quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lembranças

Braz Melo (*)

Depois de quase um mês longe do computador, pois ninguém é de ferro, volto à lida para escrever, como faço toda quinta-feira.
Acredito ser importante essa parada de vez em quando, já que a gente acostuma em toda semana escrever um artigo e essa prática passa a ser automática.
Pena que a gente acostuma ficar a toa e isso é ruim. Tenho tido uma preguiça imensa até em pensar. Quanto mais escrever. A gente fica meio enferrujado.
Nasci em Aimorés, Minas Gerais e fui para o Espírito Santo com um ano de idade. Minha cidade natal fazia parte de uma área que era conhecida como Zona do Contestado, já que esta região era requisitada pelos dois estados e ela fica na divisa. A briga entre os dois estados era tanta que o prefeito de Aimorés, na década de 40, pediu ao padre local que ao dar a benção na missa, dissesse: Em nome do Pai, do Filho e de Minas Gerais. Não podia falar em Espírito Santo nem na igreja. Aimorés ficou para Minas Gerais. E o município de Baixo Guandu ficou para o Espírito Santo.
Minha família logo mudou para Colatina, Espírito Santo e lá passei a maioria da minha infância. Como qualquer garoto, fui conhecendo aos poucos o lugar onde morava. Primeiro conheci a minha rua, depois o meu bairro e mais tarde, já de bicicleta, fui conhecer o restante da cidade. Conhecia todas as ruas e becos daquela cidade....
Nesta época conheci Anete, que era minha vizinha e como sempre digo, é minha vizinha até hoje. E uma ótima vizinha.
Com onze anos mudamos para o Rio de Janeiro, mas todas as férias eu passava em Colatina, na casa de meus avós maternos e por isso a grande maioria dos meus amigos de infância é de lá.
Passei o Natal e o Ano Novo com meus parentes lá em Vitória e foi uma ótima oportunidade para colocar as lembranças em dia. Coisas da infância, pois aqueles amigos vêm desse período. De cinqüenta anos atrás.
Como tinha mais de cinco anos sem vermos foi uma alegria recíproca este encontro. Voltei de lá alguns anos mais novo. Pelo menos por uns dias.
Nas nossas conversas, lembramos dos amigos daquela época e constatei que muitos já tinham morrido. Fulano de tal? Morreu. E beltrano? Também morreu. É um susto atrás do outro, principalmente para mim, que moro longe e fico muito tempo sem vê-los. Nesta hora é que a gente vê que estamos ficando velho e o prazo de validade está acabando.
Quem será o próximo? Espero que não seja eu, pois me sinto jovem, apesar dos sessenta já ter chegado. Ainda mais depois de passar duas semanas com ares e caras diferentes. E sendo tratado como príncipe, como tenho sido tratado, espero ir ainda muito longe, apesar de que isso não depende de nós e sim de Deus.
Ficamos mais tempo em Vitória, que é uma ilha e tem em torno de 330 mil habitantes, sendo que a Grande Vitória é composta de mais quatro cidades interligadas, Vila Velha, Serra, Viana e Cariacica com um total de um milhão e quinhentas mil pessoas. Das capitais do país, considero uma das melhores para se viver, pois além de ser ainda uma pequena metrópole, sem grandes problemas de transito é próximo do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Pelas ultimas administrações está sendo muito bem cuidada. Cidade limpa, vista sempre agradável do mar ou morro, povo hospitaleiro e custo de vida relativamente barato para uma capital. Bela cidade.
Volto ao batente e espero que este ano seja melhor do que passou, pois esta é a esperança de todos. Hoje melhor do que ontem.

(*) Engenheiro civil e ex-prefeito http://estoriasdedourados.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário