quarta-feira, 13 de maio de 2009

O segundo mandato

Braz Melo (*)

Depois que eu comecei a escrever muita gente me questiona o porquê do segundo mandato ter sido pior do que o primeiro.
Respondo que quando entrei em 1989 não tinha quase nada em nossa cidade. Faltava escola para quase 10 mil crianças. Em quatro anos acabamos com o déficit escolar. Asfaltamos todas as linhas de ônibus da época, interligamos os bairros, construímos diversos postos de saúde, creches e iluminamos a cidade. Dourados mudou e se tornou uma cidade agradável para se viver.
Na segunda administração, o momento era totalmente diferente. As prioridades eram outras e a mais importante foi o investimento na saúde. Construímos o primeiro posto de saúde publico homeopático do Brasil. Criamos os primeiros núcleos do Programa de Saúde da Família. Deixamos quinze implantados, sem contar os postos de saúde funcionando como relógio e atendendo separadamente daquele programa.
Foi implantado o COEM (Centro de Odontologia Especializada Municipal), o Centro de Oncologia junto ao Hospital Evangélico e feito um convenio com o IDC, proporcionando atendimento a doenças cardiológicas e cirurgias do coração. Só em 1999 foram mais de 200 intervenções. Foram implantados também gabinetes odontológicos em 18 escolas municipais.
Tinha médico que ganhava mais que o prefeito e que atendia feliz e rapidamente. A consulta era agendada por telefone e com presteza. Chegamos a gastar 32% do orçamento com saúde.
Descobrimos que pela formação o medico não é acostumado a ter chefe. Nenhum médico pára uma operação para perguntar ao chefe o que deve fazer. Médico tem de ganhar bem e deve chegar para ele um diagnóstico muito bem feito pelos enfermeiros. E apoiamos em muito o curso de Enfermagem Padrão da UEMS, aproveitando a maioria de seus estudantes como estagiários e internos. Em saúde pública o enfermeiro é peça importantíssima.
Construímos o CEU dos alunos da educação especial para a Pestalozzi, uma das mais importantes obras que fizemos.
Esse e outros trabalhos fizeram com que Dourados em 1999, no segundo mandato, fosse considerada a cidade com melhor qualidade de vida do Mato Grosso do Sul, pesquisa feita pelo BNDES, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social.
A somatória de serviços e obras nas duas administrações ultrapassou 1500 ações.
Quando voltei a ser prefeito houve um interesse muito grande de acabar com qualquer liderança daqui. E eu era a bola da vez.
Esse interesse começou quando fui prefeito pela primeira vez e não escolhi para me substituir o candidato preferido de Campo Grande. Não aceitavam que eu escolhesse um técnico, que acreditava, poderia dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Não aceitaram e a classe política foi toda contra mim. Meu candidato perdeu a eleição.
Depois fui escolhido para vice-governador e trabalhava para que Dourados tivesse voz perante o estado. Já conheciam meu desejo de que o município tivesse maior representação, pois quando prefeito já tínhamos feito um trabalho imenso de mídia para que o douradense votasse em seu conterrâneo. Foi a época que tivemos maior representatividade.
Hoje estamos sem lideres, pois o interesse é que fiquemos divididos. E divididos somos fracos.
E para me prejudicar juntaram os de fora e muitos daqui também, acreditando que o alvo era só eu. Mas eu era só o primeiro. E a fila era grande. Já diminuiu bastante. Mas ainda tem gente nessa fila que achava que ia tomar o meu lugar e que a partir daí só teria coisas boas. Pobres coitados. Cada dia que passa o torniquete é mais apertado contra os nossos pescoços.
Sobre a diferença do primeiro para o segundo mandato só comparam a minha segunda administração com a primeira. Nunca a comparam com a de outros prefeitos. Façam isso e vão ter a resposta.

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