quarta-feira, 9 de junho de 2010

Está difícil de empolgar

Braz Melo (*)

Há tempos acompanho futebol, mas confesso que há muito tempo não vejo o brasileiro tão desinteressado pela Copa do Mundo como nesta edição. Não sei se é por causa da qualidade dos jogadores convocados ou se entramos em uma nova realidade e que a população está mesmo preocupada é com outras coisas mais importantes.
Desde quando o Dunga deixou de convocar os meninos do Santos Futebol Clube, Neymar e Ganso, parece que toda a população desanimou de torcer. Sabemos que o brasileiro, além de ganhar a Copa do Mundo, ele quer ganhar dando show e mostrando um futebol alegre. Isso vai ser difícil com uma quantidade imensa de volantes (posição de meio de campo que mais defende do que ataca) e sem meias que sabem armar e deixarem os atacantes marcarem os gols.
Eu lembro que ainda garoto assisti a minha primeira Copa, a de 1958. Ainda era apreciado só pelo radio, mas foi uma competição especial. Como só ouvíamos, imaginávamos pela narração dos locutores como tinha sido a jogada. Morava no Rio de Janeiro e mais bonito que a apresentação da seleção na Suécia, só a chegada dos jogadores. Ficamos umas oito horas em pé, aguardando a seleção passar em cima do carro do Corpo de Bombeiros, pois iam ser saudados pelo presidente Juscelino no Catete. Um mar de gente. Quando menos esperávamos, passou. Vimos só de relance, mas valeu a pena.
A de 1962 no Chile foi outro espetáculo. Estudava no ginásio (hoje segundo grau) e juntos com alguns amigos fomos até ao Hotel das Paineiras, perto do Corcovado ver os jogadores se preparando antes de embarcar. E como os funcionários do bondinho estavam em greve, subimos a pé pela linha dos trilhos. Uma maratona para ver Pelé, Garrincha, Didi, Zagalo e outros. Pelé se machucou, mas o Brasil voltou bicampeão.
Lembro como hoje a de 1970. Talvez por ter sido transmitido pela televisão ficava mais fácil de continuar gravada na mente. Até os mexicanos, na partida final, torciam pela nossa equipe. Tínhamos um time fora do comum e jogávamos para frente, como a musica cantada na época: “Pra frente Brasil”. Salve a Seleção. Seleção com letra maiúscula, sim senhor.
Ficamos em jejum muitos anos, mas fomos campeões em 1994 nos Estados Unidos e por fim em 2002 na Alemanha. Times guerreiros, mas principalmente com um futebol alegre, deixando inclusive os que perderam maravilhados com nosso futebol. Nem eles reclamaram, já que reconheciam nossa superioridade. Hoje se fizessem uma musica para esta Copa seria “Segura Brasil”.
Todo mundo sabia a escalação da seleção de cor e salteado. Hoje quem sabe a escalação do nosso time? Só os que trabalham com futebol.
Nestes últimos dias temos assistido os comentaristas de diversos canais de televisão, já na África do Sul, contando tudo que acontece lá. As grandes redes têm se preparados para dar uma apresentação melhor aos seus telespectadores. Investiram um dinheirão para oferecer o melhor para nós que ficamos aqui. Hoje mesmo vi os efeitos das câmeras especiais, onde mostram os lances de diversas maneiras. E em câmera lenta. Coitados dos árbitros. Vai ser uma oportunidade para os técnicos de futebol, e somos 190 milhões deles, para botarmos a boca no trombone.
E esta Copa é uma preparação para a próxima, que será aqui no Brasil. Temos muito que aprender, mas primeiro temos de saber escolher nossos jogadores. Por falar em escolher, está difícil achar um suplente para o Murilo em Campo Grande, como também um vice para o Zeca aqui em Dourados. A política deste ano está igual a nossa seleção. Difícil de empolgar.

Um comentário:

  1. Errei. em 2002 o Brasil foi pentacampeão na Ásia e não na Alemanha. Acreditei na memoria e quebrei a cara.

    ResponderExcluir