sexta-feira, 29 de maio de 2009

HISTÓRIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE DOURADOS.

Takeshi Matsubara (*)

Em meados de 1999 eu era secretário da Associação Médica da Grande Dourados, quando começou o movimento para a criação da Faculdade de Medicina em Dourados. Havia na época, 2 faculdades particulares, uma de Marilia-SP e outra de Presidente Prudente -SP, que estavam interessados em se estabelecer em nossa cidade com esse curso. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, através do seu reitor da época, Jorge João Chacha, e do Professor Wilson Biazotto, diretor do CEUD, viabilizaram 50 vagas do curso médico a ser transferido para o Campus de Dourados. Criou-se então um movimento, liderado pela Associação Médica para viabilizar o curso em nossa cidade, pela universidade pública. Seis médicos, diretores da Associação, Dr. Leidniz Guimarães, Dra. Denise Nemirovsky, Dr. Alexandre Cassaro, Takeshi Matsubara, Dr. Eduardo Marcondes e Dr. Raul Espinosa Cacho, juntamente com a Professora Dirce Ney, do Departamento de Educação da UFMS, elaboraram todo o projeto pedagógico, a grade curricular, as disciplinas, enfim, toda a estrutura do curso.
Houve um movimento da Classe médica de Campo Grande, através do Conselho Regional de Medicina, Associação Médica de Mato Grosso do Sul e Sindicato dos Médicos do Estado, que puseram notas na imprensa, pois eram contrários à abertura do curso de Dourados e da Medicina da Uniderp em Campo Grande. A sociedade organizada de Dourados, reagiu e saiu às ruas, e o reitor da UFMS, numa entrevista à Grande FM, confirmou a implantação do curso.
A Associação Médica de Dourados, que abraçara a causa desde o começo, teve vários colegas que se ofereceram como professores voluntários. Já eleito presidente da Associação eu pude liderar esse movimento. O curso dispunha de uma verba mensal de R$ 12 mil. Vejam bem, uma Faculdade de Medicina que dispunha de uma verba irrisória, quando faculdades particulares cobram mensalidades de 3 mil reais por aluno. Enquanto uma Faculdade de Medicina como a de Presidente Prudente arrecada em torno de R$ 1.800.000,00 por mês com sua mensalidade, a faculdade de Dourados dispunha de DOZE MIL REAIS POR MÊS!!! Ou seja, não havia dinheiro para nada, e os professores bancavam do próprio bolso, todo o material para dar aulas, impressos, lâminas para aulas no microscópio, material didático, etc. Davam aula de GRAÇA e ainda bancavam o material. Isto pouca gente sabe nos dias de hoje. Ao longo dos 6 anos da Faculdade, 60 médicos trabalharam totalmente de graça, juntamente com outros professores cedidos pela UEMS, curso de Biologia da UFMS, Agronomia, etc. As aulas eram dadas usando salas de aula emprestado de diversos cursos, como Agronomia, Biologia, Enfermagem da UEMS, Fisioterapia da Unigran, etc.
Nesse ínterim, muda a direção na UFMS, sendo eleito reitor o Professor Manoel Catarino Peró, e como ele era de um grupo rival ao do Professor Chacha, fez de tudo para inviabilizar o curso de Medicina de Dourados. Eu e a dra. Denise Nemirovsky estávamos quase todas as semanas em Campo Grande, brigando por material didático, por recursos, por melhores condições de ensino.
No terceiro ano do curso, a crise se agudizou, com a total falta de apoio da Universidade e do seu diretor local, que continuaram o boicote ao curso. Chegou-se a um ponto, que o curso estava na iminência de fechar e levar suas 50 vagas anuais para Campo Grande, o que todo mundo de lá queria. Os alunos saíram em passeata pelas ruas da cidade, pedindo apoio da comunidade. Faixas foram afixadas pelos comerciantes, apoiando o curso de Medicina de Dourados. Mas a UFMS continuava seu jogo pesado de tentar fechar o curso e os alunos começaram a pensar em se transferir para diversos cursos em escolas públicas pelo Brasil.
No quarto ano do curso, mais crises, com falta de professores, de salas de aula, de hospitais para os alunos aprenderem a parte prática, e muitos professores se desdobraram, dando aulas (sempre de graça) para diversas turmas em diferentes disciplinas.
Em 2004, no quinto ano da primeira turma, o curso chegou ao seu ponto crítico, quando uma equipe do Globo Repórter veio até Dourados, para gravar uma matéria sobre nosso curso, em contraste com a abundância de professores e condições didáticas dos alunos do curso de Medicina da Escola Paulista de Medicina de São Paulo. Aquilo mexeu mais ainda com o brio dos alunos, dos professores e dos pais pois uniu todo mundo no objetivo de levar adiante, custe o que custasse, a Faculdade. Os alunos foram fazer o internato, ou seja a parte prática do curso, em diversos hospitais e voltaram para se formar e concluir o curso.
Pronto. Estava definitivamente estabelecido o curso médico de Dourados. Formada com imenso sacrifício, com muito choro e ranger de dentes, os alunos se fortaleceram de uma tal maneira, que da turma de 50 alunos, quase 40 deles foram aprovados nas provas de residência médica nos melhores serviços país afora. Um índice de 80% de aprovação em residência médica, quando a média nacional é de 15-20%. Os alunos deram a resposta ao esforço dos seus professores e deles próprios. A Faculdade de Medicina de Dourados hoje é a melhor do Estado, nas provas do ENADE. Supera os alunos de Campo Grande, em pontuação.
A primeira turma me prestou uma homenagem que muito me emocionou, ao me eleger patrono da turma. Foi uma época em que eu estava numa dureza financeira de dar dó, e não pude sequer oferecer uma festa para eles.
Mas, baixada a poeira, ao se avaliar o passado, fica a certeza de que valeu a pena. Aliás, valeu muito a pena. Este curso foi fundamental para viabilizar a criação da Universidade Federal da Grande Dourados. Sem ela, nós viveríamos eternamente sob a ameaça do pessoal de Campo Grande, que sempre boicota tudo que é relacionado ao crescimento de Dourados. Hoje, a Universidade dispõe de milhões de reais, e finalmente foi criado o bloco da Saúde, com salas de aulas, laboratórios de anatomia, bioquímica, histologia, patologia, etc. O Hospital Universitário finalmente passou para o comando da UFGD. O Hospital da Mulher e o Hospital do Trauma estão na iminência de serem transferidos também para a Universidade Federal e assim, finalmente, podemos ter a residência médica em Dourados. Com este curso, dezenas de professores, com mestrado e doutorado, transferiram-se para Dourados, para substituir-nos (os “pica-fumos”) e viabilizar uma verdadeira escola médica de Dourados. Com isso tudo, casos que eram transferidos para Campo Grande e outros grandes centros, passarão a ser tratados aqui mesmo, facilitando a vida para os usuários. A cidade de Dourados ganha mais ainda, pois os pacientes de toda a região são tratados aqui, mesmo nos casos mais graves e isto cria condições para se fazer pesquisa científica e gerar mais conhecimento.
Esta faculdade é a prova viva de que quando existe vontade, vontade férrea, podem meter pancada, jogar sujo, chantagear, fazer o que se quiser, mas a verdade e a justiça prevalecerá. Os médicos de Dourados deram a prova de que uma categoria, quando visa um bem maior, consegue obter a vitória, desde que o objetivo seja justo e nobre. Parabéns, médicos de Dourados! Parabéns pais, pois juntos choramos muito pela continuidade deste curso. E, principalmente, parabéns, alunos. Vocês são a nossa taça da vitória, o nosso troféu! São a prova viva de que tudo isso valeu a pena!

médico, ex-professor de Pediatria da UFGD
Extraído do blog: takeshimatsubara.blog.terra.com.br

Jingle Jogos Abertos Dourados 1999

 Carlos Fabio - Jingle Jogos Abertos Dourados 1999

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Maratona do Fogo e a Festa Junina.

Braz Melo (*)
Está de volta a Maratona do Fogo. Apesar da administração do PT ter acabado com este evento que era tradicional no calendário esportivo sul-mato-grossense, esta maratona continua sendo a mais antiga do Brasil.
Enquanto a de São Paulo é a 15ª e será realizada no próximo domingo, a daqui será a 23ª, programada para 29 de junho. O ideal seria a data ser uma semana depois da de São Paulo para aproveitar os atletas que vão até lá. Como é a Corrida de Reis de Cuiabá, que é realizada uma semana após a São Silvestre. E em poucas edições já conseguiram cobertura da Rede Globo.
No ano que vem, a Funced deve verificar o calendário das corridas de todo o Brasil, para aproveitar melhor as datas.
Este corrida é uma homenagem ao Corpo de Bombeiros Militar e foi idealizada na administração Luiz Antonio Alvarez Gonçalves para comemorar o dia do Bombeiro, que é 2 de julho. Sempre era realizado no primeiro domingo de julho, justamente para homenagear estes bravos soldados do fogo. Este ano será no dia 29 de junho, dia de São Pedro. O primeiro domingo de julho era para não coincidir com as festas juninas feitas na cidade, principalmente da Vila que tem seu nome.
Fico feliz, pois estaremos novamente na rua vendo e torcendo pelos maratonistas que aqui vêm participar. E vai voltar a ter a largada em Fátima do Sul, percorrendo o Barreirão e passando pelo Distrito de Indápolis e Vila São Pedro, chegando até a sede do Corpo de Bombeiros, nos altos da Avenida Presidente Vargas.
Como sugestão seria importante ter prêmios separados para os atletas da região. Seria um maior incentivo a participação dos conterrâneos. E levava mais torcida para a rua.
A realização da Funced deste ano terá o apoio da Fundesporte, Prefeitura de Fátima do Sul e Prefeitura de Dourados.
Tenho certeza que a administração da Fundação de Cultura e Desportos de Dourados vai começar um novo ciclo de realizações que há muito não se via. O Antonio Neris, o Rilvan e o Goiaba têm planos especiais para que o órgão volte a ser novamente atuante.
Agora no mês de junho será a vez da Festa Junina, que vem desde a época do José Elias. É a mais antiga festa popular de nossa cidade. Inicialmente era feita na Praça Antonio João, mas como todo ano acabava com a praça, transferimos para o pátio do Estádio Douradão.
Nas minhas administrações trouxemos artistas conceituados para animar esta festa, juntamente com a prata da casa. Vieram Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Moacir Franco, Mario Zan, Amado Batista e outros. Só não conseguimos trazer o Dominguinhos, pois a festa daqui coincidia com a festa junina no Nordeste e ele até hoje não anda de avião.
No governo do PT quanto tempo ficou o Teatro Municipal sem ar condicionado funcionando? Quem foi na posse do Prefeito, Vice e Vereadores no dia primeiro desse ano devem lembrar-se do caldeirão de calor que estava lá. Hoje o ar condicionado já esta funcionando. Parabéns a Funced.
Como já estamos chegando a seis meses de administração, esse é o inicio. Tem muita coisa para ser feito. O Museu, a Usina Velha, o Pavilhão de Eventos Mauro Rigoti, o Concurso de Fanfarras, o Encontro de Corais e os esportes populares, como o futebol, futsal, vôlei, basquete e handebol.
Como a Funced é um órgão independente, mas que depende de verbas e apoio da Prefeitura tem de haver um entrosamento muito bom entre as partes, pois não existe secretário ruim com prefeito bom ou vice-versa. É uma equipe. Só tem sucesso se toda engrenagem funcionar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Detalhes de uma cidade.

Braz Melo (*)

Quando aqui chegamos em 1973, vindos do Rio de Janeiro, três detalhes nos chamaram a atenção em relação à Cidade Maravilhosa.
O primeiro foi a falta de asfalto, chamando a atenção o chão vermelho. Como desculpa, falavam que era sinal de terra boa. Nosso solo só perdia em qualidade para as melhores terras da Ucrânia, dizia o Luiz Carlos de Matos, como se meu amigo fosse um grande conhecedor de solos ucranianos. Mas servia de consolo.
Asfalto só na Avenida Marcelino Pires. Um pouco na Joaquim Teixeira Alves e quase nada na Avenida Weimar Gonçalves Torres. E não tinha galerias de águas pluviais. Toda travessia da Avenida Marcelino tinha duas depressões de mais de meio metro em cada esquina, para que a águas da chuva tivesse saída. As outras ruas eram de terra batida. Ou era poeira no tempo seco ou barro quando chovia.
A outra diferença foi a quantidade de japoneses e descendentes que havia aqui. No Rio quase não tinha semblantes nipônicos. Lá tinha era bastante negros.
Os primeiros nipônicos chegaram aqui com a abertura da Colônia Agrícola e em 1973 já eram grandes comerciantes. Os Yonekura eram donos do supermercado Peg- Pag. Os Sakaguti eram revendedores de maquinas e implementos agrícolas. A Volks era dos Uemura, Myiasaki e do Jose Gordo. Os Massago tinham uma fabrica e loja de moveis e os Fujy negociavam cereais, assim como o patrono dos japoneses da região, Toshinobu Katayama.
O Dr. George Takimoto era o médico mais famoso. Os Yamazaki não ficavam para trás. O Dr. Tadashi era ortopedista conceituado. Os Iguma já eram tradicionais em nossa sociedade, como firma de engenharia e serraria. Mais tarde veio o irmão mais novo, o médico Lauro Iguma. O chefe do Dermat era o Jaime Shimabukuro e o Shinsuke Ono era o chefe do serviço de obras da Prefeitura. Só dava japonês ou nissei. E Dourados deve muito a essa colônia que entrosou e miscigenou com os outros povos de nossa terra, sem nunca perder a cultura de suas origens.
E o outro detalhe que chamava a atenção era a inexistência de urubus. Aqui não tinha nenhum. No Rio de Janeiro era praga. Meu primeiro emprego foi na fabrica de Metanol, na Avenida Brasil e dali eu enxergava o lixão do Caju, o maior bando de urubus que conheci.
Urubu é sinal de sujeira, lixo e podridão, pois se alimentam de carniça . Talvez por isso seja que não habitavam por aqui há trinta e cinco anos. O matadouro municipal, que normalmente chama esses bichos, além de pequeno era bem cuidado e limpo.
Hoje, Dourados está com a maioria de suas ruas asfaltadas. Os nisseis e sanseis continuam em grande percentual e em ascensão, mas os urubus, que não tinha nenhum, tomaram conta de nossos céus, principalmente na região do Distrito Industrial.
Querem saber de onde vem esse fedor? É só seguirmos os urubus que chegaremos de onde vem este crime ao meio ambiente e a saúde publica.
A fedentina que exala no fim da tarde está insuportável e as autoridades precisam tomar providencias urgente, pois é caso de policia o que está acontecendo. Está sujeito a ter uma epidemia nos bairros mais próximos daquele local.
Temos vergonha dos que nos visitam. Vamos explicar o quê? E quando vamos visitar alguém em suas casas, ao sentir o maldito fedor, normalmente olhamos a sola do sapato para ver se pisamos em algum cocô de gato ou cachorro pelo caminho.
Quando a tarde chega, aí ninguém tem vontade de comer, pois o cheiro insuportável tira a fome. Precisamos de solução ou será que estão esperando os urubus descerem em nossos quintais, para ver que a coisa é séria?

A Perimetral Norte

Braz Melo (*)
Nos últimos meses temos assistidos a uma discussão imensa sobre o trecho que desvia o transito pesado de dentro de nossa cidade.
A perimetral Norte foi idealizada a quase 20 anos atrás, quando no meu primeiro mandato (1989 a 1992) sentimos a necessidade de projetar esta artéria que evitaria caminhões passarem por dentro de Dourados.
As estatísticas do DNER (hoje DNIT) na época informavam que o fluxo de veículos na entrada/saída de Dourados passava de 7.500 veículos/dia. Mais do que a entrada de Campo Grande. E uma boa parte desses veículos era obrigado a passar pelo centro da cidade para ir até Itaporã, Maracaju, Jardim, Bonito e Bela Vista. Era o caminho mais curto.
Na época foi feito um estudo preliminar e o desvio passaria pelo travessão do Castelo e chegaria até a Avenida Presidente Vargas, pela Rua Suécia (chegava até a Escola Municipal Pedro Palhano). Dalí iria até a cabeceira do Laranja Doce e passaria pelo hoje Hospital Universitário e iria até a BR-163, na entrada da estrada de Laguna Carapã.
Muita coisa mudou desde esse tempo. O Governador Wilson Martins asfaltou a estrada de Rio Brilhante a Maracaju (que passou a ser a nossa grande perimetral norte) e o Governador Pedro Pedrossian fez o asfalto de Douradina a Itaporã (a menor perimetral norte). Com isso a maioria dos caminhões que vinham de São Paulo e passavam em Dourados para irem até Maracaju e Bela Vista passaram a usar a rodovia Rio Brilhante - Maracaju, com isso economizando muitos quilômetros em relação ao trajeto por Dourados. Por isso hoje são poucos os veículos que fazem o trajeto passando por Dourados vindo de Rio Brilhante..
Em compensação, as rodovias de nosso estado que ligam nossa região ao Paraná foram ampliadas e melhoradas as existentes. Diminuíram as distancias para o sul passando por aqui. Com isso aumentou o fluxo de caminhões em Dourados para esta região.
Em conversa com o Asturio Dauzaker há meses, já externei essa idéia e creio que a Prefeitura de Dourados já tem noção de quantos veículos fazem esse trajeto. É só fazer a estatística em frente a escola Pedro Palhano, que vão ver que a grande maioria dos caminhões que passam por ali vão e vem do Paraná e sul do Brasil.. Acredito que mais de 90 %.
O trecho da perimetral mais importante hoje é a Noroeste, que liga a Avenida Presidente Vargas à Avenida Guaicurus, na rotatória que liga o Hospital Universitário. O governo já está fazendo a ligação deste trecho com a rodovia que vai para Laguna Carapã. Além de passar mais veículos, é a ligação de duas rodovias estaduais. Obrigação do Governo Estadual.
No outro trecho, ninguém vai fazer 14 quilômetros de rodovia para passar poucos veículos por dia. Creio que este primeiro trecho (o Nordeste) deve ser diminuído, entrando ali perto do Monumento ao Colono e passando pelo Canaã 1, atravessando o Laranja Doce na Vicinal que chega na rua Suécia ou até entrando na Rua D. João VI. E talvez deixado para uma segunda etapa.
Além de estar duplicando a Rodovia que liga Dourados a Itaporã, o que vai congestionar ainda mais a Avenida Presidente Vargas, o Governo do Estado tem de dar solução para esse problema. Quando começaram a falar em duplicar esta estrada não pensaram no transtorno que causaria na entrada de Dourados, assim como a de Itaporã, que será necessário um desvio também.
Não adianta fazer a duplicação da rodovia Dourados-Itaporã sem ter saída do fluxo dos veículos nas pontas dos trechos. Se terminarem esta obra sem as perimetrais (a de Dourados e de Itaporã) vai só piorar o fluxo de veículos nestas cidades.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Centro Homeopático de Dourados

Dr. Takeshi Matsubara (*)

18 de maio de 1992 foi fundado o Cento Homeopático de Saúde Pública de Dourados, “Dr. Santiago Martinez dos Santos,” numa edícula na Rua Antonio Emilio de Figueiredo. Era uma casa que tinha um problema crônico no telhado e, toda vez que chovia forte, inundava tudo por dentro. Mas, foi um embrião de um projeto visionário, liderado por vários médicos homeopatas da cidade e que contou com o apoio do então prefeito, Brás Melo, que foi um grande incentivador do projeto.
Ao longo dos anos, ele foi mudado para, como dizia o Dr. Archiduque Fernandes, a b... (região glútea) do Centro de Saúde Tipo A até que, em 30 de janeiro de 2000, ser inaugurado em prédio próprio, no segundo mandato do prefeito Bráz Melo.
Ao longo desses dezessete anos, ele serviu para fornecer material para diversas teses de mestrado e doutorado de vários autores de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro; serviu também para estágio de diversos alunos formados no curso de homeopatia de Campo Grande, que tinham lá suas aulas teóricas,, mas a parte prática, concluíram no Centro Homeopático, cujo volume de atendimento, contribuiu decisivamente para a grande qualidade dos médicos formados. Seu projeto serviu de inspiração para que outros centros homeopáticos fossem criados pelo Brasil afora, como Juiz de Fora, Vitória, Rio de Janeiro, Volta Redonda, etc.
Através da liderança natural do Dr. Archiduque, juntamente com o Dr. Ailton Salviano, dr. Nelson Kozoroski, Dra. Maristela Menezes, Dr. Carlos Cesar Gazal Mahmoud, dr. Takeshi Matsubara dra, Alice Kozoroski, Dr. Laidenss Guimarães, dra. Heliá, Dra. Eliane, dr. Sérgio Marra, vários médicos, ao longo dos anos, compartilharam, com dra. Waldenil Carneiro Rolim, psicóloga, e vários funcionários, a honra e o privilégio de poder trabalhar num local onde se respira homeopatia.
O Centro Homeopático tratou milhares de pacientes ao longo desses anos, gratuitamente, pelo Sus, contribuindo para a difusão da homeopatia em nossa cidade e região. Apesar de todas as campanhas difamatórias que a Rede Globo desenvolveu ao longo dos anos, ela não conseguiu abafar e acabar com essa especialidade, pois seus resultados falam mais alto que todo o preconceito e desinformação, inclusive de diversos médicos e cientistas, cujo desconhecimento sobre o tema, aliado ao racionalismo exacerbado, contribuiu para fomentar essas campanhas negativas. Como dizia o dr. Archiduque, contra fatos não há argumentos. O fato é que os pacientes melhoraram, não precisaram mais tomar remédios aos montes, as crianças com asma não precisaram mais tomar corticóides, fazer inalações de madrugada, as infecções de garganta sararam sem nenhuma injeção, antibióticos ou anti-inflamatório, somente tomando aquelas “bolinhas de açúcar”. Isso formou uma legião de fãs, que, boca-a-boca, foi divulgando a homeopatia e o Centro Homeopático.
Realmente, é incrível que, passados tantos anos, ainda existam pessoas que desconheçam a existência do Centro Homeopático. Mal sabem elas que este foi o primeiro centro dedicado exclusivamente à homeopatia no Brasil. Que, nos Congressos de Homeopatia pelo país, ele seja uma referência sempre citada. Nós douradenses, padecemos de uma baixa auto-estima, pois não valorizamos nossas riquezas. Este é, com certeza, mais um motivo para nos sentirmos orgulhosos de aqui morarmos. Esperamos que o nosso prefeito, que está se mostrando tão afeito a desfazer, a desconstruir e até mesmo destruir obras dos políticos anteriores, seja tocado pelo espírito da construção e da reforma, para ampliar e divulgar essa obra que pertence a todos nós.

* médico

QUILOMBO?...

Isaac Duarte de Barros Junior *

Os aventureiros desbravadores oriundos de diversas regiões brasileiras, inclusive do exterior, foram alcunhados na linguagem dos costumes quando aqui desembarcaram, de forasteiros, pelos nativos há cinqüenta anos antes já assentados. Esses povoadores iniciais, principalmente os do período precursor ao desenvolvimento da Vila de Dourados, chegavam no fulgor da juventude, cheios de sonhos ambiciosos. Aqueles que lhes sucederam e ajudaram nessa empreitada de ocupação, foram apelidados de colonos e os antigos nativos grileiros, na maioria ex-combatentes da guerra do Paraguai, foram tipificados como os pioneiros. Cada um desses grupos, aqui chegou para viver e morar, formados de pessoas esperançosas e sonhadoras. A maioria desempenhou bem os serviços simplórios de arar, como renomados trabalhadores braçais. Todos esses indivíduos, homens e mulheres, em suas respectivas épocas fixaram com suor do rosto e labuta diária, o seu lugar de destaque na história sul-mato-grossense e regional.
Antropologicamente, comentando essas efemérides douradenses, impõem-se sob o angulo apurador da verdade histórica, esclarecer alguns dos aspectos factuais inventados de haverem acontecido durante o desbravamento em detrimento dos acontecimentos reais, estes modificados maldosamente e fomentados por ONGS oportunistas desencontradas da história local. Sem usar das malévolas utopias e estórias forjadas ultimamente pela alquimia maquiavélica nos gabinetes políticos, ocupados neste momento por outros forasteiros, ironicamente investidos nos cargos pelo voto popular, precisamos restabelecer o curso da verdade. Basta de iniciativas como estas que estão se tornando comuns na região, grassando com danosas dúvidas históricas os parcos conhecimentos dos habitantes migrantes, jocosamente qualificados de serem os menos informados e de fácil indução.
Como exemplos, dessas useiras bobagens criadas possivelmente por ONGS, geraram e esparramaram a famigerada notícia da suposta existência, em tempos idos no distrito da Picadinha, de escravos do regime malacafento que espancava seres humanos através de feitores, caçando-os como se fossem animais fugidos, auxiliados pelos conhecidos capitães do mato. Apurando-se a verdade na plenitude, nunca se soube que estas paragens abrigassem tal horror ou mesmo uma senzala, a useira vergonha amaldiçoada do século dezenove que manchou a biografia do império brasileiro. Primeiro, porque o Paraguai foi o único país sul americano a não ter escravos, e até o dia 1 de março de 1870, estas divisas nacionais não pertenciam ao território do Brasil. Assim sendo, este pedaço de solo que hoje habitamos, eram terras paraguaias.
Quanto aos negros “voluntários da pátria”, terminada essa guerra genocida sul americana, na condição de heróis, todos os negros guerreiros foram alforriados. Libertos, por força de lei escrita, esses soldados da cor do ébano retornaram das sangrentas batalhas travadas em solo guarani, como ex-combatentes e vencedores. Alguns desses bravos permaneceram morando por aqui, se casaram e tiveram filhos. Ora, se na época da escravidão não havia negros fugitivos nesta região mato-grossense, como se explica a besteirol impertinente dos quilombolas na Picadinha?
Afrodescendentes, pasmem os críticos e leitores, recentemente iniciaram um movimento quilombeiro nessa localidade, colidindo com provas documentais arquivadas e fatos incontestes pesquisados pelo Instituto Histórico sul-matogrossense. Praticaram, com essas irresponsabilidades impetuosas, sem tomarem as devidas cautelas salutares de apuração da real e verdadeira história dessa época, deturpações significativas dos acontecimentos regionais datados desde a abertura do século passado. Fez-se nesse gesto absurdo, de preservar um suposto quilombo, fossem verdadeiros o fato de ter ele existido, uma justa tentativa. Acredito até compreensível, analisando os interesses dos seus autores.
Porém, quero crer, fazendo esse empreendimento impulsivo, praticaram uma violência imerecida, porque é o que desastrosamente estão fazendo com a memória de um dos maiores amigos negros de meu abolicionista avo materno Izidro Pedroso, in casu, o negro tropeiro analfabeto Desidério Felipe de Oliveira, ou simplesmente “compadre Desidério”, maneira como meu avo o identificava amistosamente, por força de uma afetiva amizade, feita desde a data quando ele passou conduzindo uma boiada pela fazenda lageadinho. Dia também, da sua primeira passagem por Dourados.
Desidério, data vênia, senhores vilipendiadores da história douradense, era um homem livre e honrado e nunca foi escravo de ninguém, assim como a sua digna prole. Desidério Felipe de Oliveira, por direitos documentados cartorialmente em Nioaque e Ponta Porã, adquiriu a sua propriedade na Picadinha usando os meios normais e legais, os utilizados plenamente como faria qualquer cidadão requerente de terras devolutas da república brasileira.Portanto senhores criadores de quilombos, recolham-se a dignidade do silencio e procurem “plantar” quilombos bem longe daqui, mas muito longe mesmo, de preferência nas cidades e regiões de onde alguns dos senhores articuladores desse absurdo vieram...

* advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_isane@hotmail.com

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O segundo mandato

Braz Melo (*)

Depois que eu comecei a escrever muita gente me questiona o porquê do segundo mandato ter sido pior do que o primeiro.
Respondo que quando entrei em 1989 não tinha quase nada em nossa cidade. Faltava escola para quase 10 mil crianças. Em quatro anos acabamos com o déficit escolar. Asfaltamos todas as linhas de ônibus da época, interligamos os bairros, construímos diversos postos de saúde, creches e iluminamos a cidade. Dourados mudou e se tornou uma cidade agradável para se viver.
Na segunda administração, o momento era totalmente diferente. As prioridades eram outras e a mais importante foi o investimento na saúde. Construímos o primeiro posto de saúde publico homeopático do Brasil. Criamos os primeiros núcleos do Programa de Saúde da Família. Deixamos quinze implantados, sem contar os postos de saúde funcionando como relógio e atendendo separadamente daquele programa.
Foi implantado o COEM (Centro de Odontologia Especializada Municipal), o Centro de Oncologia junto ao Hospital Evangélico e feito um convenio com o IDC, proporcionando atendimento a doenças cardiológicas e cirurgias do coração. Só em 1999 foram mais de 200 intervenções. Foram implantados também gabinetes odontológicos em 18 escolas municipais.
Tinha médico que ganhava mais que o prefeito e que atendia feliz e rapidamente. A consulta era agendada por telefone e com presteza. Chegamos a gastar 32% do orçamento com saúde.
Descobrimos que pela formação o medico não é acostumado a ter chefe. Nenhum médico pára uma operação para perguntar ao chefe o que deve fazer. Médico tem de ganhar bem e deve chegar para ele um diagnóstico muito bem feito pelos enfermeiros. E apoiamos em muito o curso de Enfermagem Padrão da UEMS, aproveitando a maioria de seus estudantes como estagiários e internos. Em saúde pública o enfermeiro é peça importantíssima.
Construímos o CEU dos alunos da educação especial para a Pestalozzi, uma das mais importantes obras que fizemos.
Esse e outros trabalhos fizeram com que Dourados em 1999, no segundo mandato, fosse considerada a cidade com melhor qualidade de vida do Mato Grosso do Sul, pesquisa feita pelo BNDES, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social.
A somatória de serviços e obras nas duas administrações ultrapassou 1500 ações.
Quando voltei a ser prefeito houve um interesse muito grande de acabar com qualquer liderança daqui. E eu era a bola da vez.
Esse interesse começou quando fui prefeito pela primeira vez e não escolhi para me substituir o candidato preferido de Campo Grande. Não aceitavam que eu escolhesse um técnico, que acreditava, poderia dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Não aceitaram e a classe política foi toda contra mim. Meu candidato perdeu a eleição.
Depois fui escolhido para vice-governador e trabalhava para que Dourados tivesse voz perante o estado. Já conheciam meu desejo de que o município tivesse maior representação, pois quando prefeito já tínhamos feito um trabalho imenso de mídia para que o douradense votasse em seu conterrâneo. Foi a época que tivemos maior representatividade.
Hoje estamos sem lideres, pois o interesse é que fiquemos divididos. E divididos somos fracos.
E para me prejudicar juntaram os de fora e muitos daqui também, acreditando que o alvo era só eu. Mas eu era só o primeiro. E a fila era grande. Já diminuiu bastante. Mas ainda tem gente nessa fila que achava que ia tomar o meu lugar e que a partir daí só teria coisas boas. Pobres coitados. Cada dia que passa o torniquete é mais apertado contra os nossos pescoços.
Sobre a diferença do primeiro para o segundo mandato só comparam a minha segunda administração com a primeira. Nunca a comparam com a de outros prefeitos. Façam isso e vão ter a resposta.

terça-feira, 12 de maio de 2009

BR 163...

Isaac Duarte de Barros Junior *

Imprimindo um passo apressado na cavalgada, esporeando a monta nas ancas e objetivando chegar antes do escurecer ao próspero povoado comercial da paróquia de Entre Rios (Rio Brilhante), era seguindo essa rotina, que os nossos cavaleiros de trote seguro, deram a sua preciosa parcela para o desbravamento regional. Conduzindo cuidadosamente centenas de caravanas e trazendo pessoas procedentes de Campo Grande, eles percorriam a nossa região escoltando passageiros corajosos, enfrentando obstáculos e perigos. Como guias e seguranças, esses homens fizeram o primeiro serviço de vigilância, escoltando gente por muitas léguas, no estradão da terra vermelha batida, um trilheiro traçado desaparecido. Tudo isso aconteceu a mais de um século, quando tropeiros armados, exímios atiradores em feras se necessário, transitaram em lombo de cavalo conduzindo viajantes, na maioria, comerciantes destas plagas.
No começo do século vinte, os inaugurais mercadores da nossa cidade, tinham o costume de partir do centro urbano douradense de madrugada e realizarem compras diversificadas naquela povoação fundada pela férrea vontade do mineiro Antonio Gonçalves Barbosa, o “gato”. O fato desse ato, deu-se mais ou menos por volta do ano de 1835. Embora esse lugarejo modesto fosse considerado distante para os padrões da época, ainda assim, a pequena cidade de Entre Rios foi exaustivamente procurada pelos mascateiros douradenses, pois era considerada uma paragem maior e de comércio abastado em grãos, tecidos e remédios.
Nesse tortuoso caminho, muito antes das máquinas niveladoras abrirem as rodovias em 1950, não havia lugares seguros para serem colocados a disposição dos viajantes e era bastante comum esse percurso estradeiro, ser feito com a duração de um a dois dias. Geograficamente, nos referimos à rodovia BR 163, estrada atualmente considerada como o principal corredor de escoamento dos grãos e da pecuária sulmagrossense. Esse pedaço de rodovia, batizado popularmente como a estrada de Dourados a Rio Brilhante, está bem diferente do longo caminho poeirento daqueles dias. Atualmente, em questão de minutos, completa-se a rota num automóvel. Entretanto, o viajante de outros tempos distantes, só conseguia chegar ao povoado de Entre Rios, depois de transpor enumeras dificuldades naturais, quando então atravessava as densas matas, sulcava rios sem pontes e córregos caudalosos profundos.

Nesse período, o pioneiro cavalgador só chegava ao meio do dia num entreposto comercial nas proximidades da futura Vila Sapé e ali ele desencilhava o cavalo na sombra, ao lado de um coxo preparado e cheio d’ água , onde o animal primordialmente era bem tratado pelo dono. Todavia, somente depois dessa atitude cuidadosa de lida campestre costumeira acontecer, é que o cavaleiro das estradas rústicas, já descansado, ia almoçar tranqüilo numa taberna miscelânea de boteco com pensão. A pior etapa dessa viagem pioneira cansativa, iniciava justamente nas imediações desse lugar ermo. Essa região, era cheia de animais selvagens e foi conhecida como a paragem onde começava o sapezal. Passados muitos anos, ali se ergueram diversos ranchos cobertos de capim sapé, daí o nome da localidade.
Muitos comentários nascidos desse episódio pioneiro, rolados de boca em boca pelos povoadores das vilas daqueles tempos idos, foram misturas de estórias e lendas. Contavam os antigos, que a florescente povoação douradense, foi um dos motivos estagnantes do crescimento populacional no município de Entre Rios, que 1943 passou a ser denominado município de Caiuás. Seu desenvolvimento, só foi retomado novamente pelas autoridades estaduais a partir da primavera de 1948, quando recebeu o nome definitivo de município do Rio Brilhante. Verdadeiras ou não essas estórias antigas, são as que ouvi a respeito do suposto fracionamento urbano e rural da cidade de Entre Rios do Francisco Cardoso. Mas, o certo é, que nesse ínterim vieram morar em Dourados, João Rosa Góes e sua sobrinha nascida naquele povoado em 1919. Trata-se da nossa recém falecida escritora, dona Ercília de Oliveira Pompeu.
Na seqüência desenvolvimentista empreendida pelo governo estadual de Mato Grosso, foi criada a Comarca de Dourados em 1946. Assim, outros dois inesquecíveis filhos de Rio Brilhante, transferiram as suas bancas para a nossa cidade e aqui abriram os seus respectivos escritórios. Desse modo, para sorte dos douradenses, ganhamos do município ainda vizinho nas divisas, os advogados Dr.José Cerveira, que se tornou deputado estadual e prefeito municipal. Incluindo nessa leva de migrantes riobrilhantenses, adotamos o também inesquecível Dr.Ayrton Barboza, nomeado posteriormente promotor de justiça, cargo que ocupou até sofrer um atentado em sua residência, uma casa de madeira que existia na Rua Rio Grande do Sul (Weimar G. Torres).
Diziam as boas línguas desses falecidos falantes pioneiros, que a vinda desses dois grandes homens para Dourados, deu-se graças ao exercício das habilidades políticas progressistas do também advogado Dr. Weimar G. Torres. Se esse fato histórico realmente aconteceu, eu não sei se foi assim mesmo que eles se deram. Certo é, que o Procurador Dr. José Cerveira, entrou para a política do velho Mato Grosso, meio envolvido pelos convites do deputado federal Weimar Torres e quanto ao Dr. Ayrton Barboza, foi um hábil criminalista em vida, inclusive escreveu memoráveis artigos para este jornal, com o qual colaborou desde a sua fundação em 1951...

* advogado criminalista, jornalista.
e-mail : isane_isane@hotmail.com

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Monumento ao Colono

Braz Melo (*)
Dourados teve diversos estímulos para seu desenvolvimento, porém um dos mais importantes foi a criação da CAND, Colônia Agrícola Nacional de Dourados em 28 de outubro de 1943. Quarenta e cinco dias após de ter sido criado o Território Federal de Ponta Porã, em 13 de setembro de 1943 pelo governo de Getúlio Vargas.
Engraçado é que o decreto do territorio foi feito tão rapido que esqueceram de determinar sua capital. Somente em 31 de maio de 1944 pelo Decreto-Lei No 6.550, foi indicada Maracaju. Mais tarde Ponta Porã passou a ser capital.
Com isso trouxe oportunidade para mais de 10.000 famílias se instalarem nesta Colônia dentro do município de Dourados. Acredito que mais de 30 mil pessoas. Hoje fazem parte deste empreendimento espetacular de nossa região os municípios de Dourados, Douradina, Fátima do Sul, Vicentina, Jateí, Gloria de Dourados e Deodápolis.
Para se ter idéia do progresso que isso representa é só imaginar que precisaríamos de mais de dez empresas como a Seara, a maior de nossa cidade, para igualar o beneficio de nossa CAND. Veio gente de todo o Brasil e inclusive japoneses que ajudaram a desenvolver nosso estado.
Por isso, ouvindo os mais antigos, dentre eles Harrison de Figueiredo, Ciro Azambuja e outros, resolvemos homenagear aqueles que ajudaram a construir esse rincão.
Fizemos a estátua do Getulio Vargas na rotatória da Av. Presidente Vargas com Joaquim Teixeira Alves. Uma homenagem ao idealizador deste projeto. Colocamos a estátua como se o Getulio ficasse olhando na direção da Colônia Agrícola.
Mas precisávamos fazer uma homenagem aos colonos, que deram seu suor para esta terra. Foi quando surgiu a idéia de construir um monumento aos colonos.
No projeto original da cidade já existia aquela rotatória, mas que não tinha sido construída. Como o marco Zero (onde iniciaram as locações topográficas da CAND) ficava a poucos metros daquele local, resolvemos construir o Monumento ao Colono naquele local.
Foi feita a licitação para o projeto e a idéia era fazer uma escultura estrutural onde o povo douradense agradecesse a Deus pela colônia, que trouxe tanto desenvolvimento para a região. Ganhou o arquiteto Luis Carlos Ribeiro, que fez esse lindo projeto e por ser comunista, diz que as mãos levantadas são em agradecimento aos céus.
Na inauguração, com a ajuda do meu amigo Ciro Azambuja, que trabalhando no INCRA e conhecendo a colônia como a sua palma da mão, homenageamos todos os colonos ainda vivos, que tinham recebidos seus títulos diretamente da CAND.
Inicialmente falaram que as mãos levantadas queriam dizer “Chega de Gaucho”. Não pegou. De terem o apelidado de mão do Braz, para mim é motivo de reconhecimento por ter sido idealizado e feito em minha administração. Tive preocupação quando fiz o túnel do Parque das Nações de apelidarem, como fizeram em São Paulo, com o buraco do Ademar.
Feliz é o administrador que deixa obras e serviços que fica marcado perante a população.
Hoje o sentido desse monumento é para mim muito mais importante, pois quando seu time marca um gol, os torcedores levantam os braços. Para abençoar uma pessoa, também. Mais que isso, representa a saudação a todos que aqui chegam e saem, já que os braços e mãos levantadas são sinal de saudação, alegria e benção.
A Bíblia relata que na guerra entre Israel e Amaleque em Êxodos 17:11: “Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque”. Neste caso, Moisés representa o Monumento ao Colono e Israel representa Dourados.
Agora, por favor, troquem as lâmpadas de iluminação queimadas há mais de oito anos no Monumento ao Colono, para que ele possa abençoar a todos. Dia e noite.

A festa da lingüiça de Maracaju.

Braz Melo (*)
Neste fim de semana prolongado, aproveitando o feriado de 1 de maio na sexta feira, foi realizado a 15ª festa da lingüiça de Maracaju. Esta festa se tornou tradicional, não só pela continuidade do evento, mas também pela sua organização. Por isso hoje tem o apoio dos Governos estadual e federal.
Desta vez, antes fizeram a apresentação desta deliciosa iguaria em Brasília e especialmente ao Presidente da Republica. Dizem que foi um sucesso.
Maracaju teve seu desenvolvimento inicial pela persistência de seus fundadores, a maioria mineiros, que trouxeram de sua terra o conhecimento e o gosto por essa comida, que em virtude da grande quantidade de gado existente aqui, mudou de carne suína como era feita em Minas para carne de gado, que para a sua maior durabilidade, usava-se carne de primeira.
O primeiro período de desenvolvimento de Maracaju foi em meados da década de 40, quando foi criado o Território Federal de Ponta Porã, cuja primeira capital foi indicada Maracaju e também da construção da estação de ferro da Noroeste do Brasil. De Campo Grande para se chegar a Dourados, tinha de vir de trem até esta cidade.
Outro período foi na década de 70 com a chegada dos gaúchos em todo o sul de Mato Grosso.
Já na década de 70, quando tínhamos necessidade de telefonar mais rapidamente, quantas vezes saíamos de Dourados, para fazer um telefonema para Cuiabá ou São Paulo de Maracaju. O serviço de lá era bem mais confiável. Aqui só melhorou quando implantou o sistema de micro ondas.
Na época da divisão, Estado de Maracaju foi o primeiro nome a se pensar ao novo estado. Talvez por causa da serra de Maracaju, principal relevo de nosso estado. Depois queriam Estado de Campo Grande, mas acabou sendo Mato Grosso do Sul.
Parabéns aos organizadores e aos que até ali foram, e consumiram mais de 20 toneladas de pura lingüiça maracajuense.
Vendo isso, fico pensando porque lá tem o apoio de todos os órgãos e aqui em Dourados não querem deixar sua comercialização?
Eu que sou mineiro, fico louco atrás de um queijo caipira e ninguém fabrica mais. Requeijão nem se fala.
Infelizmente aquele queijo feito pela D. Neuza, que vendia domingo lá na feira, nem pensar. E ela fabricava uns tipos diferentes, com ervas e tudo. Uma delicia.
O Carlão, Seu Benedito e Haroldo, que vendiam na quarta feira os queijos caipiras na feirinha do BNH 1º Plano, estão proibidos de vender.
O engraçado é que existe no organograma da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comercio do município, o SIMD (Serviço de Inspeção Municipal de Dourados), que em convênio com SIE (Serviço de Inspeção Estadual) tem poderes e autorização de fomentar, fiscalizar e autorizar a venda desses artigos feitos artesanalmente em nosso município. E isso há mais de 15 anos foi instituído na nossa primeira administração.
Será que temos de trazer o pessoal de Maracaju para voltarmos a aprender como se faz uma lingüiça, queijo, iogurte ou requeijão?
Acredito que logo a Prefeitura colocará seus técnicos em campo para termos novamente em nossos açougues e feiras livres, lingüiças, queijos caipiras, requeijão sem serem cremosos e feitos pelos nossos agricultores, sem pensar em trazer de fora os produtos industrializados.
Temos de dar apoio aos nossos conterrâneos que há muito ganhavam a vida trabalhando e comercializando a obra prima e seus derivados do campo.
Com a palavra a Secretaria de Agricultura, Indústria e Comercio de Dourados, para com a boa vontade que conheço ter o Peralta, resolver este problema.