Braz Melo (*)
Quando aqui chegamos em 1973, vindos do Rio de Janeiro, três detalhes nos chamaram a atenção em relação à Cidade Maravilhosa.
O primeiro foi a falta de asfalto, chamando a atenção o chão vermelho. Como desculpa, falavam que era sinal de terra boa. Nosso solo só perdia em qualidade para as melhores terras da Ucrânia, dizia o Luiz Carlos de Matos, como se meu amigo fosse um grande conhecedor de solos ucranianos. Mas servia de consolo.
Asfalto só na Avenida Marcelino Pires. Um pouco na Joaquim Teixeira Alves e quase nada na Avenida Weimar Gonçalves Torres. E não tinha galerias de águas pluviais. Toda travessia da Avenida Marcelino tinha duas depressões de mais de meio metro em cada esquina, para que a águas da chuva tivesse saída. As outras ruas eram de terra batida. Ou era poeira no tempo seco ou barro quando chovia.
A outra diferença foi a quantidade de japoneses e descendentes que havia aqui. No Rio quase não tinha semblantes nipônicos. Lá tinha era bastante negros.
Os primeiros nipônicos chegaram aqui com a abertura da Colônia Agrícola e em 1973 já eram grandes comerciantes. Os Yonekura eram donos do supermercado Peg- Pag. Os Sakaguti eram revendedores de maquinas e implementos agrícolas. A Volks era dos Uemura, Myiasaki e do Jose Gordo. Os Massago tinham uma fabrica e loja de moveis e os Fujy negociavam cereais, assim como o patrono dos japoneses da região, Toshinobu Katayama.
O Dr. George Takimoto era o médico mais famoso. Os Yamazaki não ficavam para trás. O Dr. Tadashi era ortopedista conceituado. Os Iguma já eram tradicionais em nossa sociedade, como firma de engenharia e serraria. Mais tarde veio o irmão mais novo, o médico Lauro Iguma. O chefe do Dermat era o Jaime Shimabukuro e o Shinsuke Ono era o chefe do serviço de obras da Prefeitura. Só dava japonês ou nissei. E Dourados deve muito a essa colônia que entrosou e miscigenou com os outros povos de nossa terra, sem nunca perder a cultura de suas origens.
E o outro detalhe que chamava a atenção era a inexistência de urubus. Aqui não tinha nenhum. No Rio de Janeiro era praga. Meu primeiro emprego foi na fabrica de Metanol, na Avenida Brasil e dali eu enxergava o lixão do Caju, o maior bando de urubus que conheci.
Urubu é sinal de sujeira, lixo e podridão, pois se alimentam de carniça . Talvez por isso seja que não habitavam por aqui há trinta e cinco anos. O matadouro municipal, que normalmente chama esses bichos, além de pequeno era bem cuidado e limpo.
Hoje, Dourados está com a maioria de suas ruas asfaltadas. Os nisseis e sanseis continuam em grande percentual e em ascensão, mas os urubus, que não tinha nenhum, tomaram conta de nossos céus, principalmente na região do Distrito Industrial.
Querem saber de onde vem esse fedor? É só seguirmos os urubus que chegaremos de onde vem este crime ao meio ambiente e a saúde publica.
A fedentina que exala no fim da tarde está insuportável e as autoridades precisam tomar providencias urgente, pois é caso de policia o que está acontecendo. Está sujeito a ter uma epidemia nos bairros mais próximos daquele local.
Temos vergonha dos que nos visitam. Vamos explicar o quê? E quando vamos visitar alguém em suas casas, ao sentir o maldito fedor, normalmente olhamos a sola do sapato para ver se pisamos em algum cocô de gato ou cachorro pelo caminho.
Quando a tarde chega, aí ninguém tem vontade de comer, pois o cheiro insuportável tira a fome. Precisamos de solução ou será que estão esperando os urubus descerem em nossos quintais, para ver que a coisa é séria?
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