quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O Esgoto Sanitário de Dourados (Segunda Parte)

Braz Melo (*)

Quando cheguei aqui em outubro de 1973 o presidente da SANEMAT (Empresa de Saneamento de Mato Grosso) era Dr. Claudio Fragelli, médico e irmão do governador do Estado José Fragelli. No inicio de sua administração tinha encampado o sistema de água e esgoto sanitário de Dourados, na gestão do Prefeito Jorge Antonio Salomão, com o compromisso de além de amenizar a falta d’água, fazer a obra de esgoto sanitário em nossa cidade.
A falta d’água era muito grande, e merece artigos específicos sobre este assunto.
Como falei no artigo anterior, já estava a minha espera o engenheiro agrimensor Teruo Itokaji. Com ele checamos todos os estudos preliminares que a obra merecia. Para auxiliá-lo nas medições contratamos o Eduardo Tiosso Junior, que aprendeu a fazer nivelamentos topográficos.
A primeira etapa era a execução dos serviços na bacia compreendida entre o quadrilátero das ruas Cuiabá, Monte Alegre, General Ozório e Toshinobu Katayama.
A diretoria da SANEMAT dava liberdade para o chefe contratar quem achasse conveniente. E mandaram que eu abrisse uma conta no BEMAT (Banco do Estado de Mato Grosso) para fazer os pagamentos necessários à obra. Como não conhecia ninguém aqui, pedi que a conta fosse movimentada com outra pessoa da confiança da diretoria e me indicaram o chefe do escritório Dr. Domingos Marcondes Terra, que mais tarde tive a alegria de ser compadre dele, batizando sua filha Maria Vitória.
Compramos um caminhão Chevrolet que traria areia de Nova America para colocar no berço das tubulações, já que eram tubos PVC e o nosso terreno era argiloso e precisava desse material para que não esmagasse o tubo. Fazia duas viagens por dia. O motorista era o Nelson. Seus ajudantes eram o Sr. João Lourenço e o Vandico. Conversando com o meu compadre, José Eduardo, o Surdinho, agora aposentado e que trabalhou nesta época como mecânico da SANEMAT, me lembrou que o Vandico era muito bravo e que só andava armado com um facão.
Foi difícil ensinar os profissionais a fazerem o trabalho da execução de uma obra de esgotos. É um trabalho diferente e que tem seus macetes. E Dourados foi a primeira cidade a ter este beneficio nesta região.
A SANEMAT comprou uma retro escavadeira e fizemos o trabalho por administração direta. Contratamos um operador, que como sempre, é o mais marrento. Achamos o Zé Mineiro, que o agüentamos até terminarmos essa primeira etapa. Depois trabalhou o José Leal e o Mario Lores.
Como todos não conheciam do novo trabalho, contratamos o Nelson Rosa, que pela sua dedicação, acabou sendo o encarregado. Hoje vive em Três Lagoas. Também trabalhou o Domingos, o Sr. Hermínio, o Paschoal, o Chico Anta e outros. O José Lisboa e o Fidêncio Cristaldo aprenderam a fazer o trabalho de pedreiro.
Em virtude da topografia de Dourados, esta primeira etapa foi feita de maneira que a SANEMAT economizou quase sessenta por cento de um projeto de esgoto normal, pois aqui, se faz uma rua e pula outra. E as ligações são todas feitas nas calçadas, evitando fazer as redes no outro sentido e economizando também nas escavações. Diminuímos bastante o corte de asfalto.
A parte mais difícil foi o emissário, que descendo na Rua da Liberdade, acompanha o córrego Rêgo D água por todo o fundo do vale até a Lagoa de Oxidação. Como era uma região de solo muito ruim, tivemos de colocar manilhas de barro com dimensões maiores, pela sua pouca declividade e por receber todas as tubulações. Também aprendemos que em terreno alagadiço, como ali, tem outras técnicas a fazer.
Quando o governador Fragelli aqui esteve, na inauguração de diversas obras feitas por sua administração e também do Hotel Alfonso, feita pela iniciativa privada, tivemos a maior dificuldade em executar o esgoto para aquele prédio, pois é o lugar onde a rede quase aflora, na esquina perto da Banca do Jaime.
A Lagoa de Oxidação foi feita na época do Governo Garcia Neto e está localizado onde hoje é o bairro Cachoeirinha.
Faço questão de citar o nome dos funcionários, pois eles merecem ser lembrados pela garra e esforço no desempenho, que sem eles não teríamos feito nada.
Esta é uma obra, dentre tantas, que me orgulho de ter participado da sua execução.

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