quinta-feira, 30 de abril de 2009

ACAMPAMENTOS

Isaac Duarte de Barros Junior *

Nos movimentados acampamentos saudosos, dos primeiros desbravadores técnicos em abrir estradas, montados no flanco das matas prolixas douradenses, nas faixas abertas de malhas vicinais no começo dos anos quarenta do século findo, trabalharam diversos engenheiros e topógrafos, acompanhados de muitos peões robustos. Nesse tempo, cultivava-se de maneira saudável e fraternal, o auxilio poroso do pioneirismo. Esses trabalhadores, muitas vezes auxiliaram nas necessidades de medicamentos, os nossos primeiros colonos agricultores acampados a margem dessas rústicas estradas. Tais acontecimentos se deram, enquanto essas centenas de brasileiros esquecidos abriam nas trilheiras nativas os caminhos do progresso. Enquanto esperavam ansiosos juntamente com as suas famílias, o momento de ingressarem na posse das terras que lhes seriam doadas, os migrantes ofereciam seus serviços braçais.
Diversos desses povoadores, na sua maioria nordestinos de nascimento, trabalharam temporariamente como contratados cortadores de machado e foice, abrindo as primeiras picadas nas trilhas que eram traçadas. Nesse tempo em nossa região progressista, o direito de posse numa propriedade, fosse de quem fosse, era respeitado e reconhecido pelos ordeiros migrantes retirantes das terras cálidas, os quais aguardavam pacientemente o momento de receberem o seu pedaço destinado nas glebas devolutas. Hoje, os “cabeças chatas” daqueles tempos, são reconhecidos como os fundadores de muitos municípios sulmatogrossenses.
Diferente da estranha política agrária aplicada pelo governo federal no momento, bem antes de iniciar muitos dos atuais distúrbios no campo, havia tranqüilidade na roça, e, qualquer chefe de família com seus filhos na idade adulta trabalhavam em parceria rural nas lavouras, calejando as mãos, ou até como peões de outros colonos já assentados. Enquanto labutavam sob o calor do sol inclemente daqueles dias, esses desbravadores aguardavam a liberação do seu quinhão de terra, para amanhá-la plantando e em seguida colher. Feita a colheita, vendiam ou trocavam os grãos produzidos, alimentando as pessoas da zona urbana, onde sempre existiam compradores interessados nas suas mercadorias.
Para alguns colonos que optaram pela pecuária, havia muita terra produtiva, e nestas tendo implantadas benfeitorias com pastagens formadas, geralmente elas se tornavam propriedades valorizadas, sendo muitas delas posteriormente compradas, se fosse essa a vontade dos empresários interessados em importar e exportar a carne vacum. Essas áreas produtivas, na fase da colonização, historicamente, jamais foram invadidas por gente desclassificada como as que vemos invadir terras dos outros agora. Na verdade, essas pessoas de mau caráter, direcionadas por pseudos intelectuais da atual política agrária, incentivam pessoas que simplesmente nunca trabalharam no campo, a invadir propriedades rurais.
No transcorrer dos anos, a zona rural se desenvolveu bastante e os bem vindos acampamentos daqueles barnabés das estradas foram desmontados após a missão cumprida. Muitas dessas faixas vicinais transformaram em estradas estaduais asfaltadas, cruzando rodovias federais. Entretanto, com o tempo passando, sob o olhar espantado dos novos empreendedores rurais, na maioria agricultores vindos do sul brasileiro, eles assistiram serem montados novos acampamentos à beira de quase todas essas estradas. Ameaçadoramente, seus ocupantes, invadiam e queimavam, matavam ou causavam enormes prejuízos. Pelo que fui informado por ruralistas plantadores, todos esses malfeitores do século vinte e um receberam a alcunha de os “sem terras”.
Bandoleiramente, esse grupelho agora leva desassossego e temor ao campo. Inclusive, para o interior das áreas reservadas aos nossos pacatos indígenas honestos. Suas presenças malévolas, incentivadas pela esquerda radical incendiária, acabaram depois de tantas invasões depredatórias, semeando o medo e desconfiança nos produtores rurais, fazendo a classe dos ruralistas se unirem e investir em seguranças particulares, produzindo com esses gastos menos do que poderiam produzir plantando.
Assim, enquanto esses facínoras disfarçados de agricultores recebem auxilio médico e alimentos, parte deles seguem organizados em bandos, postando-se vadiamente com suas famílias em estado lastimável na frente de propriedades produtivas, tramando como quadrilheiros qual o melhor momento para invadir uma propriedade rural. E se nada for feito para coibir esses abusos, que contenham esses seres ensandecidos, untados pelo ódio das mágoas de diferenças sociais como estão lambuzados; os alimentos inevitavelmente irão faltar nas mesas, porque eles nada produzem. Desgraçadamente para a nação, também não deixam ninguém e quem quer produzir, fazê-lo em paz.
Melhor analisando os últimos lamentáveis episódios dessa briga campal, creio que esses avanços vândalos, resultarão na falta gradativa de produtos cada vez maior nos mercados. E se antes os favelados pilantras urbanos, urdiam roubos nas suas malocas, transformando-as em um covil temporário, a violência agora se interiorizou nas regiões brasileiras, incluindo a nossa. Creio que uma grande parte deles, tem personalidade voltada para o crime e está se deslocando rumo á zona rural. Pior, é que as nossas matas douradenses desapareceram e as poucas reservas florestais estão sendo danificadas por iniciativa de beócios. Certamente, com esse último gesto depredatório impertinente, o futuro da pecuária e da agricultura que assentaram os pilares de Dourados está desoladoramente condenado...

advogado criminalista, jornalista.
e-mail : isane_isane@hotmail.com

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