quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Prodegran

Braz Melo (*)

Depois da tempestade vem a bonança, diz o dito popular. Depois da geada de julho de 1975, que deixou todos sem saber o que fazer, o governo federal criou em 7 de abril de 1976, o PRODEGRAN- Programa de Desenvolvimento da Grande Dourados. Demorou nove meses para conhecermos este programa que ajudou a desenvolver nossa região.
Na exposição de motivos que criou o programa, visava o aproveitamento da potencialidade agrícola da região sul do estado de Mato Grosso e envolvia naquele ano, 22 municípios, numa área de 84.661 km2 e abrangia cerca de 6 milhões de hectares considerados aptos para as atividades agrícolas e fácil transporte para os mercados do Centro-Sul e exportação. Dessa quantia, apenas 15,3% da área estava ocupada com atividades agrícolas e outros 80 % destinavam-se à pecuária extensiva com baixo nível de utilização de tecnologia.
A SUDECO organizou os subprogramas de armazenamento, energia elétrica (rural), transportes (estradas vicinais), controle de erosão urbana, pesquisas agropecuárias, assistência técnica ao produtor rural, promoção da suinocultura, elaboração de planos urbanos de uso do solo e instalação da Bolsa de Cereais de Dourados.
O governo também investiria em financiamentos subsidiários para plantio e colheitas de grãos, linhas de transmissão e subestações, ampliação da energia elétrica, eletrificação rural, rodovias (No PRODEGRAN se previa a construção de 600 km de estradas troncos até 1979), melhoria do ensino profissional, assim como produção do conhecimento e promoção comercial.
Também foi o início do asfaltamento da rodovia BR-463 (Dourados-Ponta Porã), já que alocou recursos para executar 30 quilômetros nesta rodovia.
O amigo jornalista João Carlos Torraca lembrou-me da festa que foi feita em 9 de abril de 1976, dia que o presidente Geisel veio aqui para fazer o lançamento oficial desse programa. Participaram todos os prefeitos dos 22 municípios, assim como o governador Garcia Neto, senadores Rachid, Canale e Italivio Coelho. A Praça Antonio João estava em obras e o prefeito João Totó da Câmara recepcionou a população com um grande churrasco naquele local. Choveu naquela manhã e era um mar de guarda-chuvas esperando o presidente. Lembro que o “Seu” Joaquim, um dos mais antigos e carismáticos fotógrafos de Dourados, atravessou a segurança do presidente e pulando na frente dele, o mandou parar e pediu para o Geisel sorrir, apontando seu instrumento de trabalho. Foi a maior correria. Quase o prenderam.
Nossa região já estava colhendo perto de 250 mil toneladas de soja graças aos gaúchos, que tinham chegado aqui há menos de uma década e trouxeram as técnicas e ensinaram aos mato-grossenses como e onde plantar este produto. O governo tinha acertado na mosca, pois em menos de 3 anos já estávamos colhendo perto de 800 mil toneladas. A área plantada de soja na região em 1975 era de 14,5% e em 1985 alcançava 62,3%.
Através do PRODEGRAN a região da Grande Dourados passou a ser a 2ª maior produtora de soja e Dourados foi o maior produtor de trigo do Brasil no fim da década de 70.
Durante o PRODEGRAN a região cresceu sua população em uma média de dois dígitos por ano. Pelo movimento causado vieram imigrantes e atraiu os capitais comercial, agropecuário e financeiro, o que acabou ampliando as agências bancárias. Na década de 80 chegamos a ter mais de 20.
Conseguimos a Faculdade de Agronomia, que funcionou na UEMS e Campo Grande apesar de não pertencer ao programa, ganhou a Faculdade de Veterinária. Até hoje não foi implantada a Bolsa de Cereais, mas Dourados virou a capital da Grande Dourados e passou a ser conhecida como o celeiro do Brasil.

Um comentário:

  1. Muito legal este memorando, estou escrevendo a respeito da constituição e desenvolvimento do PRODEGRAN, pelo PIBIC, na UEMS de C.G.Dá uma idéia mais próxima da realidade das pessoas que vivenciaram este momento.

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