Isaac Duarte de Barros Junior*
Os desconhecimentos de detalhes ou dos pormenores passados, algo especial que os argumentos consideram ser fato histórico, podem ser preenchidos com exaustivas prudentes análises. Porque esses dados basilares tão essenciais, agora transformados em publicações pelos historiadores, se abrolhados com as informações motivadoras de estudos envolvendo pesquisas dos acontecimentos passados, devem realmente se tornar livros, não opúsculos supostamente contendo a verdade. Principalmente, quando neles surgem algumas grosseiras alterações em se tratando da história douradense, que só não resultou mais trivial, graças aos depoimentos prestados pelos últimos pioneiros vivos, a escritores e jornalistas ponderados. Ocorre que o frenesi temerário dos desinformados, posando de historiógrafos, gente sem qualquer retentiva, insiste produzir embustes, jactanciosamente mudando passagens do alvorecer municipal. E fazem-no, mesmo que afrontem as famílias tradicionais, falseando a saudosa memória dos nossos fundadores.
Não possuindo o Legislativo Municipal, melhor atilamento nas homenagens ali prestadas, muitos jovens vereadores bajuladoramente reverenciam conspícuos cidadãos mortos, emprestando precipitadamente os seus nomes a praças e logradouros. Geralmente, os arrojados parlamentares assomam impetuosamente na tribuna da edilidade, fazendo suas costumeiras clássicas leituras de currículos póstumos dos homenageados. Todavia, enquanto corriqueiramente as vassalagens advêm no âmbito municipal, pioneiros autênticos que já prestaram impagáveis serviços a cidade, são esquecidos. Resultando dessa falta de melhor agudeza, escolas públicas receberem nomes de analfabetos, enquanto os falecidos burgueses chegados recentemente tornam-se repentinamente denominação de suntuosas avenidas em bairros nobres. O interessante desses nomes mudados por força de projetos legais aprovados unanimemente, é que embora transcorridos vários anos desde as mudanças dessas designações, essas ruas ainda continuem lembradas originariamente por seus antigos nomes, não obstante possuam novas placas indicativas. Todas inoportunamente, foram rebatizadas por alguns edis e simplesmente continuaram sendo mencionadas pelos seus títulos originais.
Uma das estresidas experiências humanas veste-nos de inconformismo, como possuidores que somos do privilégio de haver registrado cenas passadas e ter convivido entre pessoas extraordinárias hoje perecidas, conquanto já transcorridos mais de doze lustros na coletividade que nascemos e vivemos. Mister implicitamente, portanto, se faz complementar a defesa dos verdadeiros pioneiros olvidados. Assim pensando, analisei curiosamente um gráfico urbano da cidade de Dourados, com antonomásias e nomes recentemente modificados colocados em logradouros, que pudessem intencionalmente distinguir as lembranças dos aquilatados pioneiros. Para meu espanto, poucas alamedas e praças ainda carregavam na denominação de via pública inaugurada, quaisquer alusões a esses antigos habitantes douradenses. Cheguei a pensar na hipótese, de ter acontecido alguma iniqüidade proposital em desfavor dos desbravadores, tal era o meu espanto.
Pois numa cidade moderna, reconhecido centro universitário sul-mato-grossense, essa conduta seria inaceitável, mesmo que nela comunitariamente os novos residentes e seus lideres políticos, ignorassem ou desejassem ignorar a biografia dos antigos habitantes, pessoas que foram consideradas as responsáveis pelos primeiros passos dados rumo ao desenvolvimento existente. Essa extravagante nova ordem social habitacional, fosse mais assisada, jamais deveria tencionar colocá-los na vala comum dos deslembrados. Inclusive, afastando-os da consideração principal que merecem e da importância adquirida pelos ingentes feitos labutadores, que praticaram como homens e mulheres, construtores do passado local. Intensas homenagens públicas, na veracidade, lhes deveriam ser tributadas, ao menos de vez em quando para festejá-los. E mesmo que a história seja conhecida como o abrigo de relatos contendo informações nem sempre exatas ao serem transmitidas, se permitirmos que ela seja deturpada por douradenses adotados, conhecendo-a, seria uma atitude negligente...
*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@ Hotmail.com
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