quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O chamado veio dobrado

Braz Melo (*)

Outro dia encontrei com uma senhora num posto de gasolina, que disse que lia sempre meus artigos e que eu deveria passar isso para um livro, já que tem diversas crônicas e também me pediu para eu diminuir os relatos pessoais. Fica difícil, pois eu conto o que eu vivi e o que eu assisto ou assisti. Mas obrigado pela sugestão.
Quando eu falo que estamos aqui por vontade de Deus, muitos ainda duvidam. Pois não é que no domingo ele chamou o meu amigo João Góes, companheiro antigo e que vindo do Nordeste para ajudar na implementação da Colônia Agrícola de Dourados, passou por Gloria de Dourados e veio se enraizar em Dourados com toda sua prole. Com esposa e quinze filhos deixa-nos saudades. Deixa história com a participação dos políticos que ele sempre ajudou, desde Joel Saburá Joaquim Taveira e Moacir Djalma Barros, que já nos deixaram e Vivaldi de Oliveira e José de Azevedo, ainda firmes, sempre acreditando em que fazendo política poderia melhorar um pouco nossa Dourados e a vida de nossa região. Partiu, mas deixou uma família unida e tenho certeza que irá continuar o trabalho político de seu patriarca, assim como manter as amizades que fez neste período.
Outro que nos deixou foi o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Dourados, Walter Brandão da Silva. De família tradicional de nossa cidade, esportista, uma pessoa que sempre estava à disposição de quem o procurasse para um conselho. Era tão apaixonado pelo esporte que colocou nome de Beline em um de seus filhos, homenageando o grande defensor de nossa seleção de 1958 e do Vasco da Gama, do qual era torcedor fanático. Colocou o nome de Ubiratan em outro filho, homenageando seu clube em Dourados, do qual foi treinador e presidente.
Walter também foi presidente do Clube Social e político. Pertencia a um grupo político, mas mesmo tendo lado, sabia o que fazia e evitava sair à reeleição. Era vereador um período e em vez de tentar a reeleição, saía o Joel Pizzini ou o Moacir Lamparina apoiado pelo seu grupo. No próximo pleito ele era novamente candidato e com isso não sofria o desgaste da reeleição. Com isso, seu grupo sempre fazia seu vereador e o esporte douradense não ficava sem representação na Câmara Municipal. Estratégia política, mas que dependia do desprendimento daquele que estava no cargo.
Foi treinador do Ubiratan e de seu rival, o Operário, dos quais foi campeão nos dois.
No seu enterro, foram colocadas em cima de seu caixão, as bandeiras do Ubiratan e do Operário.
As musicas tocadas pelo solo do saxofone foram escolhidas por ele, aumentando a impressão que sua presença era viva.
Walter Brandão deixa não só uma família formada e consolidada, mas muitos amigos atônicos, pois tem gente que nunca esperamos que morresse.
Seu cunhado, Walter Carneiro, ex-presidente da Assembléia, fez o discurso em homenagem póstuma, que relembrou e mostrou outras qualidades do Walter Brandão.
A homenagem que seus parentes da Seleta prestaram ao seu ilustre companheiro foi emocionante. Fizeram a chamada de todos os obreiros que estavam e todos respondiam presente. Por ultimo, quando chamaram pelo seu nome e não houve a resposta, muitos não agüentaram e derramaram em lágrimas. Nunca mais iremos ouvir os conselhos, assim como as brincadeiras de nosso amigo. Descanse em paz.
Se hoje tivéssemos políticos com o desprendimento e companheirismo do Walter Brandão, tenho certeza que nossa cidade e região seriam muito mais bem servida de representantes. Em quantidade e qualidade.

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