quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Esgoto Sanitário de Dourados (Primeira Parte)

Braz Melo (*)

Depois de ter acertado a minha vinda para Dourados em 1973, levei Anete e os filhos, Gisella com um ano e dois meses e o Brazinho com dois meses de idade até Vitória para ficarem com seus pais.
Aproveitei para despedir do meu avô paterno. Ao explicar que estava vindo para o Mato Grosso, ele perguntou para que lugar e eu disse que era para Dourados. Ele levantou, e procurando em cima do armário, achou uma pasta onde continha diversas contribuições para a Missão Caiuá. Só agora entendo que foi a primeira vez que puder sentir que Deus estava na frente dos meus negócios.
Muito tempo depois ao visitar a Missão pude constatar através do Reverendo Orlando as contribuições que ele fazia há muitos anos, apesar de morar há mais de dois mil quilômetros daqui e conhecer o trabalho da Missão somente pelos jornais evangélicos.
Peguei o avião no Rio, parei em São Paulo e de lá segui para Cuiabá. Cheguei no dia 9 de Outubro de 1973. Devia ser oito horas da noite, e lembro que quando a porta do avião abriu, senti o calor cuiabano penetrar na aeronave. Fui parar no Hotel Mato Grosso 2, e mesmo vindo do Rio de Janeiro e acostumado às altas temperaturas de lá, senti que não conhecia calor igual.
Fiquei uns doze dias em Cuiabá, conhecendo a estrutura da Sanemat e estudando o Projeto de Esgoto Dourados, assim batizado pelo autor do projeto, Dr. Carlos Rebello.
Fiz também um estudo sobre o aproveitamento do rio Mutuca para distribuir água para Cuiabá, e conheci escavações feitas pelos bandeirantes há 250 anos para o mesmo fim. Descobri também porque o rio chamava Mutuca. Nunca vi tanto pernilongo na minha vida.
Acertado o que tinha em Cuiabá, parti para Campo Grande e daí para Dourados.
Não conhecia ninguém, e aqui já estava me esperando, o engenheiro agrimensor Teruo Itokaji, bamba em levantamento topográfico. Fui hospedar no Hotel Coimbra, hoje Bahamas, e logo trouxe Anete para diminuir meu sofrimento e solidão.
Fui buscar Anete em Campo Grande, e na viagem de ônibus, por não ter povoados no trajeto, era um breu só. Energia elétrica só em Rio Brilhante. Asfalto só até o entroncamento (hoje Nova Alvorada do Sul). Para diminuir o impacto, ao chegar perto de Vila Vargas, menti para ela dizendo que era Dourados. Mesmo assim ela não se abalou. Com pouca energia e casas pelo caminho, ao chegar na Av. Marcelino Pires, com as luzes mais parecendo pequenos tomates, ela exclamou: Isso não é Dourados, é Paris.
Logo no primeiro dia da Anete em Dourados, ao sair do Hotel e ir até ao Supermercado Pegue e Pague, na esquina da Marcelino com João Candido Câmara (onde é hoje a Lojas Riachuelo), ela atolou seu tamanco na lama. Com o tempo descobriu que para andar no barro tem macete.
Nesta época era difícil encontrar casa para alugar. Ficamos uns cinco meses no Hotel Coimbra, até que conseguimos alugar uma casa no BNH 1º Plano, na casa da Josefina.
O escritório da SANEMAT ficava na Rua Santa Catarina (hoje Onofre Pereira de Matos), onde funciona hoje o escritório comercial da SANESUL. Era de tabua e não comportava o Teruo e eu para programarmos a obra. Usamos o escritório do Maury Vasconcelos, que junto com a Ângela sempre nos receberam muito bem.
A firma que eu trabalhava tentou me levar de volta para o Rio. Ofereceram o dobro do salário que eu ganhava para eu voltar. Anete não deixou. Dizia que aqui era nosso lugar. Ela tinha razão.
Começamos a obra do esgoto sanitário pela Rua Firmino Vieira de Matos, esquina com a Cuiabá. Ninguém acreditava que aqueles tubos de 150 milímetros resolveriam a demanda do esgoto. Quanto mais para 15 anos depois.
A primeira ligação foi feita no Hotel Denise e na casa ao lado, onde morava uma funcionária da SANEMAT, a Elisena Muzzi.
Acompanhamos o inicio das medições e conferia com o projeto que o Dr. Carlos Rebello previra. Isso foi a 35 anos, e raramente tem problemas com a primeira etapa do esgoto sanitário de Dourados.
(Continua quinta feira que vem)

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