quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Vila Rosa (Minha primeira experiência com uma invasão urbana)

Braz Melo (*)

Quem passou outro dia em casa foi o Roberto Djalma. Levou um queijo feito por ele mesmo e relembramos o inicio da caminhada que fizemos juntos na política.
Comecei a fazer política quando ele era vereador e fomos companheiros por todo esse tempo.
Um dos primeiros desafios nosso foi na Vila Rosa. Bairro inteiro que só tinha problemas. Desde as escrituras até a urbanização, pois com as invasões não existiam nem ruas. Parecia um caminho de ratos. Não tinha água nem energia.
A Vila era um empreendimento da Imobiliária Piratininga e que tinha havido uma invasão Com isso, ninguém pagava a empresa e os benefícios não eram feitos pela imobiliária. Mais tarde pude vivenciar diversos tipos dessa maldade. E de muito pouca solução.
Talvez em virtude da falta de maturidade, resolvemos encarar este desafio. Quando a gente não conhece o problema, tudo é fácil.
Inicio da década de 80, o governador era o Pedro Pedrossian e nós do PDS 2, estávamos mais perdidos que filho de perdiz, como dizia meu amigo Cid Mello. João Totó Câmara tinha ido pro PMDB e nós ficamos na legenda, pois a maioria dos companheiros assim quis.
Aproveitamos a vinda do governador em Dourados e conseguimos que ele fosse conosco na Vila Rosa. E uma das condições de ir lá era a não ida do prefeito José Elias, pois era nosso adversário. Pedro aceitou e fizemos uma reunião na única casa de alvenaria do local, a casa do Antonio Raizeiro, que ficava em frente da hoje Escola Municipal Manuel Santiago. Lembro que em poucos minutos depois que o governador chegou, o bairro todo compareceu à frente do local, pois não cabiam na casa.
O presidente da Associação, Seu Joaquim Sales explicou o caso ao governador, e este emocionado, chorou copiosamente. Na volta ao hotel, o Dr. Pedro me falou para procurar o presidente da COHAB e tentar resolver este problema dificílimo. E brincando disse, que se eu resolvesse, ele me indicaria para ser o representante brasileiro na ONU.
Procuramos o Edson Brito Garcia, presidente da COHAB, e ele incumbiu a engenheira Valéria de acompanhar o caso e tentar solucioná-lo. Ela esteve em Dourados e junto conosco começamos a tentar resolver as pendências.
O Atílio Magrini Neto era o advogado procurador do Estado em nossa cidade e nos ajudou muito para a solução do problema.
Tinham casas no meio da rua, como do Joaquim Carroceiro, Sr. Sebastião e do Guerra.
Em poucos dias fizemos a planta do existente e confrontando com o loteamento original, começamos a resolver as pendências.
Dos moradores antigos, a grande maioria já morreu (Joaquim Sales e Dona Maria, Antonio Medeiros, José Leonardo, Peba, Cardoso, o José Cupertino, José Vitor, José Diana, Jorge Santos, Arlindo, o Norberto, Rafael, Sr. Euclides, Chico “Louco”, Pedrinho Charreteiro, D. Lourença, D. Josefa, Valdomiro, e tantos outros), mas conversando com meu amigo Zé Baiano, que com os olhos mareados de lágrimas, colocamos em dia as lembranças.
No inicio todos ficaram meio desconfiados, mas depois que começamos mostrar resultados, a grande maioria passou a confiar em nós. Era uma turma muito boa. Aqueles que mencionei acima, mais o Milton, D. Santa, o Crescêncio, Osvaldo Preto, Adelino, Antonio Pedreiro, D. Chiquinha, José de Matos, Augustinho, D. Neuza, Marcelino, Anísio, João Camilo, José da D. Loría, Sr. Nestor, D. Ramona, D. Creuza, Antonio Galo, D. Maria Paraguaia, Ismael, Davi, D. Carminha e outros que não conseguimos lembrar, participaram dessa historia. Foi a primeira experiência com o problema fundiário urbano em nossa cidade. E a primeira vitória de uma associação com idéias novas. Claro que teve os contras. Mas eram tão poucos, que resolvemos não nominá-los.
A experiência deu certo. Foram resolvidos todos os problemas da Vila Rosa, mesmo tendo de passar apertado uma vez com o José Noko não querendo repartir seu lote, para abrir uma rua projetada.
Todos que tinham escrituras e a imobiliária receberam indenizações. Quem já morava lá recebeu seu lote.
Hoje a Vira Rosa é uma vila com todos os benefícios.
Quando eleito prefeito, oito anos depois desse primeiro trabalho com a população, pude sentir na pele esses problemas de invasões. O pessoal mandava invadir e colocavam o nome da vila até de sua mãe, como foi a Vila Mariana. Assim foi também com a Vila Anete no Canaã 1 e a Vila Mirella, no Cachoeirinha, acreditando que com isso teriam perdão eterno.
Esqueceram que prefeito tem muitas mães. Uma na Terra e outras na boca do povo.

3 comentários:

  1. Sempre acompanho os trabalhos postados neste blog e posso afirmar, com certeza, que quando são de sua autoria são mais interessantes.
    Precisa escrever mais.
    Sugestão: escreva sobre seus companheiros que lhe ajudaram a administrar Dourados, por duas vezes. Onde andam os companheiros mais antigos?

    ResponderExcluir
  2. Sempre acompanho os trabalhos postados neste blog e quando são de sua autoria são mais interessantes.
    Precisa escrever mais.
    Sugestão: Escreva sobre seus antigos companheiros que lhe ajudaram administrar Dourados, por duas vezes, desde o 1º até o último escalão. Onde andam? Fale de todos.

    ResponderExcluir
  3. Sempre acompanho os trabalhos postados neste blog e posso afirmar qua quando são de sua autoria ficam mais interessantes. Precisa escrever mais e cuidar os "pequenos deslises".
    Sugestão: escreva sobre seus companheiros e assessores que lhe ajudaram administrar Dourados, por duas vezes, desde o 1º ao último escalão. Onde andam?

    ResponderExcluir