passávamos de simples vilarejo mato-grossense, muito menor do que a cidade de Ponta Porã, ex-capital do extinto Território Federal. Município, do qual havíamos nos desmembrado em 1935. Nesse tempo que resgatei, pioneiros cujos nomes foram imortalizados em ruas, praças, estádios, escolas e outros logradouros, alguns ainda estavam vivos entre nós.
Naquele período, já tão distante, tínhamos o orgulho municipal de possuir o jornal semanal do Weimar Torres, a emissora de rádio do Jorge Salomão e o médico Joaquim Lourenço Filho traçava planos para implantar a Companhia Telefônica de Dourados, projeto mais tarde realizado. Lembro, que sempre no dia festivo da independência brasileira, como era costume tradicional, acontecia um desfile cheio de civismo, na empoeirada Avenida Marcelino Pires. Nessa ocasião, os alunos de escolas primárias e do único ginásio, o Oswaldo Cruz, do professor Lins, eram as atrações principais esperadas e apreciadas por populares quando as crianças desfilavam em compasso marcial na frente do palanque oficial, lotado de autoridades. Muitas dessas pessoas, agora falecidas, jamais foram esquecidas pelos seus familiares. Em vida, muitos eram colonos lavradores, dominicalmente trajados, que compareciam para assistir aquelas efemérides. Acotovelando-se, apinhados na artéria central da cidade, todos tinham a finalidade comum de prestigiar a passagem dos estudantes, que marchavam garbosamente no ritmo rufante dos tambores das fanfarras. Na maioria, esses alunos eram filhos de famílias nordestinas migrantes, as quais viviam fazia alguns anos, do cultivo de terras na Colônia Federal de Dourados. Naqueles dias distantes atribulados, os cabecinhas enfrentaram as mais frias geadas da década.
Por haver sido um ano eleitoral, em cinqüenta e nove objetivávamos eleger democraticamente o novo presidente da republica e todos os comícios eram roteirizados pelos dirigentes políticos residentes em Cuiabá. A população na idade de votar, era convidada antecipadamente para as reuniões comícios, por alto-falantes instalados nos veículos ambulantes. A esse método, seguia-se um organograma, que consistia em eleitores esperarem os candidatos visitantes, num rústico aeroporto com pista de terra, lugar onde hoje se encontra a praça do cinqüentenário. Dali, o candidato desfilava pelas ruas sem asfalto, acompanhado de outros políticos gesticulando com as mãos abertas. Esse visitante tinha como roteiro estabelecido, desembarcar da aeronave, seguir no melhor carro colocado ao seu dispor na cidade, subir num palanque preparado na Praça Antonio João e discursar. Geralmente, o proprietário do veículo que transportava esse candidato visitante, era de um chefe político local. Os eleitores, gente do povo, seguiam-no alojados nas carrocerias de caminhões enfileirados no cortejo.Rumando atrás do veículo que conduzia o político centro das atenções, pipocava-se o céu com fogos. Nessas rápidas passagens de grandes personalidades visitantes, recebidas no século passado hospitaleiramente, ficaram guardadas destacadamente nas minhas lembranças de menino, as visitas dos líderes como Juscelino Kubitchek, João Goulart, Ademar de Barros, entre outras proeminências históricas.
Incluindo nessas rememorações salutares do tempo que se foi, houveram alguns fatos pitorescos e folclóricos. Lembro que um deles aconteceu, quando o general Tavares comandava a nona região militar. Nessa época, respondia pelo comando da quarta divisão de cavalaria,sediada em Campo Grande, o general Plínio Pitaluga, que entendeu por fazer uma manobra com o codinome “quarenta mil léguas de presença”. No término dessa operação, como em Dourados ainda não haviam unidades ou um quartel do exército e estando os fazendeiros locais acostumados com o período de tranqüilidade proporcionado pela presença das manobras militares, quixotescamente, alguns deles bloquearam a estrada por onde passaria o comboio militar em seu retorno para Campo Grande.
Mesmo podendo usar da força para desobstruir o trajeto, o experiente comandante Pitaluga, dialogou pacientemente. O general, explicou aos ruralistas, que aquela era uma posição equivocada e predisse que Dourados já tinha um enorme potencial, podendo dentro de breves anos, vir ser no futuro, sede regional do comando da brigada. A previsão daquele hábil chefe militar, herói de guerra, culminou acontecendo. Todas essas lembranças, estão bem vivas na memória dos moradores mais antigos ou daqueles que aqui nasceram como eu. Os quais, não carregam consigo a pretensão de serem tipificados como pioneiros, em respeito aos próprios.
Acertadamente, esses fatos foram presenciados e vividos por muitos outros nativos anônimos, que podem testemunhar estas histórias, cujos trechos foram extraídos direto da boca dos verdadeiros fundadores de Dourados, tempo quando ainda estavam vivos os últimos migrantes do século dezenove. Penso, que o que não se pode, é recém chegados continuarem inventando fatos irreais, misturando história com estórias, colidindo-as com narrativas legadas pelos desbravadores. Estes, representados em nossos dias, pelas famílias centenárias aqui residentes. É em nome delas, que repelimos os erros contumazes de se querer modificar grosseiramente a nossa história local. Notadamente, quando falam da suposta existência de um quilombo na região na Picadinha...


* advogado criminalista, jornalista.
e-mail:isane_isane@hotmail.com