quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Maracanã

(*) Braz Melo
Até hoje, um dos locais que não deve deixar de ser visitado quando for ao Rio de Janeiro, é o Maracanã. Imagina isso na década de 50. Era uma visita primordial.
Quando você chega perto do Maracanã, você já desconfia, pois o movimento é demais. Muitas pessoas, chegando de todas as direções para adentrar em duas entradas. Uma loucura para comprar os ingressos. Parecem sardinhas em latas, de tanto aperto. Antes a gritaria dos cambistas, sempre alardeando que tem os melhores lugares.
Após a odisséia da compra das entradas, entramos e subimos a rampa, onde muitos torcedores gritam e fazem piadas com o time adversário. Acabada a rampa, segue-se através do anel externo e entra num das dezenas de corredores, que leva às arquibancadas do Maracanã. Só aí, levamos susto com o tamanho do estádio. Em virtude dos corredores serem inclinados para cima a sensação de grandeza é ainda maior.
Toda vez que vinha alguém de fora e papai levava ao Maracanã, ele questionava as pessoas em imaginar alguma coisa grande, para depois comparar com o estádio. Sempre as pessoas ficavam boquiabertas com a grandeza e beleza do Maracanã.
A primeira vez que fui lá, foi num jogo Flamengo contra o meu Fluminense. Papai, que era vascaíno, e meus tios Gonzaga e Ozeas, tricolores de quatro costados, me levaram. Lembro que o Flamengo estava ganhando de um a zero e o Dida se machucou, e papai me alertou que era para os zagueiros do Fluminense tomassem cuidado com ele mesmo machucado. Naquela época não tinha substituição. E não deu outra. Ele fez o segundo e o Flamengo ganhou por dois a zero.
Tive a oportunidade de assistir muitos jogos importantes no Maracanã. Fui assistir ao Santos contra o Milan, onde o Pelé não jogou, pois estava machucado, e o Pepe fez um gol de falta, que o goleiro do Milan até hoje está procurando a bola. Lembro que o Amarildo, que jogava no Botafogo, tinha se transferido para o time italiano e ao pegar a primeira bola do jogo, o Almir, que jogava no lugar do Pelé, entrou rachando em cima do possesso. O Santos perdia até o fim do primeiro tempo. Choveu demais no intervalo e a partir do gol do Pepe, de falta, logo no inicio do segundo tempo, fez o Santos virar e ganhar a partida por quatro a dois e se tornar campeão mundial.
Assisti também o jogo Brasil e Inglaterra, em que o Julio Botelho, foi escalado no lugar do Garrincha. Imagina, após ter ganho a Copa da Suécia, o Maracanã receber a seleção brasileira sem o seu maior jogador carioca.
Antes dos times entrarem em campo, o locutor anunciava, através do serviço de auto falantes do estádio, a escalação das equipes. Ao anunciar Julinho no lugar do Garrincha, ouviu-se a maior vaia, que continuou com a entrada em campo e não respeitaram nem o Hino Nacional. Foi a primeira e única vez que vi até o hino nacional ser vaiado. Começou o jogo e a vaia só terminou quando Didi jogou uma bola pro Julinho e ele driblou alguns ingleses e fez o gol. O Maracanã inteiro aplaudiu.
Em 1969 tive a felicidade de assistir ao jogo Brasil e Paraguai, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, ganho pelo Brasil por um a zero, que falam ter comportado mais de 190 mil pessoas no maior do mundo. Tinha gente sentada no colo do outro. Hoje, por motivo de segurança e conforto, tem cadeiras em todo o estádio cabendo menos de 100 mil espectadores.
Dizem que jogadores que não estão acostumados tremem quando vão jogar lá pela primeira vez.
Todo torcedor brasileiro, não importa para que time torça deve conhecer o Maracanã, o maior e mais charmoso estádio de futebol do mundo.

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