quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Rua da briga

Na semana passada, recebi um presente daqueles que eu não esperava alguém ainda ter para dar: uma pasta com boa parte dos convites e fotos das obras que executamos na primeira administração.
Obrigado, Wellington. Só seu pai, meu amigo Harrison Figueiredo, poderia ter guardado esta lembrança. Aprendi muito com ele. Principalmente em gostar desta cidade e de quem gosta dela. Nesse dia também fiquei sabendo, que a Câmara de Vereadores já tinha aprovado o nome do Harrison na rua que antes era o Corredor Publico, ali no Jardim Santa Maria, entre a Rua Major Capilé e Avenida Marcelino Pires. E importante, faz esquina com as Ruas Wilson Dias de Pinho e Juscelino Kubitscheck. Pertinho do Monumento ao Colono, que ele muito me incentivou a construir.
E lendo alguns desses convites, é que me lembrei de um agradecimento que recebi há muito tempo depois, ao visitar um amigo que estava muito doente, com mal de Alzheimer, e já nem me conhecia, quando sua esposa disse que agradecia a mim, por ter sempre colocado extensivo à família, os convites que mandava para essas realizações.
Por eu sempre estar com a minha família nas inaugurações, fazia com que os companheiros levassem as suas também.
Na primeira administração fizemos asfalto em quase todas as linhas de ônibus. Era inauguração todo fim de semana. Faltaram somente 300 metros para fazer lá no Jardim Jóquei Clube.
Porque asfaltar a linha de ônibus? Porque era a rua com maior numero de casas e de maior movimento do bairro. Além do ônibus, por ali é que passavam mais automóveis, carroças, bicicletas e até a pé. Também era importante para a limpeza da cidade, pois sem o asfalto, a poeira e o barro eram levados pelos pneus dos veículos. Como faltava asfaltar muitos bairros, foi a maneira mais democrática de escolher onde asfaltar. Isso sem contar na expectativa do morador das ruas próximas, que passou a ter esperança do asfalto chegar logo à frente de sua casa.
Acredito que tenha sido uma das obras mais importantes que executamos naquela ocasião. Quem imaginaria, naquela época, ter asfalto no Parque ll, no Jardim Santa Maria, Vila Erondina ou no Jardim Piratininga? Valorizou o seu imóvel e aumentou a auto-estima da periferia douradense.
Entre bairros e linhas de ônibus foram quase 120 quilômetros de ruas asfaltadas dentro de Dourados. Asfaltamos também nos Distritos de Vila Vargas, Indápolis, Panambí e Itaum. E tudo isso com recursos próprios.
Ao iniciar o serviço no Parque das Nações ll, o secretário de obras Antonio Nogueira teve de fazer uma viagem para visitar seu pai em Goiás, e eu cedinho, expliquei aos encarregados por onde passaria o asfalto naquele trecho. Errei ao falar em qual rua passaria. Em vez da S 30 (hoje Rosemiro Rodrigues Vieira), falei na S 28 (hoje José Mendes).
Quando voltei após o almoço, boa parte da terraplenagem da caixa da Rua S 28 já estava feita, e todas os seus moradores estavam felizes. Mandei parar e preparar a rua que realmente deveria ser aberta.
Durante uma semana, os moradores da S 28 não me deram trégua. E como passava pelo menos uma vez por dia nas obras, todos os dias eles pleiteavam o asfaltamento daquela via. Pressionaram-me e de tanto me perturbarem, acabei cedendo e autorizando a fazer esta rua também. Acertei com a empresa de ônibus que na ida passava por uma e na volta passava pela outra. Apelidei aquela rua de Rua da Briga.
Outro caso pitoresco, foi que no prolongamento da atual Rua Justino Amaro de Matos, entre as Ruas Joaquim Teixeira Alves e Onofre Pereira de Matos, uma senhora de idade não deixou que fizesse o asfalto, porque como era corredor publico, não tinha 8 metros de largura. Queria que o corredor fosse da mesma largura das outras ruas. Não teve ninguém que a convencesse. Nem eu, nem os vizinhos. E o asfaltamento era de graça.
Está sem asfalto até hoje.

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