segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MARCELINO PIRES, FUNDADOR?

Isaac Duarte de Barros Junior*

Rumando vagarosos para as regiões brasileiras desconhecidas inóspitas, com muitos desses viajantes migrando ainda bem jovens para outros pedaços de chão, diversos foram os valorosos desbravadores, aventureiros e corajosos. A partir da segunda metade do século dezenove, centenas deles viajariam bastante percorrendo os antigos trilheiros, caminhos que lhes conduziriam na longa jornada estafante, até a inexplorada província de Mato Grosso. Um desses aventureiros, naquele século, foi o vaqueiro Marcelino José Pires Martins, nascido no norte paranaense em 1859 num lugarejo denominado Jataizinho da Serra Pequena. Boiadeiro e amansador de cavalos por profissão, ele saiu da sua terra natal para trabalhar com o fazendeiro mineiro Joaquim Tenório Barbosa. Chegou, passado meses, à região de Vista Alegre. Enfrentando várias vicissitudes, fixou-se na zona rural de Maracajú em 1881, onde permaneceu trabalhando alguns anos e ali se casou. Tenório, antigo proprietário rural daquelas paragens, era também o tutor da órfã Eulália Garcia. Com ela Marcelino contraiu matrimonio em 1884 aos 25 anos de idade, a moça só tinha 13. Após o nascimento de sete filhos desse casamento em Maracajú, Marcelino Pires mudou para a Colônia Santa Terezinha, situada no atual município de Itaporã, onde começou imediatamente plantar café. Porém, antes de deixar a velha fazenda Passatempo do patrão Joaquim Barbosa, Marcelino Pires vendeu a metade das terras pertencentes á esposa Eulália Garcia, para o seu irmão Francisco Pires Martins o “Chico Pires” que se mudou para o povoado de São João dos Dourados.
Nesse breve período como vendedor ambulante, Marcelino comprou carreta com uma junta de bois e foi mascatear a domicilio na Serra da Bodoquena. Sabendo da existência do próspero povoado denominado São João dos Dourados, nele adquiriu algumas terras devolutas em 1901 numa área onde hoje está localizado o Parque Alvorada. A posse terminava nas imediações do Colégio estadual Reis Veloso. Daí, a famosa encrenca com o fazendeiro Joaquim Teixeira Alves, que entendia ser parte da sua fazenda Cabeceira Alta adquiridas em 1903, as divisas que começavam no Distrito Industrial e terminavam na atual Praça Antonio João. Nesse tempo, entre 1904 e 1910 Marcelino Pires montou um alambique e vendeu muita cachaça na companhia do genro Albino Torraca. A sociedade da dupla familiar acabou em 1915 quando Marcelino Pires morreu após contrair uma grave doença, cujo tratamento combativo foi realizado pelo seu sobrinho, o médico Dr. Vespasiano Martins, futuro sogro do ex-governador Wilson Barbosa Martins. A filha de Marcelino Pires, Olinda Pires de Almeida, foi casada com um primo da minha mãe por nome Sidinez. Hoje, ambos já são falecidos. Mas essa austera mulher pioneira douradense, um dos seus últimos depoimentos, foi prestado à professora Dra.Maria Goretti Dal Bosco, na presença do filho Ramão. Este era irmão do falecido ex-deputado Edson Pires de Almeida, pois eram dez o numero de filhos, inclusive a caçula Eulália tem o nome da avó. Resolvendo falar a respeito do pai, muito lúcida, disse que “a geada vinha e queimava tudo. Sendo á deixa para virem morar no povoado pequeno, que estava nascendo...”. Então, afinal Marcelino Pires, fundou o que?
Ora, se as terras eram devolutas, naturalmente pertenciam ao estado de Mato Grosso em 1935, inclusive a área do rocio e este na criação do município, comprovadamente foram doadas pelo interventor estadual Mário Correa da Costa. Portanto, nunca existiu nenhum documento de Marcelino Pires e Joaquim Teixeira doando absolutamente nada para neste solo erguer-se um povoado, se existisse, dado a sua importância estaria no museu local. Afinal, quem fundou o município de Dourados?...Teria sido o gaúcho Izidro Pedroso, o primeiro a se fixar com animus domini na zona rural em 1894 na fazenda Lageadinho, proximidades da faculdade de agronomia, onde nasceu Celestina a primeira filha em 1900? Ou seria Januário Pereira de Araújo, ao construir as primeiras cinco casas de alvenaria na zona urbana? Questionamos ainda: teria sido à família Mattos, ao liderar o movimento pró-emancipação?
O fazendeiro Izidro Pedroso era um abolicionista assumido, certamente essa conduta não agradava a sociedade preconceituosa e racista daquela época. O carpinteiro e pedreiro Januário de Araújo foi apenas um humilde construtor de casas na Vila de São João dos Dourados e era avesso á se intrometer em assuntos de política. A inteligente família Mattos, ultimamente, está mais se importando em defender a data precisa da emancipação municipal, da qual foram seus principais artífices. Enquanto prevalece essa estória controvertida, o advogado matogrossense, escritor e historiador Dr. Altair da Costa Dantas, juntamente com o médico douradense Dr. Júlio Capilé, defendem uma respeitável tese, que por discrição prefiro não revelar, mesmo porque comungo do mesmo entendimento. Porém, no momento oportuno, acredito que se esses homens sábios resolverem torná-la conhecida, irá se estabelecer uma grande polemica entre eles e os historiógrafos contumazes modificadores da verdade, uma delas a de criar quilombos.

*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@hotmail.com

3 comentários:

  1. a flha cacula de Olinda Pires de Almeida e Sidinez, nao e a Eulalia, a filha cacula se chama Olinda Pires de Almeida Filha... procure se informar mais antes de escrever qualquer coisa Isaac

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  2. Ola Isaac,
    Sou tataraneta do Marcelino Pires, e em 1901 ele ja morava em Dourados a anos e tinha plantação de erva-mate, pq foi neste ano q minha bisavó e tbém filha dele, Elizarina Pires, nasceu, mais precisamente em 02/01/1901...e ela recebeu o apelido de Bugra, pelas paraguaias q trabalhavam no Babaquá do Vô Marcelino naquela época...procura conversar com mais gente da familia antes dos post´s, ok!!! Bjos

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  3. Meus amores,Marcelino ja pegou o bonde andando,ele é um dos colonizadores e nao fundador de Dourados,so foi mais um dos que encontraram a cidade começando,assim como os portugueses nao sao os descobridores do brasil mas fincaram sua bandeira e tomaram posse...
    Sou descendente desse senhor,e posso lhes assegurar que historias sao bem vindas uma vez que temos de saber nossas origens (ponto final) a unica coisa que herdamos dele foi o sobrenome e as brincadeiras de "onde está a xicara"..
    Minha familia ainda reside em Dourados,depois que venderam a fazenda de Itaporã,meu pai foi assassinado quando era taxista..e a pergunta..
    Que diferença fará na vida dos douradenses se Marcelino Pires foi fundador ou colonizador???
    Porque Pedro Alvarez Cabral chegou em terras brasileiras muito depois dos espanhois e ainda leva a fama...

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