quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jingles Políticos

Braz Melo (*)

Hoje vou falar sobre alguns jingles que fizeram historia, principalmente na política. Anteriormente falei dos comerciais que marcaram a nossa vida, hoje relato alguns que foram especiais, ao meu gosto.

A primeira propaganda (na época era chamada assim) que eu tenho noticia foi na volta do Getulio Vargas em 1950, que após ter ficado no poder 15 anos através da ditadura, elegeu um companheiro, o mato-grossense Eurico Gaspar Dutra. A marchinha de Haroldo Lobo e Marino Pinto dizia assim: “Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar.O retrato do velhinho faz a gente trabalhar”. Foi um sucesso. Isso na voz do maior cantor da época, Francisco Alves. Foi a música mais cantada no carnaval daquele ano, preconizando a volta de Getulio Vargas à presidência.

Depois dessa eu só me lembro da musica que foi feita para a campanha do Marcelo Miranda para governador. Acredito que tenha sido a primeira campanha feita em nosso estado, comandada por pesquisas. Tudo era estudado no mínimo detalhe. Criaram uma música que mostrava as belezas do pantanal interpretado pelo cantor mais famoso da época, Sergio Reis, mas já pensando na segunda etapa, que era a campanha eleitoral, já que não podia fazer campanha antes do período eleitoral. Quando todos estavam com a música na cabeça e assobiando toda hora, entrou a letra nova com a mesma melodia: “Marcelo sou eu, Marcelo é você, Marcelo é PMDB”.

Nesta mesma eleição, 1986, Totó Câmara foi candidato ao Senado e contratamos uma agência para fazer as peças do nosso candidato ao Senado, que o slogan foi discutido e escolhido pelo governador da época, Ramez Tebet. “Um filho seu não foge a luta” caiu bem com a luta que travaríamos com o rei do voto da época, Wilson Martins. Totó teve quase 120 mil votos com o jingle “Pra Brasília vai Totó”.

Veio a eleição de prefeito de 1988 e a parada aqui sabíamos que seria difícil, pois iríamos enfrentar um deputado federal, o José Elias que já tinha sido prefeito dos bons e candidato a governador do estado, perdendo a eleição por apenas 20 mil votos.
No inicio poucos acreditavam em nossa vitória, pois no inicio da campanha, as pesquisas mostravam que o José Elias tinha 64% e eu apenas 4%. No final ganhamos por 41 votos de diferença. Trabalhei tanto, que nos últimos dias eu estava com baixa resistência. Eu e meus companheiros tínhamos pegado até sarna. Mas uma das razões desta vitória foi o jingle criado pelo João Carlos Maciel e a Ana Leonor, filha do João Leite Shimidt.

Quando recebi a cópia da musica trazida pelo Doutor George Takimoto e Roberto Djalma Barros, não acreditava que poderia influenciar tanto uma cidade, como depois aconteceu.

Os próprios adversários confessaram mais tarde, que tomando banho, se viam cantando o refrão “por isso eu vou votar no Braz”.

Hoje, vinte e um anos após, muitos ao me verem, antes de me cumprimentar pelo nome, cantam o jingle. Velhos ou novos com vinte e poucos anos.

E o João Carlos que trabalhava na Enersul e era líder do Conjunto Zutrik, ao abrilhantar um baile no Indaiá me fez passar uma vergonha danada. Eu já era prefeito e estávamos todos dançando, quando ele começou a apresentar as musicas de todos os países e lugares. Apresentou a música da Argentina e tocou um tango. Do México tocou Adelita, da Espanha tocou Granada. Da França, La Vie em Rose. E assim foi tocando as musicas de diversos lugares. No final ele me saiu com essa. De Dourados a musica que mais está fazendo sucesso é essa: “Eu vou votar no Braz... Braz, Braz, Braz...Quem não fez até agora, não consegue fazer mais...Por isso eu vou votar no Braz”. E o José Elias, como bom pé de valsa que é, estava dançando com a Dona Adenil. Eu não sabia onde enfiava a cara.

Este artigo dedico ao João Carlos Maciel, um dos autores desse jingle, falecido sábado passado, pois sua musica, além de ter ficado na memória de muitos, até hoje todos que mexem com política a conhecem, cantam ou gostariam de ter inspiração para fazer uma parecida.

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