terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O que os pais desejam para seus filhos

Braz Melo (*)
Todos os pais têm os seus sonhos para com seus filhos. Mesmo antes de nascer, a maioria já tem a sua preferência. Uns querem que nasça homem, outros que seja mulher. E tem alguns que ficam desiludidos com o nascimento diferente do sexo que ele gostaria.
Nascido, antes de dar os primeiros passos, o pai já compra a camisa de seu time do coração e começa a torcida para que ele siga a mesma equipe dele. O pai pode torcer até pelo Clube Atlético Juventus, que ele não aceita que seu filho torça por outra agremiação. Se o pai torcer por um dos grandes times paulista, não admitirá de maneira alguma que o menino torça por um dos rivais. É um grande desgosto para alguns pais, que seu filho torça para o São Paulo, sendo ele Palmeirense.
Mas isso é só o inicio.
Anos depois, no natal, o guri tem uma vontade imensa de ganhar uma bicicleta, mas seu pai lhe dá um jogo de botões especialmente feito para ele, com as cores do Juventus. E a mãe o presenteia com um par de abotoaduras de madrepérola. Esquece que nem camisa de manga comprida ele tem ainda.
O pai desde criança já escolhe a profissão de seu filho. O Junior vai ser médico! E fica sonhando com o menino de calça, jaleco e sapatos brancos, com um estetoscópio pendurado no pescoço. Quando a criança chega ao ensino fundamental e descobre que o Juninho não pode ver sangue que quase desmaia, fica completamente desesperado e parte para o plano B. Vai ser engenheiro! Construir casas. A verdade é que os pais (e as mães também) querem impor aos seus filhos a vontade deles. Normalmente, querem que seus filhos façam o que eles gostariam de ter feito, quando tiveram a oportunidade de fazerem seu vestibular e por algum motivo não o fizeram.
Presentes? Filho não tem gosto. Querem dar para seus filhos o que queriam ter ganhado quando crianças e não ganharam.
O menino vai crescendo e já se interessa por alguma coleguinha da escola. O pai fica todo orgulhoso, mas a mãe já fica imaginando os dois no altar casando e se a noiva (já a vê como tal) vai roubar seu filho. Começa a achar defeito na menina. Não vê que o primeiro amor de um garoto, a menina nem sabe que está sendo namorada.
O pai, apaixonado por futebol, leva-o para uma escolinha de futebol e quer que ele seja centro-avante. O menino queria mesmo era jogar de goleiro. Ser um novo Rogério Ceni. Claro que não deu certo com o futebol.
Vem o vestibular e o Junior tenta passar em Engenharia, como os pais gostariam. Tenta três vezes e nada. Começa a desconfiar que não é bom em matemática e tenta fazer Letras. Passa na primeira tentativa, mas o pai quase tem um enfarto.
A situação financeira da família fica um pouco mais apertada e ele tem de ajudar no orçamento familiar. Procura emprego e acaba tendo a ajuda de um amigo, que o apresenta a um tio, dono de uma oficina de recuperação de motos, para auxiliá-lo como mecânico.
O tempo passa e já namora firme com a filha do dono da oficina que trabalha. Sua mãe ainda não descobriu que uma regra familiar elementar é que quem tem um filho, ao este se casar, o perde para a família da noiva. E quem tem uma filha, acaba ganhando um filho, quando esta se casa.
Os pais têm de saber que a maior herança que podemos deixar para nossos filhos é a educação, mas devemos os deixar escolherem o que querem fazer.
O Junior acaba se formando em Letras, mas ele é mesmo um senhor doutor em mecânica de motos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário