quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Xodozinho

Braz Melo (*)

No inicio do meu primeiro mandato iniciei uma obra que complementava uma destas obras que marcaram as administrações de nossa cidade.
Na semana passada, falei sobre os lagos e as obras de drenagem do José Elias Moreira. Hoje falo das galerias de águas pluviais que o João Totó da Câmara fez no centro da cidade e que despejava as águas na Rua Cuiabá, entre as Ruas João Rosa Góes e Firmino Vieira de Matos. Esta bacia recebe as águas entre as Ruas Floriano Peixoto e Hayel Bom Faker, vindas desde a Rua Monte Alegre. Chegava ali, na Rua da Liberdade, se não me engano oito tubos de 1200 milímetros. E teve de ser feito uma caixa de dissipação imensa para diminuir a força da água, antes de chegar ao Córrego Rego D’água. Mesmo assim, em virtude da grande quantidade de água, cem metros abaixo já voltava a fazer estrago. A continuação daquela grande obra do Totó logo foi apelidada de Xodozinho, apelido dado pelo meu Secretário de Comunicações da época Valfrido Silva e Harrison de Figueiredo, Secretario de Administração.
Porque Xodozinho? Por que eu não saia dali. Ia cedo, de tarde e de noitinha ver o andamento da obra. Uma obra dessa natureza é como um novo amor, um filho que a gente vai vendo crescer. Na época era meu xodó. Depois vieram outros, porém ninguém esquece o primeiro amor.
Havia disputado uma eleição muito apertada com o José Elias e feito compromisso com os moradores à jusante daquele ponto que iria resolver aquele problema sério, que era a erosão que causava aos bairros Jardim Londrina, Vila Hilda e chácaras abaixo.
Tinha uma senhora, Dona Maria, moradora da Rua Montese no Jardim Londrina, que na campanha eleitoral quase me expulsou de sua casa, quando eu falei que iria resolver aquele problema. A erosão tangenciava sua residência e quando chovia mais um pouco do normal, ela não tinha condições de dormir em casa, com medo das águas levarem sua casa e sua vida. Ela era descrente de todos, principalmente dos políticos. Tinha também um dos Areco que sofria do mesmo mal. Para mim, era compromisso de honra resolver aquele problema.
Naquela época era tudo feito com recursos próprios e não tinham inventado esta parceria entre Governos Federal, Estadual e Município. E o meu primeiro ano foi de organização, porém esta obra iniciou ainda no primeiro trimestre. Fiz um convênio com o Sindicato da Construção Civil e eles contratavam os operários necessários para tocarmos esta obra. Feita com pedras de mão e rejuntada de cimento, depois de feita, virou outra coisa. Tem cara de progresso.
Mais tarde consegui do DNOS uma maquina Clamb Sheld (grande retro-escavadeira) e fizemos a retificação do Córrego Rego D’água desde a rodovia BR-463 até as portas da feira livre, na Rua Cuiabá. Foi uma senhora obra. Na segunda administração consegui um recurso para leva-la até a Rua Leônidas Além, interligando à BR-463, através do BNH- Quarto Plano. Os ambientalistas entraram com uma ação, impedindo que concretizássemos mais uma saída da cidade. Até hoje não entendi o porquê.
Esta obra foi de uma importância tão grande, pois a partir daí tivemos condições de fazer as travessias dos Bairros Jardim Londrina com a Vila Rigotti, da Vila Hilda com o Jardim Água Boa e do Jardim Itália ao Jardim Água Boa, na antiga W-9.
Dourados passava a ser uma cidade interligada em diversos pontos. As pessoas da região do Jardim Itália não precisavam mais subir até a Rua Monte Castelo para irem até o Jardim Água Boa. Os estudantes da Escola Estadual Antonia Silveira Capilé que moravam no Jardim Londrina ficaram muito mais perto de sua escola. Economizavam diariamente mais de três quilômetros de caminhada.
Neste lugar, que na época era inviável morar, hoje estão instalados diversos órgãos, como o Ministério do Trabalho, O Ministério Publico Estadual (Prédio Jose Cerveira), o Centro Homeopático, o Cartório Eleitoral e o SENAC.
A Dona Maria, o Areco, assim como toda a população daqueles bairros puderam, a partir dessa obra, dormir em paz.

(*) Engenheiro civil e ex-prefeito http://estoriasdedourados.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Sou morador do 4º plano, mais precisamenta na antiga W19 ou Vilso Gabiatti como poucos a chamam. Faço diáriamente o trajeto ao meu serviço no centro pelas ruas que margeiam tal obra mencionada neste post.

    Circundo o Pq. Rego D'água e sigo pela antiga W9 ou José Estropa, adentro na Rua Independencia e vou até a Rua Cuiabá. Fico tentando visualizar o trajeto que teria que fazer se essa ligação entre os bairros da cidade não existissem!

    Mas queria alertar que a R. José Estropa está sobrecarregada pelo tráfego intenso de veículos e por uma barreira de barro e água (sabe lá de onde vem)próxima à ponte do córrego que paulatinamente está estragando a pista.

    A R. Independecia é uma verdadeira loteria, pode-se a todo momento atropelar ou ser atropelado por alguém. Falta calçamento, sinalização e quem sabe uma ciclovia que organizasse o grande fluxo de ciclistas, principalmente CRIANÇAS indo para as escolas da região e que possuem pouca instrução de como se comportar no trânsito. Parabéns pelo espaço!

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