quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Que nem Praga de Madrinha

Braz Melo (*)
Conversando com o Sidlei Alves, o menino da Vila Vargas, que conheço desde que ele usava calça curta em 1982 (Não sou eu que estou velho, ele é que é muito novo), o agora presidente da Câmara Municipal de Dourados me disse da necessidade de mudar a cara daquela casa. E senti nos vereadores, que esse desejo era unânime. Já tive diversos amigos presidentes, mas nenhum me externou tão fortemente este desejo.
E eles têm razão em se preocupar com isso, pois a renovação na ultima eleição foi um aviso para o que pode ser a próxima.
Procurei entender o porquê muitos eleitores, ao serem pesquisados após poucos meses da eleição, dizerem não saber em quem votaram para vereador. Até há pouco tempo eu imaginava que era por esquecimento mesmo. Hoje tenho certeza, que é por vergonha. Vergonha, pois acreditam que eles não fazem nada. Não tem idéia do que eles fazem.
E o que o vereador faz numa cidade? Ele é que faz as leis e fiscaliza o executivo. E as leis no Brasil são modificadas constantemente, diferentes de outros países mais estruturados politicamente.
E o vereador por ser o mais próximo da população, é o que primeiro sofre desse descrédito. É o pára-choque da política.
Analisando historicamente a Câmara de Dourados, lembrei dos presidentes desde quando aqui cheguei. Em 1973 era o Dr. Américo Monteiro Salgado. Cirurgião Dentista que prestava serviço para a prefeitura em um trailer por toda a zona rural. Não conseguiu se reeleger. Depois veio o Moacir Barreto de Souza, o Lamparina. Empresário, sócio da Chevrolet. Aí foi a vez do Pedro Domingos Pereira, o Pedrinho da Vila Vargas. Cartorário e prestador de serviço ao povo de todo a zona rural. Não conseguiram se reeleger.
Veio o Sultan Raslan que no meio do mandato se elegeu Deputado Estadual.
Depois veio Juarez Fiel Alves, Ramão Moacir da Fonseca, Mariano Candido de Arruda, Arquimedes Lemes Soares, Antonio Noreci da Silva e Carlos Roberto Cristino de Oliveira, o Carlão. Já em 1989 foi presidente o Albino Mendes. O Mauro Cruz foi interino e não se candidatou a reeleição. Voltou o Arquimedes, depois o Dorgival Ferreira da Silva, a Bela Barros e o José Carlos Cimatti. Elegeram-se depois presidentes o Raufi Marques, o Joaquim Soares, o Junior Humberto, voltou o Cimatti, a Margarida Gaigher e por fim o Carlinhos Cantor, que foi eleito vice prefeito. Foram 22 presidentes da Câmara e 20 não se reelegeram. Os meus amigos Carlão e Cimatti foram os únicos que fugiram a regra. Por que isso? Talvez por chegarem ao cargo e tentarem resolver os problemas dos outros vereadores e esquecer-se do seu, que é continuar atendendo seus eleitores e munícipes. Ou sendo presidente, este fica com a maior parte da culpa pelo contexto de não ter atendido a maioria da população.
Quando garoto, ouvia dizer que a pior coisa de um cristão é receber praga de madrinha. Acredito que a presidência da Câmara de nossa cidade deve ter recebido esta maldição. Torço para que o menino de Vila Vargas quebre este tabu.
E historicamente aqui em nossa cidade para ser aplaudido pela população (Aplauso em política é voto) o vereador que cresceu politicamente teve de ser oposição ao prefeito. Isso desde o Sultan Rasslan em 1978, o Roberto Djalma, Aniz Faker e Ivo Cersóssimo em 1982 até os PTs e Cia. O nosso atual prefeito é um exemplo vivo e recente desta história. Acabaram deputados. Poucos foram os deputados eleitos pela situação. E os que foram eleitos, ou foi com votos de fora ou com um investimento pessoal do prefeito da época.
O prefeito Tetila, que ficou oito anos na prefeitura e acaba de sair, não conseguiu eleger um deputado ou vereador.
Deus deu o livre arbítrio para nosso cotidiano. E os vereadores é que devem decidir o que acham melhor para eles e para Dourados, mas espero como a grande parcela da população, com cara nova.

Nenhum comentário:

Postar um comentário