sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Entre o CEU e a Terra- 30/10/2008

Muitas pessoas me perguntam sobre o CEU. Não o Céu que buscamos ao seguir os mandamentos de Deus para conquistarmos a vida eterna, mas o CEU escola, que fizemos em Dourados.
Assistindo ao debate dos candidatos a prefeitura de São Paulo, pela TV Record, pude ver como a candidata Marta Suplicy defendia seu projeto, das escolas unificadas com o mesmo modelo de Dourados. E o engraçado é que sendo do PT, não seguiu seus companheiros douradenses de partido, que omitiram o nome CEU, talvez para não se lembrarem das coisas boas do passado.
O atual prefeito de São Paulo, Kassab, informava que o CEU que ele e o Serra construíram era melhor do que o dela. Enquanto o candidato petista de Dourados prometia que se eleito, as crianças ficariam mais tempo na escola. Como funcionavam os CEUS de Dourados.
Aqui, o PT deixaram apagadas durante os sete anos e nove meses de sua administração as luzes do Monumento ao Colono. Além de não mostrarem a beleza do monumento, quantos acidentes aconteceram naquela rotatória por falta de iluminação? Também deixaram no escuro a bandeira brasileira da Praça Walter Guaritá ( Saída de Caarapó), que por lei tem que ser iluminada à noite (Crime conforme Art.15 § 3º da Lei nº 5.700, de 1 de setembro de 1971). E ainda encolheram a nossa bandeira.
Quando assumimos a prefeitura em 1989, Dourados tinha um déficit de 10.000 vagas na escola fundamental. Os bairros se multiplicavam pela periferia e as escolas na sua grande maioria, se localizavam nos bairros centrais de nossa cidade. Planejamos construir escolas que pudessem atender as crianças perto de sua casa.Não poderíamos copiar os CIEPs de Brizola nem os CAICs do Collor, pois eram projetos inviáveis para nossa realidade. Tanto pela sua grandeza quanto pelo seu custo. Como se sentiria uma criança do Parque das Nações II numa suntuosidade daquelas? Até teria medo de entrar.E era tudo com recurso próprio.
Precisávamos de um projeto que contemplasse salas de aula, creche, quadra coberta, refeitório, um local que funcionasse como teatro, tratamento médico e principalmente dentário, mas que não fosse muito diferente de sua casa. Por isso optamos pelo tijolo aparente.
As crianças ficavam mais tempo na Escola. Os que estudavam de manhã entravam às 7 horas e saiam às 15 horas. Os que estudavam de tarde chegavam às 9 horas e saiam às 17 horas. Oito horas na escola. Tudo isso foi estudado, mas uma coisa foi decidida antes de tudo: o nome. Foi escolhido CEU.
Então é que fomos escolher o que realmente representavam aquelas siglas: Centro de Educação Unificada. O nome era apropriado, pois ali funcionaria escola, creche, saúde e esporte.E nessa época, Dourados não tinha sequer uma quadra coberta publica.
Fizemos o primeiro CEU no Jardim Santa Brígida. Depois no Jardim Água Boa, João Paulo II, Parque das Nações II, Jardim Clímax, Maracanã, Quarto Plano, Reserva Indígena e Cachoeirinha. Contemplamos todas as regiões da cidade. E fizemos o Ginásio de Esportes Municipal Ulisses Guimarães e o Pavilhão de Eventos Mauro Rigotti, que há muito tempo está completamente abandonado.
Foram feitas tantas salas de aulas quanto todos os administradores tinham feito anteriormente. Zeramos o déficit escolar.
Na segunda administração fizemos o CEU do Jardim Flórida, mas um segmento estava faltando: atender os excepcionais. Foi quando tivemos a oportunidade de fazer a escola da Pestalozzi, inaugurada em 20 de dezembro de 2000.
Mas porque CEU? Fomos criados desde o nascimento com a idéia que o melhor é o Céu. Ninguém quer ir para o inferno. Nem os pecadores.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Batom dos Meio-fios-23/10/2008

O Batom dos Meio-fios
Braz Melo (*)
Corto o cabelo com o Zé do antigo Salão dos Artistas, em sua barbearia ali na Rua Bela Vista. Toda vez aproveitamos pra relembrar casos antigos. Ele foi um dos primeiros barbeiros que cortou meu cabelo aqui em Dourados ha quase 40 anos. Já cortei o cabelo com o Toninho, o Souza e o Cabral. Cada um em períodos.
Lembrando das primeiras ações na prefeitura, logo me perguntaram como surgiu a idéia de pintar sempre o meio fio com cal, e não só quando vinham autoridades ou tinha desfile em nossa cidade.
Todo mundo sabe que Dourados, por causa da terra vermelha, que representa terra boa, se torna suja, encardida. Imagina aquele tempo, quase vinte anos atrás, com poucas ruas asfaltadas e os ônibus, veículos e bicicletas trazendo toda poeira e barro para o centro da cidade.
Tinha sido eleito, em uma eleição memorável e um dos compromissos era limpar a cidade, que falavam ser a mais suja do Brasil. Precisava dar um choque de limpeza em nossa Dourados. Era compromisso nosso, assim como retirar os camelôs da Praça Antonio João e acabar com o déficit escolar.
Depois de consertar os caminhões d’água que tinha a prefeitura, começamos a operação limpeza, inicialmente pelo centro da cidade.
Combinei com o Egon Simm, Secretário de Serviços Urbanos e Osvaldo Basé, que eram os responsáveis pela árdua missão de limpar Dourados. Foi marcado pra fazer a faxina depois das 10 da noite, para não atrapalhar o comercio e o transito. Foi difícil, mas terminamos antes das 4 horas da madrugada.
Vim em casa, tomei um banho e fui trabalhar. Cheguei na “pedra” (na Avenida Marcelino Pires, entre a Avenida Presidente Vargas e Rua João Rosa Góes), local de encontro de corretores, compradores de gado e pessoas que gostam de saber e falar sobre os últimos acontecimentos da cidade. Parei em frente ao Bar Luchessi. Entrei no papo deles e nem tocaram no assunto da limpeza onde eles estavam pisando. Foi uma grande decepção pra mim.
Saí dali e senti que a limpeza tinha de ter um “algo mais”. As ruas estavam tão encardidas que não aparecia qualquer limpeza. Foi quando surgiu a idéia de pintar o meio fio com cal, pois chamaria a atenção das pessoas que por ali passavam e veriam que foi feita a limpeza do local. Pintura com cal só era feito nos dias de desfiles ou quando vinha autoridade nacional ou estadual na cidade. E isso era uma vez por ano.
Logo fizemos outra lavagem do centro, só que agora com a pintura de cal após.
Não deu outra. No outro dia quando parei o carro em frente ao café, já foram me perguntando qual autoridade viria hoje na cidade. Foi um impacto agradável, para os olhos e também para o amor próprio do douradense.
O mais difícil era limpar a Rua Hayel Bon Faker. Apesar de ter uma turma exclusiva para aquela região e como era muito comprida, ao chegar perto da W-18 sempre chovia e perdia-se o trabalho todo. O Basé ficava bravo, mas com carinho começava tudo outra vez. Eu brincava sempre, que nós éramos pagos pra isso. Nós limpávamos e a chuva, que era tão esperada pelos agricultores, sujava.
A limpeza era constante no centro e entradas da cidade. E periódica nas ruas de Dourados.
Claro que os adversários (naquela época tinham) quiseram botar defeitos e até me apelidaram de BrazCal, BrazTintas e outros apelidos, mas o importante é que a partir dessa época ninguém consegue limpar as ruas sem ter uma lata de cal do lado.
E hoje em todas as cidades brasileiras usa-se a cal como o batom dos meio-fios.

Urbanização e Traçado de Dourados- 16/10/2008

Urbanização e Traçado de Dourados

Braz Melo (*)

Dourados é uma cidade especial. E todos visitantes se maravilham ao chegar aqui. Cheguei aqui em 1973, e apesar de ter poucas ruas asfaltadas já chamava a atenção o seu traçado e sua urbanização. Parecia um tabuleiro de xadrez.
Nesta época não existia o contorno sul (ligação BR-163 com BR-463). A cidade começava no Ubiratan e terminava na Vila Popular. Não existia o Jardim Água Boa, mas os seus quarteirões de 100 por 100 metros e ruas de 30 metros de largura chamavam a atenção de todos. Até a Rua Aquidauana era assim. A Avenida Marcelino Pires é a única com 40 metros. Da Rua Duque de Caxias pra frente diminuíram as ruas pra 20 metros. Acredito que não precisava mais que isso.
Um dos defeitos (se existe) são as ruas serem construídas no sentido leste- oeste, que de manhã e a tarde, o sol castiga os nossos olhos e atrapalha a visão, dificultando os motoristas. Os acidentes normais de Dourados, geralmente, acontecem nesses horários.
Outra dificuldade deste traçado é que as ruas não têm fim. Um amigo meu dizia que a Avenida Marcelino Pires era a maior avenida do mundo. Começava em Cuiabá e terminava em Ponta Porã.
Foi uma das razões que construímos as rotatórias, pois além de podermos virar à esquerda, diminui a velocidades dos veículos. Não sei hoje, mas até a pouco tempo, os técnicos do DETRAN não gostavam das rotatórias. Só que elas diminuíram os acidentes em nossa cidade. E hoje em muitas cidades da nossa região fazem as rotatórias que copiamos de Goiânia. Na França, na Itália existem rotatórias imensas. A do Arco do Triunfo passa seis carros ao mesmo tempo.
Aqui, retiraram a rotatória da Hayel Bom Faker com Weimar Torres, porque na hora do pico (das 12:40 hrs as 13:30 hrs) dava um pequeno engarrafamento. Era só colocar a Guarda Municipal lá e organizar o transito “in-loco” naquele horário. Quem vem na Weimar e precisa entrar pro BNH 3 saiu prejudicado. E quem vem da Hayel, e quer ir pro Flórida?
Em compensação, construíram uma em frente ao DETRAN e duas em frente à Prefeitura, estas tão pequenas, que para diminuir o fluxo, tiveram de colocar um quebra molas na saída delas.
Através do José de Azevedo (ex-prefeito de Gloria de Dourados) conseguimos, também em Goiânia, as primeiras mudas de flores que foi feita a adaptação para nossa região. Quem imaginava Dourados, a cidade mais suja do Brasil (como dizia meu amigo Deputado Sultan Rasllan), com flores e cheirosa. Para isso precisava impedir que o barro e poeira fossem trazidos pelos ônibus e veículos. Foi quando asfaltamos todas as linhas de ônibus de Dourados. Ficou faltando 300 metros no Jóquei Clube.
Outro problema clássico de nossa terra: os bairros não eram interligados. Quem precisava ir do Jardim Itália ao Jardim Água Boa tinha de subir até a Rua Monte Castelo. Aqueles que moravam no Conjunto Izidro Pedroso e estudavam na Escola Estadual Maria da Gloria, que fica a 400 metros de distancia, por causa do córrego Paragens, tinham de andar 5 km para chegar à escola, passando pela Avenida Joaquim Teixeira Alves. Fizemos a travessia da W-5.
Depois foram feitas outras ligações que diminuíram os trajetos. W-11, W-9 com o Jardim Itália. Também ligamos o Jardim Londrina com a Rua Itamarati, pela Rua Napoleão Laureano.
Entre os Parque das Nações 1 e 2 fizemos o túnel na marra, pois o DNER não queria autorizar. Abrimos numa sexta feira anterior ao carnaval, aproveitando os feriados e quando deu quarta feira da paixão já estava a terraplenagem feito.
O maior problema hoje de nossa cidade em sua infra-estrutura é a falta da Perimetral Norte. E com a duplicação da rodovia Dourados-Itaporã, pelo Governo do Estado, vai engarrafar ainda mais o transito na Av. Presidente Vargas. O Deputado Federal Geraldo Resende informou que conseguiu colocar uma emenda de bancada para os anos 2009, 2010 e 2011(Que beleza!), com um total de R$ 50.400.000,00 (Em torno de 30 milhões de dólares).
Em 1992, quando prefeito, conseguimos através de uma emenda federal a importância de 250 mil dólares. Iniciamos a limpeza e terraplenagem de perto de dois quilômetros. E muita gente achou que daria pra fazer a obra toda. Esta emenda vem mostrar que o custo da obra é 100 vezes mais do que veio na época. Ou melhor, o recurso que veio representava 1% da obra. Nada como um dia atrás do outro.
Mas, o importante é que Dourados é uma cidade especial para se viver. Como dizia minha mãe, pra ser a melhor cidade do mundo, só faltava ser a beira mar.

Lições desta Eleição- 09/10/2008

Lições desta Eleição

Braz Melo (*)

Acabaram as eleições e aprendemos novas lições. É um eterno aprendizado. Felizes aqueles que aprendem com isso. Não só aprendem os que perdem, mas o que ganham também.
Aqui em Dourados, tivemos uma grande lição.
No inicio, poucos acreditaram na candidatura do deputado Ari Artuzi. Quando ele decidiu ser realmente candidato, após a surpreendente votação para deputado estadual, levaram-no para o PMDB com o intuito de monitorá-lo. Entrou por vias indiretas (Via Campo Grande), não agradando o diretório municipal do PMDB, porém em pouco tempo, com sua simplicidade e trabalho, já tinha conquistado quase todo o diretório municipal. Como o projeto da cúpula estadual não era fazê-lo prefeito, menosprezaram-no e fizeram tudo para desmoralizá-lo. Tentaram fazê-lo de gato e sapato, mas quando sentiu do que estavam tramando contra ele, foi para o PDT. E só foi por sentir que o estavam realmente fritando em fogo brando.
Com a história de que o Governo do Estado nunca ter perdido quem apoiava para a prefeitura daqui, acreditavam que ele não agüentaria a pressão de cima para baixo. Ledo engano.
Enquanto os outros pensavam o que fazer, ele já tinha feito há muito tempo. Continuava a conversar com o povo e desde então já pedia seu voto. E ele era o único a defender o povo sofrido que em oito anos tinha perdido o direito de ter uma simples consulta médica em poucos dias. A filha de nossa empregada ficou um ano para ter uma consulta de vista. E quando a lâmpada queima no poste em frente a sua casa, não mais se troca em 24 horas. A própria recepcionista da Secretaria de Serviços Urbanos informava que o prazo para trocá-la era de dez dias. As lâmpadas da frente da minha casa estão há dois anos apagadas.
A administração atual acreditava que estava tudo bem, o que acredito que seus responsáveis há muito tempo não vão à feira livre ou a um campo de futebol. Só foi entender quando abriram as urnas e seu partido que tinha quatro representantes, ficou com um vereador só. Assim mesmo, pela sobra e “sub-judice”. E com a menor votação dos que entraram.
E a proporção de 75% de renovação também foi para a Câmara como um todo. Só três voltaram.
E o PMDB do governador que poderia ter feito o seu prefeito, com a saída do Artuzi foi atrás da Bela Barros para compensar sua falta, e não sei por que, deixou escapar o Marcelo Barros, filho dela e do ex-deputado Roberto Djalma, secretário geral do PMDB local, para o DEM. Foi um dos mais votados e teria somado bastante na legenda, que cada vez, vai ficando mais franzina em nossa cidade. Até nos votos de legenda perdeu para o PP, que não teve nem candidato a vereador. Se não fosse D. Delia teria passado vergonha.
O nosso vice-governador acreditou na “escrita” de que o Governo sempre fez o prefeito de Dourados. Queria o apoio dos líderes, mas nunca apareceu com eles. Só aparecia com o governador. Dava a entender que todos deveriam votar nele pela competência. Nem precisava pedir votos. Será que novamente queria ganhar sozinho?
Agora é agüentar as cobranças do governador. E lembrar que até os milagres de Jesus não eram feitos sem os beneficiados pedirem.
Ao prefeito eleito Ari Artuzi, fica a esperança de que os compromissos assumidos sejam cumpridos. Claro que não será fácil, assim como foi a eleição. Ganhar foi fácil, tocar é que é difícil.
Agora é pegar a vassoura e começar a limpeza, pois há muito tempo não varrem em frente das nossas casas.

Balanço 2007 da Prefeitura de Dourados- 25/09/2008

Balanço 2007 da Prefeitura de Dourados

Braz Melo (*)

Fui até a Câmara Municipal e pedi uma cópia de parte do Balanço Financeiro da Prefeitura Municipal de Dourados, enviando por esta, como manda a lei, para aquela entidade Legislativa.
Entre outros, pedi o anexo 16, que traz as dívidas fundadas da Prefeitura. Lá pude constatar que a atual administração já endividou em mais de 80% do que todos os prefeitos anteriores somados em 65 anos de emancipação político-administativa.
Vamos por parte. Em 2001, ao assumir o cargo, o atual Prefeito de Dourados fez o maior escarcéu, dizendo que tinha pegado uma prefeitura devendo uma barbaridade. Falava em 170 milhões. Lembram-se?
Em 2002, ao entregar o balanço de 2001 (já dentro do seu mandato), informava que a dívida em 31 de dezembro de 2000 era R$ 78.639.713,58.
Assinado por ele. Quase 100 milhões abaixo do que ele alardeava.
E a mentira, de tanto ser ouvida, passa a ser verdade perante aqueles que ouvem. E pior, tem gente que passa a acreditar na sua própria mentira.
A dívida em 31 de dezembro de 2007, como esta escrito no Balanço, e assinado pelos responsáveis pelo documento, chegou a R$ 118.724.202,46. Somados aos R$ 25.000.000,00 autorizados pela Câmara em toque de caixa há poucos dias, totalizam R$ 143.724.202,46. Dividindo este número pelo de 31/12/2000, chegamos a mais 83%. Sem contar o ano inteiro de 2008, assim como o precatório do Banco Pontual, que a atual administração conseguiu adiar sua execução. Não a dívida, que hoje já se fala em R$ 53.000.000,00.
Claro que pagou bastante. Como todos os outros pagaram. Isso é obrigação do administrador.
A dívida que o atual prefeito deve deixar chega perto, ou quem sabe, passar do dobro, do que todos os prefeitos anteriores deixaram. Juntos.
Mas, o mais absurdo é que ninguém fala nada. Você já ouviu alguém comentar sobre isto? Dos vereadores, que já devem ter aprovado este balanço, não ouvi nenhum comentário.
E foi assim durante os sete anos já passados. Nem da imprensa investigativa. Nem dos candidatos que disputam o voto suado dos eleitores. Estranho, muito estranho.
Será que é falta de conhecimento? Ou é falta de interesse? Talvez por isso que chegamos a dez dias da eleição e muitos estão em dúvidas em quem votar até para prefeito.
Tem candidato a prefeito que talvez precise de 21 votos, como eu precisei para vencer em 1988, e com esta cobrança teria conseguido seu intuito. Voto não cai do céu.
Com estratégias erradas, tem coligação (mais de uma), que não entendeu que nesta eleição só tem três legendas fortes. A dos candidatos a prefeito. Na eleição municipal, todos saem de casa para votar no prefeito. Só os parentes é que saem pra votar nos vereadores. Saem de casa pra votar no 12, no 13 ou no 25. E o primeiro voto é dado para o vereador.
Já que o programa eleitoral não explica isto, os coligados que não têm candidatos a prefeito devem ensinar aos seus eleitores que primeiro vota-se no número do candidato a vereador e só depois, no candidato a prefeito. Tem de ser muito didático. Se não, vai ter legenda tão cheia de votos, que pode fazer um vereador só na legenda. Pensem nisso!

Isolamento Estratégico de Dourados- 18/09/2008

Isolamento Estratégico de Dourados

*Braz Melo

Há muito tempo, Dourados tem sofrido um interesse dos políticos de outros municípios em tirar a força desta região. Nem vou falar da política, que é só lembrar quantos representantes nós já tivemos e quantos nós temos atualmente.
Ainda no Governo de Mato Grosso, no mandato do ultimo governador, Garcia Neto ao iniciar a obra de asfaltamento da Rodovia que liga Dourados a Casa Verde, passando por dentro da Colônia Federal e Nova Andradina, e chateado com a confirmação da divisão do Estado, mandou iniciar a obra por Casa Verde até Nova Andradina, fazendo com o que os habitantes daquela região, em vez de vir para Dourados fazer suas compras, como de costume, foram se deliciar através do novo asfalto para Presidente Prudente. E gostaram.
Instalou-se então o Estado de Mato Grosso do Sul, e Dourados passou a ser a segunda cidade. Em população e importância.
Foi escolhido como seu primeiro governador, o engenheiro civil Harry Amorim e nem deu tempo pra planejar o novo Estado. O prefeito de Campo Grande Marcelo Miranda foi indicado pelos senadores Pedro Pedrossian, Mendes Canale e Rachid Derzi, como novo governador. Também ficou pouco tempo e então foi nomeado o senador Pedro Pedrossian, como governador do Estado de Mato Grosso do Sul.
Após essas nomeações, tivemos as primeiras eleições para governador de Mato Grosso do Sul, ganha pelo Dr. Wilson Martins. Na segunda eleição ganhou Marcelo Miranda, e na outra ganhou Pedro Pedrossian.
Tive de recordar um pouco este período, para poder explicar o nosso isolamento estratégico no cenário do novo Estado, na primeira etapa de 20 anos de Mato Grosso do Sul.
Pedrossian, como governador nomeado, fez o asfalto de Guaíra a Ponta Pora, o famoso Guaíra-Porã, que retirou todo o comercio e serviços desta vasta região de nossa cidade para usufruírem das cidades do Paraná.
Maracajú sempre usou Dourados como ponto de apoio para solução de seus problemas. Veio o Dr. Wilson e começou a construir a rodovia Maracaju- Campo Grande. Nunca mais o povo de Maracajú usou Dourados como referencia. Os moradores de Bela Vista sempre fizeram suas consultas com os médicos de Dourados. Com este asfalto, ficou mais fácil ir para Campo Grande do que vir pra cá.
Marcelo Miranda começou o asfalto de Naviraí a Ivinhema diminuindo as passagens forçadas por nossa cidade.
Voltou Pedrossian, e para completar, fez a ligação asfáltica de Itaporã a Douradina. O povo de Itaporã que vai pra Campo Grande, não precisa mais passar por Dourados. Nem cafezinho toma mais em nossa cidade.
Dourados ficou estrategicamente isolada. É só olhar no mapa do estado.
Hoje somos uma cidade de serviços e com diversas universidades. E por isso, muitas dessas cidades voltaram a usar os nossos préstimos. Ainda mais agora que a UFGD conseguiu as maiores notas de conceito do ENADE em Mato Grosso do Sul.
Temos uma faculdade de Medicina, mas não temos nenhuma especialização em nossa cidade. Os estudantes são obrigados a fazer residência em Campo Grande, Prudente e São Paulo. É hora de, em convenio com a prefeitura, Dourados ter especialização em Homeopatia, que hoje nós somos referencia e em Programa de Saúde da Família. Podemos ser a Cuba brasileira em saúde publica. Só assim, teremos o curso de Medicina funcionando cem por cento, pois estudos nos alertam que 90% dos médicos se instalam onde fazem suas residências. Além de formar, temos de usufruirmos dos melhores futuros médicos.
Na parte política, nem precisa fazer analises profundas, já que além de termos poucos representantes, estamos sem lideres. Só o Deputado José Teixeira se preocupou nas eleições passadas em fazer vereador. Fez o Sidlei Alves. Os outros são lideres deles mesmos. Nunca se esforçaram em fazer um vereador.
Campo Grande está feliz.

Demarcação de terras indígenas- 11/09/2008

Demarcação de terras indígenas (ou Saudades de Getulio Vargas)
Braz Melo

Recebi, pelo Orkut, de uma filha de amigos meus, a Mayara, que estando nos Estados Unidos estudando e trabalhando, fez uma cobrança sobre meu posicionamento em relação à demarcação da terra indígena em nosso Estado. Alertava sobre a possibilidade de outros países terem interesse em nossa região e também no aqüífero guarani, que vem desde Ribeirão Preto, até nossa região e chegam ao Paraguai, Uruguai e Argentina, constituindo na maior reserva de água subterrânea do mundo. Este oceano de água doce que está a maior parte em território brasileiro, daria para abastecer a população brasileira de água potável durante 2.500 anos. E todos sabem, que mais importante do que petróleo é água, pois o homem não vive sem ela.
Tinha estado, na ultima sexta-feira, na Câmara Municipal de Dourados, na audiência publica sobre a demarcação de terras, e vi principalmente os fazendeiros, bastante ansiosos e preocupados. Os indígenas que ali estavam, demonstraram que não tinham interesse em tirar terra de ninguém, mas como diz o ditado: “O que cai na rede é peixe”.
E onde eu tenho andado, não se fala em outra coisa. Cada um com sua idéia do que, e quem está por trás disto. Um amigo me falou que os Estados Unidos querem se fortalecer na fronteira dos países que fazem divisa com o Brasil, e que já demonstraram interesse em ser contra eles (caso da Bolívia e Venezuela).
Outros falam sobre Roraima e sua Raposa Serra do Sol. Sobre nióbio, plasma e fusão nuclear. Sobre a invasão de norte americanos e japoneses naquele estado. Faz-me recordar de Getulio Vargas, que por muito menos, ao visitar nossa fronteira em 1943 e ao ver nossa região invadida pelo idioma guarani, criou o Território de Ponta Porã, a Colônia Agrícola Nacional de Dourados e doou terrenos de 30 hectares a perto de dez mil famílias brasileiras, para manter a soberania brasileira. Foi o primeiro passo para o desenvolvimento de nossa região.
Aqui já invadiram terras do Deputado José Teixeira, e poucos dias atrás invadiram a fazenda do Ex- governador Pedro Pedrossian em Miranda, entre outros. Lembro-me de que em 1980, pedimos e o Governador Pedro Pedrossian autorizou o Dersul a construir uma lagoa para os índios, na Reserva Bororo. Depois de pronta, conseguimos alevinos e peixes para aquela lagoa.
Naquela época, era difícil entrar, e principalmente fazer alguma obra na Reserva, mas acredito que tenha sido uma grande benfeitoria para a aldeia. Mais tarde conseguimos fazer muitas outras obras, como o CEU Tengatui Marangatu, o Posto de Saúde, a Sala de Cirurgia, as Escolas do Panambizinho, do Carlito, entre outras.
Em 1986, eu era vice-governador, e um dia, sem mais nem menos, surgiu o Ministro da Justiça Nelson Jobim em nossa cidade, sem sequer avisar, como manda o protocolo, as autoridades. Nem a governadoria sabia. Fomos saber no outro dia, pela imprensa. O aeroporto de Dourados estava em ampliação. O avião do Ministro desceu em Ponta Porã, e de lá pegou um carro e se deslocou até a aldeia Panambizinho. Dizem que assinou o decreto de demarcação a luz de lamparina.
Junto aos Senadores Ramez Tebet, Ludio Coelho e Levi Dias e outros políticos, conseguimos falar com o Ministro da Agricultura Iris Resende, que nos apresentou o Presidente da FUNAI, Sr. Sulivan Silvestre, e que nos atendeu com toda fidalguia.
Diversas vezes estivemos em Brasília com ele, juntamente com uma comissão dos fazendeiros interessados e o Deputado Valdenir Machado. Não tínhamos interesse em resolver só o problema dos fazendeiros, mas de ajudar a solucionar um problema criado pelos administradores e políticos desde a sua criação, já que os índios foram levados para aquele local, pois não tinham nascidos na Reserva de Dourados.
Conseguimos trazê-lo em Dourados duas vezes. E o tínhamos convencidos que o ideal para todos era adquirir duas áreas de cinco mil hectares cada e deixaríamos a disposição de duas etnias, das três que vivem na Reserva de Dourados atualmente.
Com isso começaríamos a resolver os dois maiores problemas da Reserva de Dourados. Falta de terra, já que a Reserva Indígena de Dourados, criada em 1917, com 3.475 hectares, abriga hoje mais de onze mil índios, sendo mais povoado que trinta e dois municípios sul-mato-grossense e pelo conflito de cultura, já que três etnias na mesma área gera suicídios, alcoolismo e depressão.
Infelizmente, Sulivan Silvestre veio a falecer em um acidente de avião e não conseguimos solucionar da maneira que achávamos melhor naquela época.
Hoje, os fazendeiros do Panambi estão em Juti, muitos deles em depressão. As terras desapropriadas do Panambi viraram uma quiçaça, e os problemas dos índios da Aldeia Panambizinho só aumentaram de tamanho.
Hoje o problema é bem maior. Os antropólogos da FUNAI defendem a demarcação de números extraordinários, criando transtornos, além de demarcações indevidas e absurdas, problemas econômicos para o Estado.
Mas a proposta para a Reserva de Dourados pode servir de inicio de solução dos problemas maiores.
Por isso, temos de pensar muito antes de tomar uma decisão, como o Ministro da Justiça Nelson Jobim tomou.
Para que a gente não precise virar o rosto toda vez que ele aparece na televisão, já que hoje ele é o Ministro da Defesa do Brasil.