Braz Melo (*)
Tenho assistido muitas estórias e conversas sobre política local ultimamente. Teve até um encontro sobre a participação de Dourados na representatividade política de Mato Grosso do Sul. Muito importante, porém quem precisava estar lá, não foi. Talvez por não terem sido convidados com certa antecedência. Ou não acreditaram no projeto em si.
E lá assisti o pronunciamento de diversas pessoas e autoridades que pelo menos, uma me impressionou demais. O do Prefeito de Dourados que em seu discurso disse que vai apoiar os dois senadores que vão ganhar. Que ele não apóia aquele que vai perder. Levei um susto, discordei, mas imaginei que tinha sido apenas um desabafo momentâneo. Só que passado alguns dias, ele continua externando esse seu pensamento em todos os cantos de nossa cidade. Dá a impressão que ele tem uma bola de cristal para saber bem antes, o que vai acontecer somente em outubro.
E uma dos mais importantes predicados da política é o companheirismo. Sem esse predicado, não se vai muito longe.
Lembrei, quando prefeito pela primeira vez saiu candidato a Presidente da Republica o saudoso Ulisses Guimarães. Homem que tinha trabalhado durante sua vida inteira pela democracia e que tinha acabado de presidir a comissão que aprovara a nova Constituição, que foi um marco de avanços em nossa lei maior. Pois este grande brasileiro não conseguia um local para se apresentar em nosso Estado para fazer comícios. A Prefeitura de Campo Grande estava nas mãos do PTB de Ludio Coelho que como a grande maioria dos prefeitos apoiava o Collor e perguntaram para mim se tinha como fazer um comício para o nosso candidato do PMDB em Dourados.
Apesar dos poucos pontos que o Ulisses tinha na disputa com Collor, Brizola, Covas e outros tinham na pesquisa, fizemos uma carreata e um grande comício para nosso candidato. Perdeu em Dourados como em todo o Brasil, mas tivemos a alegria de ter acreditado num projeto dentro de seu partido e com companheirismo.
Tempos depois, ao ir a Brasília atrás de recursos, encontrei com o Senhor Constituição como era conhecido, na entrada do Congresso Nacional. Perguntei a ele se lembrava de mim e ele sem muitas delongas me abraçou e me disse que não poderia esquecer de um prefeito de uma cidade grande que conhecia seus concidadãos pelo nome e muitos até pelo apelido.
Meses depois, Dr. Ulisses, ao saber do casamento de minha filha mais velha, fez questão de vir ao mesmo, agradecido pelo trabalho que fizemos para ele, quando candidato.
O exemplo está no dia a dia da política. Brizola no Rio de Janeiro, até na ultima semana a pesquisa dava ele como derrotado. Eu mesmo, quando saí candidato contra o José Elias, em abril de 1988, tinha 4 por cento contra 65 dele. Se eu não dependesse dos companheiros em acreditar naquele projeto, não teria conseguido aquela grande vitória.
Devido a necessidade de precisarmos que a região de Dourados tenha mais representatividade nos cargos políticos, inclusive de cargos nunca conseguidos anteriormente, é muito importante que o mandatário da maior cidade da região acredite neste projeto.
Não se deve entregar o jogo antes do jogo acabar. Muito menos antes dos times entrarem em campo.
A história da eleição de Senador casada (escolha de dois senadores) nos mostra que aquele que sai na frente, normalmente perde a eleição. Ganharam as eleições os dois candidatos que fizeram o trabalho em conjunto.
Temos de acreditar sempre quando a causa é justa e importante para nós, pois como diz o ditado popular: “Quem morre na véspera é peru.”
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