quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Batom dos Meio-fios-23/10/2008

O Batom dos Meio-fios
Braz Melo (*)
Corto o cabelo com o Zé do antigo Salão dos Artistas, em sua barbearia ali na Rua Bela Vista. Toda vez aproveitamos pra relembrar casos antigos. Ele foi um dos primeiros barbeiros que cortou meu cabelo aqui em Dourados ha quase 40 anos. Já cortei o cabelo com o Toninho, o Souza e o Cabral. Cada um em períodos.
Lembrando das primeiras ações na prefeitura, logo me perguntaram como surgiu a idéia de pintar sempre o meio fio com cal, e não só quando vinham autoridades ou tinha desfile em nossa cidade.
Todo mundo sabe que Dourados, por causa da terra vermelha, que representa terra boa, se torna suja, encardida. Imagina aquele tempo, quase vinte anos atrás, com poucas ruas asfaltadas e os ônibus, veículos e bicicletas trazendo toda poeira e barro para o centro da cidade.
Tinha sido eleito, em uma eleição memorável e um dos compromissos era limpar a cidade, que falavam ser a mais suja do Brasil. Precisava dar um choque de limpeza em nossa Dourados. Era compromisso nosso, assim como retirar os camelôs da Praça Antonio João e acabar com o déficit escolar.
Depois de consertar os caminhões d’água que tinha a prefeitura, começamos a operação limpeza, inicialmente pelo centro da cidade.
Combinei com o Egon Simm, Secretário de Serviços Urbanos e Osvaldo Basé, que eram os responsáveis pela árdua missão de limpar Dourados. Foi marcado pra fazer a faxina depois das 10 da noite, para não atrapalhar o comercio e o transito. Foi difícil, mas terminamos antes das 4 horas da madrugada.
Vim em casa, tomei um banho e fui trabalhar. Cheguei na “pedra” (na Avenida Marcelino Pires, entre a Avenida Presidente Vargas e Rua João Rosa Góes), local de encontro de corretores, compradores de gado e pessoas que gostam de saber e falar sobre os últimos acontecimentos da cidade. Parei em frente ao Bar Luchessi. Entrei no papo deles e nem tocaram no assunto da limpeza onde eles estavam pisando. Foi uma grande decepção pra mim.
Saí dali e senti que a limpeza tinha de ter um “algo mais”. As ruas estavam tão encardidas que não aparecia qualquer limpeza. Foi quando surgiu a idéia de pintar o meio fio com cal, pois chamaria a atenção das pessoas que por ali passavam e veriam que foi feita a limpeza do local. Pintura com cal só era feito nos dias de desfiles ou quando vinha autoridade nacional ou estadual na cidade. E isso era uma vez por ano.
Logo fizemos outra lavagem do centro, só que agora com a pintura de cal após.
Não deu outra. No outro dia quando parei o carro em frente ao café, já foram me perguntando qual autoridade viria hoje na cidade. Foi um impacto agradável, para os olhos e também para o amor próprio do douradense.
O mais difícil era limpar a Rua Hayel Bon Faker. Apesar de ter uma turma exclusiva para aquela região e como era muito comprida, ao chegar perto da W-18 sempre chovia e perdia-se o trabalho todo. O Basé ficava bravo, mas com carinho começava tudo outra vez. Eu brincava sempre, que nós éramos pagos pra isso. Nós limpávamos e a chuva, que era tão esperada pelos agricultores, sujava.
A limpeza era constante no centro e entradas da cidade. E periódica nas ruas de Dourados.
Claro que os adversários (naquela época tinham) quiseram botar defeitos e até me apelidaram de BrazCal, BrazTintas e outros apelidos, mas o importante é que a partir dessa época ninguém consegue limpar as ruas sem ter uma lata de cal do lado.
E hoje em todas as cidades brasileiras usa-se a cal como o batom dos meio-fios.

4 comentários:

  1. Olá Braz Melo,
    querido prefeito (ainda no meu coração) da cidade de Dourados.
    Eu lembro desta reportagem que mostrava nossa cidade como a mais suja. Assisti envergonhada aquelas cenas.
    A terra vermelha não era a única culpada da sujeira, o lixo espalhava-se nas calçadas. Um horror.
    Depois, que alegria ver tudo limpo e pintado. Novamente o orgulho de viver aqui e ser daqui.
    Obrigada Braz pelo belo trabalho. Hoje Dourados é outra. ABM (antes de Braz Melo) DBM (depois de Braz Melo).
    Não sou da política, nem tenho partido, apenas uma cidadã feliz e agradecida por cuidar com carinho da cidade que tanto amo...
    Andar pelas ruas limpas, pintadas, alegradas com flores(idéia sua), e em pensamento sorrindo e cantarolando: "quem não fez até agora não consegue fazer mais, por isso eu vou votar no Braz."
    E que venham mais Braztinta(s), Brazcal(s), Brazlimpa(s), Brazpinta(s)...
    Abraços,


    Edivana.

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  2. Edivana, me realizo de ter feito moradores de nossa cidade felizes por morar aqui.Só isso já valeu a pena viver. Obrigado pelo comentario. Dourados é especial. Abraços

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  3. Caro Braz, até que em fim vamos ter um cantinho para as reminescencias de Dourados, Eu que vim conhecer Dourados na década de sessenta, e optei por ela na de setenta, em relação a Cascavél no Pr que tinham o mesmo perfil, e quem não lembra da antiga LEDA do boteco do Ortega de Santo Anastácio como dizia ele, e era quem comandava o teor etílico dos frequentadores, que era o ponto cativo dos finais de semana, certo, fiz amizades, e as que fiz foram sinceras e de qualidade, quem não lembra dos Saldivar dos Renovatos(Dalmário) etc. Hoje ainda percebo que somos vítimas dos bairristas da capital, mesmo que já éramos, desde os tempos cuiabanos, quando as dificuldades eram maiores, dividiu-se o estado, mas parece que a distancia continua, e além do mais, temos (empresários) que ainda usam farol baixo e miopia, e não enxergam um palmo em frente o nariz, senão não estariam brecando a instalação de empresas que não só trariam, como iriam alavancar o progreso douradense, mas graças aos abnegados habitantes desta cidade ela vem mostrando que tem como crescer mesmo sem a ajuda dos que mantem o poder, e é uma pena que os remanescentes políticos pensem mais em ficar massegeando seu égo do que lutar pela cidade, bem, teria mais asunto, vamos deixar para um proximo coment.

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  4. Joel, já conversei com o Dr. Dantas para ele contar este pedaço da estória do nosso futebol após a epopeia de Aquidauana. Por isso é importante este cantinho. Tivemos grandes jogadores e uma linda estória na LEDA. Abraços

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