sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ASSIM NASCEU DOURADOS...

Isaac Duarte de Barros Júnior*

Possuindo enormes florestas verdes, ricas em madeiras e árvores de erva mate, no século dezenove essas matas chegavam até as barrancas do rio Paraná quando se planejou o primeiro mapa geográfico do território municipal douradense. Este município promissor foi desmembrado do município de Ponta Porã no ano de 1935, do qual fazia parte desde os anos dez do século vinte. O período inicial desenvolvimentista douradense começou quando do momento da ocupação das terras devolutas pelos brasileiros sulinos, fato que ocorreu tão logo terminou a guerra do Paraguai e após haver sido celebrado o tratado de Assunção. Esses pioneiros, integrantes da primeira ocupação migratória, sem saber estavam assegurando com as suas presenças físicas a nossa soberania nacional, neste pedaço de chão antes pertencente a Nação Guarani.
Quando o presidente Getúlio Vargas criou a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) nos anos quarenta, a pequena cidade recebeu o seu segundo período fluxo de desenvolvimento através do êxodo provocado pelos colonos nordestinos. Porém, foram as famílias Pires, Teixeira, Pedroso, Mattos, Azambuja, Vieira, Brum, Ferreira, Minhos e Silva, que requerendo terras devolutas, se fizeram as responsáveis pelo nascimento da povoação douradense no final do século dezenove. Essas pessoas migrantes, quase todas vieram ainda muito jovens dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e a maioria do Rio Grande do Sul.
Entretanto, dois fatos importantes aconteceram no final dos anos sessenta e começo dos anos setenta nessa região. O primeiro, bastante promissor, foi a chegada dos agricultores sulinos. O segundo se deu com a presença de alguns aventureiros, que até a história municipal tentaram mudar, se infiltrando nos meandros da política. Pois, maldosamente tipificaram os fundadores da cidade, como sendo pessoas violentas e ousaram estimular a existência de um suposto quilombo no Distrito da Picadinha, algo que jamais existiu, porque em Dourados nunca houve escravos trabalhando ou fugidos de senzalas.
A bem de estabelecer a verdade histórica, devemos esclarecer, que pelo fato dos fazendeiros Marcelino José Pires Martins e Joaquim Teixeira Alves, no inicio do século vinte, iniciarem uma demanda judicial para determinar as reais divisas de suas propriedades, facilitariam nesse litígio, que nelas viessem se agregar centenas de posseiros. Um deles foi o pioneiro Januário Pereira de Araújo, construtor das primeiras cinco casas de madeiras entre os ranchos de sapé já existentes. No meio dessa aglomeração popular, se ergueu a Vila das Três Padroeiras, nome não oficial, que se transformou no Distrito de Dourados por força de lei municipal pontaporanense. A organizada família Mattos, a mais politizada de todas das afixadas, iniciou na década de trinta um movimento local visando à emancipação política administrativa municipal. Isto levou o interventor estadual Mário Correa da Costa a enviar um alto funcionário para esta região, especialmente celebrando a criação do município. Em seguida, numa confraternização popular, uma ata foi assinada por todos os líderes presentes, os mesmos que foram imortalizados numa foto do fotógrafo Raul Frost, no dia 20 de dezembro de 1935.
Esse documento, em seguida, foi transportado até a capital Cuiabá, para que de praxe se produzissem os efeitos legais. Quanto ao dúbio aniversário da cidade, ficam duas hipóteses a ser escolhidas: o dia da cerimônia local e a data da publicação no Diário Oficial do estado. Mas criado o município, os quarteirões e as novas ruas, na época, foram medidos pelos agrônomos Valdomiro Gonçalves e Wlademiro Müller do Amaral. Nessa ocasião, eram entregues sem custos, títulos de aforamento perpétuo para os primeiros moradores urbanos, garantindo-lhes a posse urbana definitiva. A palavra Dourados, pode bem ser identificada como o rio do tenente Antonio João Ribeiro, já que ele passava próximo do forte “dos dourados” onde ele resistiu bravamente aos invasores em solo pátrio. Entretanto, falar desta terra, como a de Antonio João, é produto de desconhecimento histórico de alguns escritores, porque estas terras jamais foram honradas com a sua patriótica presença.
Assim, com a divisão do estado, houve as gestões municipais progressistas e algumas delas certamente não tiveram a aprovação exigente dos munícipes, algo perfeitamente natural. Mas, mesmo assim acontecendo, a cidade de Dourados se tornou a maior cidade do interior. Devido ao grande numero de faculdades e universidades, hoje é considerada como a capital universitária do estado de Mato Grosso do Sul, com a pretensão de se tornar no futuro também num pólo industrial. Em se tratando desta cidade e do seu povo trabalhador, não duvido, porque economicamente já o é há muito tempo...

*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@hotmail.com

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