quarta-feira, 4 de março de 2009

Um pouco de historia e saudades de Ponta Porã

Braz Melo (*)

Ponta Porã, além de Princesinha dos ervais, sempre foi a segunda cidade dos sul-mato-grossenses. Ele poderia morar em Dourados, Campo Grande ou Paranaíba, mas depois de sua cidade, ele elegeria Ponta Porã como a sua preferida. E não era só por ser fronteira com o Paraguai. Muito se dava pelo seu povo hospitaleiro e gentil.
Perdeu este lugar há uns quinze anos, depois que surgiu Bonito no contexto turístico de nosso estado, balneário hoje conhecido e admirado nacionalmente. Atualmente, muitos dos que sempre estavam lá, vão agora para Bonito e Corumbá.
O pantanal nas ultimas décadas foi muito bem vendido através da mídia e até a Copa do Mundo de 2014 merece uma sede em Cuiabá ou Campo Grande por causa desse santuário da natureza.
E como Ponta Porã é o município mãe de Dourados, sempre torcemos por esta cidade de tantas historias de nosso estado. E também é o município que mais contribui com o crescimento demográfico de nossa cidade. De cada oito moradores de Dourados, um veio de Ponta Porã.
Cidade que se tornou capital por pouco tempo, mas que marcou seu nome nas ex-capitais desse nosso Brasil. Assim como Maracaju, foi capital do Território Federal de Ponta Porã na década de 40.
Getulio Vargas através do Decreto-lei n.°5 812 de 13 de setembro de 1943, criou o Território Federal de Ponta Porã e estabeleceu que o mesmo fosse formado pelo município de Ponta Porã (onde foi instalada a capital, apesar do decreto ter sido omisso nesse quesito) e mais outros seis: Porto Murtinho, Bela Vista, Dourados, Miranda, Nioaque e Maracaju. A capital foi transferida para Maracaju em 31 de maio de 1944 (Decreto-lei n.° 6 550), voltando a Ponta Porã em virtude de Decreto de 17 de junho de 1946.
O território foi extinto em 18 de setembro pela Constituição de 1946 e reincorporado ao então estado de Mato Grosso. Seu governador durante os três anos de existência foi o militar Ramiro Noronha.
Durante este periodo Dourados foi contemplada pelo governo do Território com quatro obras: A Usina Termoéletrica Filinto Muller (Usina Velha), a Escola do Jaguapiru (Escola Municipal Pedro Palhano), Escola da Picadinha (Escola Municipal Geraldino Neves Correia) e a ponte de madeira no Passo Torraca.
Em 28 de outubro de 1943, Getulio Vargas criou a Colonia Agricola Nacional de Dourados, o maior evento de desenvolvimento de toda esta região, colocando a disposição de trabalhadores de todo o país e até dos irmãos japoneses, 10 mil lotes de 30 hectares cada, onde realmente concretizou-se a prosperidade desta terra.
Mas voltando aos dias de hoje, sinto saudades daquela Ponta Porã da década de 70.
Saudades das “siestas” após o almoço e das rodinhas de chimarrão.
Saudades de quando íamos aos bailes no Tênis Clube, organizados pela Isolina e João Natalicio, abrilhantados pelas grandes orquestras da época, onde os convidados eram recebidos e tratados como príncipes.
Saudades de quando precisávamos comprar algum equipamento ou ferramenta mais sofisticada e não precisávamos cruzar a fronteira, pois na Casa Tókio tinha.
Saudades dos dias frios e neblina baixa, que há muito tempo nem isso vejo. Ambiente que nos convidava a desfrutar da feijoada especial de sábado no Pousada do Bosque.
Saudades das horas ganhas com as historias do “Seu” Juvenal Fróes. Desde os casos da Mate Laranjeira até o seu entusiasmo por nós, no breve período que fomos vice-governador, termos incluído Ponta Porã em ser passagem obrigatória da Travessia Atlântico ao Pacifico. Eram horas ouvindo e aprendendo.
Saudades do eterno senador Rachid, que já tinha sido médico, vereador, prefeito, deputado estadual, federal, mas que nunca se esqueceu de sua terra e que onde estivesse sempre atendia seu conterrâneo como irmão.

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