sexta-feira, 24 de julho de 2009

VÍNCULOS PIONEIROS...

Isaac Duarte de Barros Junior*

Recebi as minhas primeiras noções da história contemporânea douradense, através de minha mãe, a filha caçula do pioneiro Izidro Pedroso. Hoje, com o passar dos anos, apenas uma velha pedagoga aposentada. Essa mestra da infância me lecionou a ouvir os mais antigos povoadores do município, antes de lançar mãos em comentários a respeito de qualquer lugar desta localidade. Foi sendo escolado assim quando criança, que adulto, passei a escutar os antigos moradores, anotando os causos das famílias pioneiras e os depoimentos dos últimos pioneiros ainda vivos, passando em seguida a transcrevê-los.
Atualmente, sempre que consulto minhas amigas, a Helena de Almeida, irmã do falecido jornalista Julinho Almeida, ou a Solenyr Araújo, filha da professora Silvia e neta do velho Januário, nosso primeiro morador urbano, continuo aprendendo capítulos da história local. Com esse comportamento de aprendiz, junto documentos históricos, muitos deles guardados nas gavetas pelos iniciais moradores, como pedaços da nossa história municipal. Repito esse ritual de conferi-los, através das narrativas abalizadas dessas duas mulheres, douradenses da gema. Todavia, esses documentos, não são apenas histórias contadas pelas suas famílias centenárias como gostam de contestar a verdade irrefutável, alguns aventureiros, recém chegados e sem biografia. Pois as famílias dessas duas, já fazem parte da história, que é imutável. Afinal, estas senhoras, de inegável cultura, integram esta comunidade desde que nasceram.
Porém, analisando também, as condutas dessas pessoas sem vínculos com a nossa história regional e observando determinados políticos sem criatividade, que querem mudar o nome do estado, enquanto outros inventam quilombos na região, questiono se não foi uma grande imprudência darem-se tamanhos poderes representativos para alguns desses próceres. Refiro-me a esses que aqui desembarcaram há poucos anos, enriqueceram rapidamente e tão logo foram guindados em um alto cargo, se acharam autorizados a cometer desmandos na terra inocente e hospitaleira que os acolheu. A qual, a bem da verdade, já se encontrava desbravada, povoada e em pleno desenvolvimento quando eles chegaram. Mas, por azar, foi falando numa linguagem cheia de esperteza, tudo aquilo que o nosso povo trabalhador sofrido queria ouvir, que alguns destes se saíram bem nos palanques, após serem proclamados os resultados das urnas.
Assim, seguindo a trilha das lembranças daqueles honestos viajantes pioneiros que vieram para ficar nestas plagas, dentro do contexto igualitário positivo multirracial quando eles chegaram felizes sob a égide da ordem, vendo suas intenções concretizadas, me dou por satisfeito com os resultados. Mormente, noto que todos os verdadeiros desbravadores eram pessoas na maioria gente simples. Vindos das camadas socialmente mais pobres, esperançosas eles desembarcaram as levas em Dourados, buscando dias melhores. Muitos deles passaram a chamar esta cidade de nova Canaã, alusão feita pelos primeiros chegantes, em homenagem a encantada terra dos versículos bíblicos, onde diziam seus escribas de muitas raças, colhia-se o trigo com fartura e muito mel.
Porém agora, estou preocupado. Porque em breve iremos ter um novo pleito eleitoral, quando democraticamente escolheremos nossa representação de lideres para ocuparem a casa da sabedoria, um palácio que está localizado no planalto central, chamado pelo povo de Congresso Nacional. Desses cargos eletivos, destaco o de senador da república, que já foi ocupado no distrito federal, por homens déspotas, violentos e desonestos, eleitos pelo equívoco popular. A sorte do nosso eleitor, é que eles sempre formaram uma minoria, só fizeram besteiras depois de eleitos e acabaram cassados.
Também, sinto enormes calafrios, porque não consigo esquecer, de outras catástrofes filhas dessa mesma má escolha, na ocasião que plebeus escolheram nomes ancestrais ao desses senhores, indicando-os por suas posses. Ainda fica pior o meu temor, quando recordo tudo que li e de como aconteceram as antecedentes tristes histórias narradas nos livros, envolvendo o povo antigo de Roma das arenas. Acontecimentos que resultaram na queda daquele império. Porque lá na vetusta cidade eterna, o senado teve e experimentou de tudo.
Na verdade, o poderoso império romano só sucumbiu, quando pessoas da plebe, ungiram nos cargos maiores, senadores analfabetos e estes assassinaram os imperadores numa ambiciosa tentativa de golpe. Em síntese, antigamente um romano negociava tudo para ter plenos poderes, mas nunca deixava de ser arrogante e de tentar ser um ditador. Característica que chegou aos dias atuais. Enquanto que os homens ambiciosos de nossos dias, vaidosos, excluídos dos processos eleitorais, estes só se prestam para bagunçar. Vivem a espreita de um descuido dos políticos tradicionais, para pegar nas sobras do poder...


*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@hotmail.com

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